Da equipe que conquistou a Copa do Brasil e levou o Vasco novamente a brigar por títulos das principais competições, poucos vão ficar em 2013. A reformulação causa apreensão e incerteza quanto ao futuro, mas não é necessariamente algo ruim. Essa é a esperança da torcida cruz-maltina no dia do aniversário do terceiro título do Campeonato Brasileiro. O dia 21 de dezembro de 1997 consagrou não apenas Edmundo, protagonista da campanha, mas um grupo que foi resultado de algumas mudanças e que representou a combinação perfeita de juventude e experiência.
No momento em que, diante das dificuldades financeiras, o Vasco pode dar mais espaço a jogadores proveniente das categorias de base, o time de 1997 também contava com valores importantes criados em São Januário. Recém-promovidos dos juniores, o lateral-esquerdo Felipe e o meia Pedrinho se juntaram a atletas como Mauro Galvão e Evair, contratados para dar mais experiência ao grupo que já contava com Edmundo, Luisinho, Juninho e Ramon. Para complementar, o clube apostou em jogadores pouco conhecidos, como o zagueiro Odvan, que estava no Americano, e o volante Nasa, do Madureira.
Apesar dos pedidos de paciência por conta da reformulação, a torcida do Vasco certamente cobrará bons resultados em 2013. Pois a equipe de 97 começou aquele Brasileirão com duas partidas que levaram preocupação a São Januário. Na estreia, uma derrota por 2 a 1 para o Corinthians no Pacaembu com direito a Edmundo expulso. Em seguida, um empate em 3 a 3 com o Juventude em casa. No entanto, com o passar das rodadas a equipe foi se ajustando. Sob o comando do técnico Antônio Lopes, o time soube equlibrar o fôlego dos jovens com a tranquilidade dos experientes.
- Quando cheguei para o Brasileiro eu já conhecia um pouco o time do Vasco por ter acompanhado a final do Campeonato Carioca. Era um grupo de qualidade, com muitos jovens. E um dos motivos da minha contratação foi essa necessidade de dar mais experiência. Não tinha ideia de que tudo aconteceria de uma maneira relativamente tranquila. O time se se encaixou e conseguimos um equilíbrio dentro e fora do campo. Claro que havia alguns probleminhas, mas nada que não pudesse ser resolvido. Fomos crescendo a partir da metade da competição - lembrou Mauro Galvão.
O grupo comandado por Ricardo Gomes e Gaúcho precisará deixar de lado as dificuldades financeiras e buscar motivação com as vitórias em campo. A equipe que conquistou o Brasileiro há 15 anos não sofria com salários atrasados, mas também teve de sofrer ajustes até encontrar sua formação tática final.
- Apesar de ser um centroavante, o Evair jogava mais próximo do meio-campo e deixava o Edmundo à frente. O fato de não fazer gols o incomodava. Lembro que uma vez no vestiário, o Evair disse ao Lopes que não poderia fazer essa função e que deveria dar a vaga para outro. Então o Edmundo interveio e disse que o Evair era importante, que precisava jogar. Falou até que sairia do time se fosse preciso. Na partida seguinte, o Evair marcou o gol da vitória sobre o Botafogo - recordou Pedrinho.
Único remanescente do time de 97, Felipe transferiu seu papel de revelação para o de maior representante da ala experiente do elenco de 2013. Ele terá a função de orientar e administrar os novatos que serão contratados e jovens recém-promovidos dos juniores. Para Mauro Galvão, o grupo que se consagrou há 15 anos provou que nem sempre reformulação significa um passo atrás quando se trata de substituir uma geração que alcançou resultados positivos.
- Num primeiro momento parece que as coisas estão fora daquilo que a gente espera. Mas de repente, com algumas mudanças e ajustes, você consegue retomar e achar novamente o caminho. É sempre bom ter otimismo, procurar trabalhar e contar com quem quer se dedicar ao clube. O Vasco tem bons jogadores, passa por um momento complicado mas tem capacidade para formar um outro bom elenco - observou.
Pedrinho lembrou a importância de dar espaço aos jovens, como o Vasco promete fazer em 2013, mas também ressaltou que reformulação precisa estar atrelada à formação de um grupo equilibrado e de qualidade.
- Minha geração era muito boa, com jogadores que tinham grande chance de darem certo. No profissional havia atletas conhecidos, experientes e que não tinham uma idade tão avançada. Hoje está mais complicado. Apenas o Felipe é mais experiente e com um currículo muito vitorioso. É complicado tudo ficar nas costas dele. Mas é preciso de tempo e paciência
Assim como foi em 97...
A campanha
O Vasco terminou a fase de classificação como o melhor pontuador, somando 54 pontos em 25 jogos (17 vitórias, três empates e cinco derrotas). Na segunda etapa, os oito melhores classificados foram divididos em dois grupos de quatro. O Vasco ficou com Juventude, Flamengo e Portuguesa e terminou como primeiro colocado: 14 pontos, com quatro vitórias e dois empates. Na decisão, a equipe cruz-maltina enfrentou o Palmeiras, campeão do outro grupo. Beneficiado pela melhor campanha, foi campeão após dois empates em 0 a 0 na decisão. O Vasco ainda terminou o Brasileirão com Edmundo artilheiro, com 29 gols, recorde da época.
Time-base do Vasco na campanha de 97: Carlos Germano, Válber, Odvan, Mauro Galvão e Felipe; Luisinho, Nasa, Juninho e Pedrinho (Ramon); Edmundo e Evair.