Futebol

Joel Santana: "Diego Souza é o destque do Campeonato Brasileiro"

O sol em Armação brilha tanto quanto o currículo do ilustre morador. É lá, em Salvador, de frente para o mar, que Joel Santana vai derramando o seu suor para evitar o tombo do Bahia, 14º colocado do Brasileirão, com 33 pontos.

Sábado, porém, é dia de respirar ares nem tão novos assim. Em São Januário, velha casa, ele enfrenta o Botafogo, clube do qual saiu aos prantos, há sete meses, com a promessa de voltar.

Não bastasse esse ingrediente apimentado, seu sucessor, Caio Jr., esquentou ainda mais o confronto, ao afirmar no domingo, que, com ele no comando, o Botafogo não jogaria na defesa, como vinha acontecendo antes de sua chegada ao clube.

A arma de Joel contra a provocação de Caio Jr. não cabe em sua famosa prancheta: é o vasto currículo que, tão imortal, já lhe abriu até as portas da Academia Brasileira de Letras, um dos exemplos que ele, vaidoso, lembra nesta entrevista ao Jogo Extra.

Na avaliação de Joel Santana, em Armação ou no Rio, o sol nasceu para todos os que estão dispostos a suar a camisa. Sábado, portanto, será dia quente em São Januário.

Está feliz no Bahia?

Sou querido em todo lugar. Hoje, o profissional vive de resultado e, não, de conversa fiada. Já ganhei dois títulos pelo Bahia e dois pelo Vitória. Tenho “double” (duplo, em inglês) título nos dois. Moro na beira da praia, gosto de sol e de mar, estou a 1h50m do Rio, e fazendo força para o Bahia não cair.

Há um sabor especial em enfrentar o Botafogo?

É normal. Tenho grandes amigos lá. Um deles é o presidente Maurício Assumpção. Fomos campões cariocas (em 2010), ficamos em sexto no Brasileiro e o time só não se classificou à Libertadores porque cinco jogadores se machucaram. Essas contratações que estão aí foram indicadas por mim. Pode ligar para o Anderson Barros (gerente de futebol) e perguntar.

Como avalia o adversário de sábado?

É um time que rejuvenesceu e está entre os melhores do campeonato e na briga para ir à Libertadores. Tenho observado que o Coritiba e o Botafogo são os times mais organizados do Brasileiro. Só dei até logo ao Botafogo. Uma hora eu volto. Não deixo porta fechada. Deixo só encostada. É questão de tempo.

Caio Jr. insinuou recentemente que, antes dele, o time tinha uma postura defensiva. O que acha disso?

Não falo. Não preciso responder. Meu nome é Joel Santana. Sou o Rei do Rio. Sou o maior conquistador de títulos. Com meus títulos, minha história, vou ficar batendo boca com Caio Jr. ou algum outro? De repente, depois do jogo, ele paga um churrasco pra mim na Estrela do Sul. Não gosto de fofoca. Sou pai de família.

A relação de vocês era boa antes do Botafogo?

Conversei muito com ele quando me substituiu no Flamengo (2008). Passei para ele todas as situações, tudo que estava acontecendo. Fiquei surpreso com essa declaração. Vamos fazer de conta que foi uma topada, né? No meu currículo, não há espaço para isso. Pelo amor de Deus... Quem vai me contestar? Alguém contesta o Zagallo, o Parreira e o Felipão? Alguém vai contestar aquele Silva (Anderson, lutador de MMA) só porque ele tem voz fina? O cara é o cara. Quando a gente chega perto de ser perfeito, vem alguém tentando arrumar defeito. Sou Joel Santana e já fui à Academia Brasileira de Letras. Já fui eleito o carioca do ano pela revista Veja. Quer mais? Você tem meu currículo? Vou mandar pra você. Puxa aí na internet.

Você concorda que seu estilo é defensivo?

Meu estilo é vencedor. Por isso, eu me mantenho há 25 anos nessa carreira. Cada um joga da sua maneira e, assim, eu já rodei o mundo, né? E ganhei oito títulos no Rio.

