Aos 28 anos, Jair chegou ao Vasco no auge da carreira. Depois de quatro temporadas no Atlético-MG, onde conquistou todos os títulos nacionais, o volante trocou Minas Gerais pelo Rio de Janeiro em busca de novos desafios e com sede de ser campeão. Especialista no meio de campo, o jogador se encaixou perfeitamente na proposta de jogo de Maurício Barbieri. Deu liga. E tinha que ser assim.
- Quis o destino que eu viesse pra cá e espero ficar muito tempo aqui.
O início no Vasco é promissor. Jair já marcou dois gols em cinco jogos - um a mais do que anotou em todas as 48 partidas pelo Atlético-MG no ano passado. Mas a veia artilheira não é prioridade do jogador, que até começou como atacante na base, mas gosta mesmo é de dar assistências. Por isso, é exímio conhecedor do meio de campo, onde se sente à vontade para flutuar.
- Comecei a minha carreira como atacante, com 9, 10 anos. Depois passei a jogar como meia e depois volante. Sempre gostei de jogar perto da área. Mas pelo fato de gostar mais de dar assistência do que fazer gol, fui recuando. E hoje vejo que a minha maior característica é entender todos os setores do meio de campo. Já joguei como primeiro, segundo e terceiro homem de meio de campo. No futebol moderno, é preciso saber marcar e criar, independentemente da posição - destacou Jair.
Em entrevista exclusiva ao ge, Jair explicou a escolha pelo Vasco e as primeiras impressões sobre o ambiente do clube de São Januário. Protagonista de um elenco em reconstrução, o volante compara o projeto do time carioca ao da equipe mineira. Há alguns anos, o Galo se planejou para se recolocar no topo do futebol nacional. Agora com a SAF, o Vasco também se organiza.
- Quando eu recebi o convite, não pensei duas vezes pelo que o Vasco representa no futebol brasileiro e mundial. Quero deixar meu nome marcado no clube, assim como foi no Atlético-MG. Quero representar essa camisa e vim para buscar títulos - disse o volante.
- É um projeto novo, muito parecido com o que eu vivi no Atlético em 2020. Lá também teve uma reconstrução, chegaram muitos jogadores novos, acho que 70% do elenco acabou saindo. Entendi que precisava dessa fase nova na minha carreira e desse desafio - acrescentou.
A nova fase da carreira exige mais responsabilidade. No Vasco, o volante jogará ao lado de jogadores bem mais jovens, como Marlon Gomes e Andrey, e terá como missão ser exemplo. Com o retorno do cria, que foi destaque do clube em 2022, Jair manterá a camisa 8. O entrosamento deu as caras muito antes de os dois começarem a atuar juntos. A sintonia promete resultados positivos em campo.
- O Andrey é um jogador de extrema qualidade. Quando ele estava no Sul-Americano, ele me mandou um áudio falando sobre a camisa 8. Depois, Figueiredo e eu ligamos pra ele. É um jogador que tem uma história no clube. O tempo que ele ficar tenho certeza que será muito bom - revelou Jair.
No próximo domingo, às 18h10, o volante vai jogar seu primeiro clássico pelo clube carioca, justamente contra o Flamengo, rival que protagonizou boas disputas com o Galo nos últimos anos. Em 2022, Jair foi campeão da Supercopa do Brasil em cima do time rubro-negro, convertendo um dos pênaltis da decisão. Agora, vai vivenciar uma rivalidade ainda mais forte contra o adversário.
- Ansioso para jogar. Fiquei triste que eu não pude jogar contra Fluminense e Botafogo. Será um grande clássico, o Flamengo tem uma grande equipe. Temos que entrar ligados e dar 100%.
Revelado pelo Internacional e com boas passagens por Juventude e Sport, Jair foi comprado pelo Atlético-MG em 2019 por cerca de R$ 1 milhão. Quatro anos depois, foi vendido ao Vasco por R$ 13 milhões. O atleta foi eleito o melhor volante do Brasil no Galo, onde conquistou três campeonatos estaduais, o Brasileirão, a Copa do Brasil e a Supercopa.
Leia a entrevista completa com Jair:
ge: já está adaptado ao Vasco?
Jair: estou me sentindo em casa. Desde o dia que cheguei, todos os funcionários do clube me receberam muito bem. Desde o primeiro dia estou me sentindo em casa. Feliz com as atuações que a gente vem tendo. É um grupo muito humilde, e é essa humildade que temos que cultivar para conquistarmos coisas grandes.
Como está vendo esse processo de reconstrução do Vasco?
Tem muita gente nova chegando. As pessoas que trabalham no clube têm nos ajudado. Todos nos deixaram muito em casa. É claro que ainda estamos em fase de conhecer as características de cada jogador. O Barbieri também chegou agora, também está conhecendo os jogadores.
Temos tudo para buscar o entrosamento e chegarmos nas cabeças em todas as competições. Isso leva um tempo, é normal, mas vamos buscar coisas grandes porque merecemos. Não só os jogadores, mas todos que trabalham no clube.
