Pesquisa realizada pela Pluri Consultoria, divulgada pelo jornal Estado de Minas, nesta terça-feira, aponta que os preços dos ingressos para partidas de futebol no Brasil aumentaram 300% desde 2003. De acordo com a reportagem, o encarecimento das entradas tem excluído uma parcela de torcedores das arenas, que passaram a frequentar bares para assistir aos jogos. Na opinião do jornalista David Butter, convidado do "Redação SporTV", o esvaziamento do público pode afetar diretamente o esporte no país. Segundo ele, é urgente a necessidade de se encontrar meios de encher os estádios a fim de se valorizar os próprios clubes.
- Esse é o grande tema do futebol brasileiro daqui para a frente. O maior problema é a corrosão do hábito de se frequentar o estádio. O preço não condiz com a realidade. Nos casos do clube de massa, um estádio cheio é um ativo do clube. Ver o Maracanã só cheio nas pontas parece o estádio Olímpico de Roma em dia de jogo vazio. No meio fica um nada. Se não parecer interessante, as pessoas não vão - disse o jornalista.
De acordo com a pesquisa, os preços dos ingressos aumentaram muito acima da média em relação a outros indicadores, como o salário mínimo (183%) e renda média per capita (37%), nos últimos dez anos.
A média de público do atual Campeonato Brasileiro é de míseros 14 mil pessoas por partida, afirma o correspondente da BBC, Tim Vickery. Para o jornalista inglês, a Inglaterra também vivenciou o fenômeno de encarecimento dos ingressos nos últimos anos e foi capaz de manter os estádios cheios, inclusive com diversidade étnica. Ele teme, no entanto, que a inflação no Brasil acabe sendo mais maléfica do que positiva.
- Acho engraçado como o aumento dos preços de ingressos é tratado com inevitável. Morte e imposto são inevitáveis, aumento de preço não. Cada cadeira que não é vendida, é dinheiro jogado fora. O futebol tem que pensar com seriedade o preço, porque precisa de ambiente. O torcedor faz parte do espetáculo - afirmou.