Juan Arciniegas encantou-se pelo Vasco antes mesmo de chegar a São Januário. "Sua torcida é muito famosa desde que eu era pequeno." Como cresceu nos anos 1980, entende-se que a história vascaína chegou à sua mente ainda nos tempos de Roberto e Romário. Razão pela qual não entende o posicionamento do governador do Rio, Cláudio Castro, sobre a licitação do Maracanã.
Há dez dias, o governador leu um texto em que se referiu ao Vasco como uma empresa. Apesar de estar claramente lendo, Castro disse "recebi a tal de 777."
Arciniegas diz não compreender o comportamento, porque chegou ao Rio 24 horas antes do Bid, cancelado nas horas seguintes: "Não vamos desistir desse projeto."
Pela sétima vez consecutiva, a concessão provisória foi renovada com o consórcio formado por Flamengo e Fluminense. Em tese, até abril de 2023. Mas não se sabe quando haverá outro processo:
PVC - Você já viu algo parecido com o caso Maracanã em algum lugar do mundo?
ARCINIEGAS - Não, nunca vi. Em nenhum lugar do mundo. Chegamos ao Rio de Janeiro 24 horas antes da licitação e ficamos sabendo que o processo havia sido cancelado.
PVC - E o fato de o governador referir-se à empresa como "a tal de 777"?
ARCINIEGAS - Não compreendo. É preciso proteger a lei da SAF. Pela legislação, não há diferença entre clubes. Não se deve referir ao Vasco como se fosse uma empresa. O Vasco é um clube. Um dos maiores do mundo. Tem uma das maiores torcidas do Brasil e do planeta e deve ser tratado desta maneira.
PVC - Qual o projeto do Vasco para o Maracanã? Por que ter São Januário e também o Maracanã?
ARCINIEGAS - São Januário é a casa do Vasco e continuará sendo. Vamos fazer a renovação do estádio. Mesmo assim, em alguns casos, em alguns jogos em que os torcedores poderão ficar frustrados, por não haver ingressos suficientes, podemos ir para o Maracanã. É muito importante entender que a prioridade do Maracanã é o futebol. O estádio foi criado para o futebol e este será o plano para ele. O nosso negócio é o futebol e jogos-chave do Vasco acontecerão no Maracanã.
PVC - E os outros clubes do Rio?
ARCINIEGAS - O consórcio se chama "Maracanã Para Todos." A ideia é que o estádio seja do Rio. O Maracanã é do Rio de Janeiro, é dos cariocas, de todos os clubes do Rio de Janeiro. Queremos ter o maior número de jogos e o maior número de clubes. Futebol é prioridade.
PVC - Como lidar com a questão do gramado?
ARCINIEGAS - Nosso consórcio administra alguns dos melhores estádios do mundo, de alguns dos maiores clubes do planeta. A Legend tem o Camp Nou, o Santiago Bernabéu. Conhecemos o Ettihad, do Manchester City. Temos os melhores especialistas em gramado do planeta.
PVC - O Flamengo vende pacotes VIP até o final do ano. Como você avalia isso?
ARCINIEGAS - Imaginamos que se possa negociar a partir do momento em que exista uma concorrência clara, seguindo todas as regras e por um período definido. Hoje isto não existe. Já informamos o governo do Estado que estamos na disputa e não vamos desistir.
PVC - O senhor imagina que a concorrência vai acontecer em abril, depois desta nova renovação por três meses?
ARCINIEGAS - Não faço ideia. Sabemos que tem de haver um novo Bid, um novo processo de licitação, feito com clareza e transparência. É preciso respeitar a lei da SAF, dar garantia para os investidores que decidiram apoiar o futebol do Brasil. O coração do nosso negócio é o futebol, não os tribunais. Não há hipótese de desistirmos do projeto do Maracanã.