Eu não entendo o Vasco ter brigado nos últimos anos lá embaixo. As pessoas que estão aqui são muito competentes e merecem coisas grandes.
A torcida do Atlético-MG ainda tem um carinho muito grande por você e lamentou sua saída. Agora, você está construindo isso também com a torcida do Vasco, como vê isso?
Fico feliz pelo carinho que ainda tenho no Atlético-MG. Eu sempre me entreguei desde o primeiro dia que cheguei no clube. Entrei e saí pela porta da frente. Assim como vem acontecendo aqui no Vasco. Entrei pela porta da frente. Espero representar e deixar meu nome na história do clube.
Como você vê o encaixe do seu estilo com o futebol do Vasco do Barbieri?
É um time que propõe jogo. No Atlético também era assim. O Vasco procura ficar o maior tempo possível com a bola, agride muito o adversário. Temos visto isso nos últimos jogos. É uma característica que o Barbieri gosta muito.
Você acha que apareceu bem no Atlético-MG um pouco tarde para os padrões que a gente vê no futebol hoje em dia?
Foi no momento certo, que teve que ser. Fiz a base no Inter, depois passei por Juventude e Sport. Tive que dar essa rodada para ter um pouco mais de experiência na carreira. Fiz uma Série B muito boa no Juventude, depois fui bem na Série A pelo Sport, e o Galo acabou me contratando. Vejo que tive que dar essa rodada para ter experiência. Ganhei seis ou sete títulos no Galo, e vejo que a minha experiência me ajuda a entender e ajudar os jogadores jovens que estão no Vasco. Hoje me sinto muito mais preparado.
O Atlético-MG tinha muitos jogadores badalados, mas você conseguiu achar seu espaço e aparecer bem. Acha que hoje você tem esse papel de ajudar os mais jovens no Vasco?
Procuro sempre ajudar os mais novos. Tem muito potencial aqui dentro do Vasco, mas muitas vezes os garotos precisam de ajuda. Temos jogadores experientes, como o Nenê, que podem ajudar. Eu ainda sou novo, tenho 28 anos, mas pela experiência de ter jogado com grandes jogadores como Hulk e Diego Costa, posso ajudar os mais jovens. Procuro conversar muito com o Barbieri para entender o jogo que ele quer.
Você marcou dois gols e igualou sua marca nas últimas duas temporadas...
A minha função no Atlético-MG era mais defensiva. Hoje tenho mais liberdade para chegar ao ataque. Isso ajuda muito. Gosto de chegar no ataque, são funções diferentes. Gosto das duas funções, mas estou tendo mais oportunidades de fazer gol.
Com tem sido esse primeiro contato com a torcida do Vasco e como ela pode ser importante na temporada?
Fiquei surpreendido pela torcida. Não só no Rio de Janeiro, mas no Espírito Santo, Brasília, em todo lugar... É uma torcida que comparece em peso. Até nos Estados Unidos. Vejo o quanto eles apoiam. Isso vai ser um fator determinante para nos ajudar a conquistar coisas grandes.
O que representa o número 8 para você?
Um número que sempre gostei e me identifiquei. Foi o número que escolhi. Quando cheguei, o Andrey tinha sido vendido, o Paulo Bracks falou que a camisa 8 estava separada para mim. Sempre me identifiquei e espero representar muito bem ela.
Está pronto para responsabilidade de ser o mais experiente de uma possível trinca no meio de campo com Andrey e Marlon?
Essa minha experiência vai fazer eu contribuir e ajudar os garotos. Acho que sou dos mais velhos do elenco, apesar de ter 28 anos (risos).
E dá para jogar os três juntos?
Dá para jogar. É claro que temos que ter um respeito com os outros volantes, com Rodrigo, Barros, entre outros, que são jogadores de qualidade.
Rodrigo e Barros são jogadores que acabaram de subir par ao profissional e têm ido bem. Como vê a evolução deles no dia a dia?
São garotos de muito potencial. O Rodrigo é um primeiro volante que tem uma marcação muito forte. Ele ainda está buscando esse entrosamento. Ele tem peito, e que as atuações possam lhe dar cada vez mais confiança. O Barros é a mesma coisa. Entrou nos clássicos e foi muito bem. Eles têm muitos a ajudar e crescer aqui no clube.
Qual é o potencial desse elenco? Você está otimista com o nível que esse grupo pode chegar?
Estou otimista. Ainda estamos nos conhecendo, ainda tem muitos jogadores para estrear. É só o início, mas a gente já vê grandes atuações. Temos que buscar evoluir a cada jogo.
O que você espera desse Brasileirão?
É um campeonato muito disputado. Muitas equipes contrataram e se qualificaram nesse ano. Vejo uma disputa muito grande. Muito difícil apontar os favoritos antes do campeonato. Temos que nos preparar e buscar brigar na parte de cima da tabela.