A declaração do goleiro Felipe de que "roubado é mais gostoso" após o polêmico título carioca do Flamengo sobre o Vasco revela a falta de caráter de parte dos brasileiros, opinou o jornalista Jorge Luiz Rodrigues, de "O Globo". Segundo ele, o futebol do país vem perdendo o seu brilho em função da malandragem excessiva nos gramados e a transformação de erros de arbitragem em rotina. Na análise do convidado do "Redação SporTV", o Brasil deveria cobrar mais de seus quadros de arbitragem e punir aqueles que reincidem no erro, como o assistente Luiz Antônio Muniz de Oliveira, que deixou de ver o gol de Douglas, no clássico pela e voltou a errar no impedimento de Márcio Araújo, na decisão do último domingo.
- Você não vê, na Inglaterra, na Alemanha, nem na Espanha, um jogador profissional dizer que "roubado é mais gostoso". Acho vexatório isso, falar com uma barbaridade dessa e pedir desculpa. Isso é um mau exemplo, que vemos no país inteiro. É o sinônimo do país inteiro, que reclama da ladroagem, mas quer sempre dar o jetinho brasileiro. Na Copa do Mundo de 2010, um erro de 33 cm fez um árbitro ser mandado embora para casa, o uruguaio Jorge Larrionda. O diretor de árbitros da Fifa foi demitido meses depois por causa daquele erro, em que o chute do Lampard entrou 33 cm. Pode ter sido difícil para o árbitro, mas não para o bandeirinha.
Rodrigues acredita que os clubes não possuem noção do poder que teriam caso se unissem e buscassem melhorias na organização do futebol carioca. Segundo o jornalista, a impressão que se tem é de que a Federação de Futebol do Rio de Janeiro acumula poderes acima do normal.
- Fico abismado com a paciência com a federação, que faz o que quer. Criticamos esse fracasso de público do Carioca, e os clubes de reuniram e lançaram um manifesto contra a Ferj e Rubinho (Rubens Lopes, presidente da Ferj), mas na hora ninguém se manifestou e ele foi reeleito. O presidente do Flamengo nunca foi a uma reunião de conselho arbitral. O do Botafogo está alinhado com a Ferj. Como os caras vão querer reclamar, se eles não participam, mandam um representante? O presidente tem a força. Se o Dinamite vai no conselho arbitral, é outro peso. São aprovadas formas esdrúxulas. A maioria dos times não podem atuar em casa porque não tem estádio compatível.
O jornalista criticou a média de pouco mais de 2 mil pessoas por jogos e o número de 19 datas no Campeonato Carioca, que considera um exagero. O pior, segundo ele, foi a inclusão de Nixon como autor do gol de empate do Flamengo contra o Vasco na decisão, quando Márcio Araújo foi flagrantemente o autor do tento.