Jonílson ficou conhecido no futebol não só por seu nome nada comum, mas também pelas características que apresentou ao longo de toda sua carreira. Para ele, sobrou sempre vontade, raça e disposição para fazer o "trabalho sujo" dentro de campo. Hoje, aos 41 anos, Jonílson conversou com o UOL e disse que está "praticamente" aposentado. '
Provavelmente, essa incerteza sobre pendurar as chuteiras ainda o persegue porque correr atrás dos adversários era o que ele sabia fazer de melhor, sem parar, mesmo. Foi assim que perseguiu craques como Robinho e até mesmo Neymar.
Para fazer Jonílson congelar em campo, mesmo, só mesmo um baixinho que usava a camisa 11, atendendo pelo nome de Romário e jogava em seu próprio time. Tudo o que o artilheiro campeão mundial em 1994 fazia simplesmente o fascinava.
"Várias vezes eu ficava olhando até como o Romário amarrava a chuteira. Claro que a chuteira só tem um jeito de amarrar, mas eu ficava olhando para ele, parecia que o cara amarrava a chuteira diferente da sua. A maneira que ele colocava o meião, como ele corria, o jeito dele comer. Eu olhava tudo isso e ficava paralisado", comentou.
O ex-volante nasceu no Rio e é um dos inúmeros admiradores daquele Flamengo de Zico. Na cidade maravilhosa, ele só levantou uma Taça Guanabara (2005) e a segunda divisão do Carioca (2004), ambas com o Volta Redonda. Mas foi no Vasco que Jonílson realizou um sonho. Quando já era um trintão, em 2008, ele teve a oportunidade de se juntar a Romário e outros ídolos como Edmundo e Pedrinho. "Hoje, eles são todos meus amigos", disse.
Volante do início ao fim da carreira, Jonílson começou a jogar profissionalmente em 1998, pelo Voltaço. De lá, chamou atenção do Botafogo e depois passou a circular pelo país, atuando em outros grandes clubes como Cruzeiro, Atlético-MG e Vasco. Fora do Rio, seus outros títulos foram só em Minas, faturando o estadual pela Raposa (2006) e pelo Galo (2010).
Oficialmente, ele considera que parou de jogar em 2017, pelo Doze, do Espírito Santo. Mas, depois disso, a saudade foi grande o suficiente para aceitar convites e vestir a camisa de outros seis times. O último deles foi no início deste ano, pelo Guaporé, em Rodônia. Agora, o quase interminável parece mesmo que parou. Jonílson voltou ao Rio, mas seu único contato com o esporte é apenas para dar aulas em uma escolinha de futebol.
Como todo "pitbull", Jonílson também não escapava das críticas. Embora importante para carregar o piano, precisou lidar com as opiniões sobre seu futebol, mas ainda hoje mostra categoria fora das quatro linhas para tirar a situação de letra. Frequentemente lembrado nas resenhas, ele tenta levar o assunto com o mesmo bom humor que cativou os ex-companheiros.
"Infelizmente no futebol é sempre desse jeito, se até o Neymar é criticado hoje, quem diria o Jonílson. Eu, no meio dos grandes, sempre fui pequeno, mas sempre fiz o meu melhor nos times que eu passei", disse.
Confira abaixo outros trechos da entrevista com o ex-jogador:
Alguns dos seus companheiros mais "resenhas": Jefferson (Botafogo), Ramon (hoje técnico do Vasco), Diego Tardelli, Marcos Rocha, Edmundo, Pedrinho, Romário e Beto (ex-Fla, Vasco, etc)
O que mais te irrita no futebol? Cai-cai e encenação dos jogadores.
Quem foram os atacantes mais complicados de marcar? Robinho e Neymar.
Quais foram as torcidas mais "embaçadas" para jogar contra? Corinthians e Flamengo.
Quando a seleção brasileira mais te fez raiva? 7 a 1 contra a Alemanha.