Futebol

Jornalista faz revelação sobre Juninho antes de aposentadoria

Nenhuma palavra é mais apropriada do que um gol, monumental ou não, para classificar um jogador de futebol. Ainda mais quando se fala de um ídolo, herói em extinção nos dias de pouco público e muita briga nos estádios. A bola de Juninho Pernambucano vem de uma época de mais fartura de carinho, dedicação e respeito ao escudo da instituição.

Há 19 anos, quando chegou ao Rio como contrapeso do artilheiro Leonardo, também do Sport, Juninho logo percebeu que não pisava numa terra de cego onde, como diz o ditado, quem tem um olho é rei. Estabeleceu-se entre um Carlos Germano e um Edmundo, e construiu ele mesmo o seu reinado. A empatia com o público não estava somente no pé, mas também na acalorada comemoração de um gol, monumental ou não.

E, até, no domínio do bom português. Juninho deu boas entrevistas, ocupou quando quis a posição de líder, abriu mão dela também quando preferiu não se envolver. Na volta ao Vasco, em 2011, já demonstrava o quanto se preparava para a aposentadoria. O cuidado em não arranhar a imagem de uma carreira de duas décadas calou-o um pouco mais. Uma pena.

Numa das últimas entrevistas a mim concedida, revelou-me sua preocupação com os efeitos de uma rede social sobre sua filha mais velha. Havia proibido a moça de acessar o Twitter. Horas mais tarde, mandou seu assessor me telefonar:

- Ele está pedindo para tirar da matéria aquele trecho em que falou da filha no Twitter. Está achando que vai parecer que é um pai muito rigoroso.

Discuti, mas tirei. E o assessor me telefonaria mais três vezes, com outros pedidos que denotavam uma preocupação excessiva com a imagem do ídolo.

Àquela altura, Juninho era cada vez menos tangível. Passei a assistir a seus jogos como parte do processo de transformação de matéria em símbolo onipresente. Sendo assim, conformei-me na semana passada com sua decisão nada súbita de sumir dos campos. De tanto planejar, meticuloso, a aposentadoria, acabou me preparando para o fim. E assim fez com toda a torcida que vibrou com seus gols, monumentais ou não.

Juninho deixou de ser bola. Ele agora é bandeira.

Fonte: Coluna Extracampo - Extra
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