Está aborrecido com o Caio Jr.?

Não estou chateado com nada. Temos que falar pouco. Não é à toa que só temos uma boca.

Vai cumprimentar Caio Jr. antes do jogo?

Não cumprimento nem jogador! Como vou dizer boa sorte pra ele? Você acha que vou desejar sorte ao outro time? Isso é uma falsidade. Esse mundo é feito de demagogia. Quando estava no Cruzeiro, enfrentei o Botafogo e, como eles sabiam que não gosto de cumprimentar, então todo mundo foi de propósito falar comigo. Então, agora, escreve aí: Joel Santana quer que todo mundo vá lá cumprimentá-lo. Do Caio Jr. ao Maurício Assumpção... Quem sabe, assim, eles desistem disso? Olha, eu não brigo com ninguém. Não briguei com o Romário, não briguei com o Renato Gaúcho... Com ninguém.

Você brigou com o Renato Gaúcho, sim...

Gosto do Renato. Ele sabe disso e me adora. Quer ver uma coisa? Disseram que briguei com o Loco Abreu, mas foi só uma divergência de opinião. Ele é inteligente o bastante para não brigar comigo. E eu também sou. Quem briga comigo não gosta de ninguém. Não se deve brigar com um pai...

Você, pelo Cruzeiro, foi derrotado pelo Botafogo no Campeonato Brasileiro. Isso está engasgado?

Perdi de 1 a 0, gol do Loco Abreu. Não está engasgado, não. Sábado, eles vão fazer a parte deles, que é brigar pela vaga na Libertadores, e eu vou lutar contra a zona de rebaixamento. Preciso de quatro vitórias para tirar o pé da lama. São 12 pontos.

Definiu o time? Vai jogar na defesa ou no ataque?

Isso é segredo de estado. Tudo é segredo. É coisa do KGB (principal organização de serviços secretos da antiga União Soviética).

Por que você ficou somente três meses no Cruzeiro?

Não sei. Não entendi. Encontrei o time em 18º lugar e deixei-o em 11º. Um dia, quero encontrar com “seu” Perrella (Zezé, presidente) para perguntar isso.

Ficou magoado?

Eu, não. Passo a borracha e vou em frente. Não demorei nem um dia para arrumar emprego. Pensei em ficar sem trabalhar até o fim do ano, mas o Paulo (Angioni, diretor de futebol do Bahia) me convenceu a aceitar o convite dele. Peguei minhas caixas e vim pra cá. Estou pegando o boi na unha, mas o trabalho vai dar certo.

Fica por aí até quando?

Até o fim deste ano, se papai do céu permitir. No futuro, não sei. Não boto a “carruagem” na frente dos bois.

Você há pouco citou Zagallo, Parreira e Felipão... Ainda sonha com seleção?

Não vou dizer que é um sonho, mas gostaria de servir meu país sendo qualquer coisa... Olheiro, espião... Quem não gostaria?

Gosta do Mano?

É sério, faz o dele. As pessoas que estão lá são muito competentes.

Qual jogador é o destaque do Campeonato Brasileiro?

É o Diego Souza. Ele era um cabeça de área no Fluminense (2003). Fiz dele um meia. Gosto muito. Neymar é nosso maior craque, mas está envolvido com a seleção.

Qual é o melhor técnico?

O que ganhar.

Que time é favorito a conquistar o título?

O Vasco leva uma grande vantagem, mas perdeu duas chances incríveis contra o Atlético-GO e o Corinthians. Não está decidido ainda.

O que tem achado do lateral Cortês?

É diferenciado. Quando eu era técnico do Botafogo, jogamos contra o Nova Iguaçu e ele fez um estrago danado. Ganhamos de 1 a 0, só Deus sabe como. Aí, eu falei que a gente tinha que pegar aquele moleque, correndo. Ou melhor: nós, da comissão técnica, falamos.

Fonte: Extra
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