Julio dos Santos é de poucas palavras, está no terceiro clube brasileiro, mas ainda parece se sentir estrangeiro por aqui. A recepção da torcida do Vasco nunca foi calorosa o bastante para mudar isso, mas o meia do Paraguai tem o apoio de quem mais importa: o técnico Jorginho.
Silenciosamente, está a um jogo de se tornar bicampeão estadual e repetir o feito de Romerito, considerado por muitos o maior jogador paraguaio de todos os tempos. O segredo para isso é a regularidade e a disciplina tática. Depois de atuar a vida inteira como meia, bem próximo à área adversária, foi deslocado para trás em São Januário.
Com Jorginho, tem cada vez mais obrigações defensivas, e o pulo do gato foi ter dado conta do recado. Este ano, é o maior ladrão de bolas do time no Estadual, à frente dos zagueiros e do especialista Marcelo Mattos.
- O Julio tem uma estatura ótima para essa função. Tem qualidade e sentido de marcação muito bom. Encaixou - analisou Jorginho.
A impressão do treinador é a mesma dos antecessores. Julio dos Santos foi quase sempre titular com Doriva e Celso Roth. No começo do ano passado, teve mais liberdade para atacar, mas a lentidão na transição do meio de campo para a frente atrapalhou. Nem isso foi capaz de tirá-lo do time Julio deu a volta olímpica contra o Botafogo em 2015 e, agora, está a um empate de repetir o feito.
Caso consiga, será o primeiro paraguaio a ser duas vezes campeão do Rio desde Romerito, pelo Fluminense, em 1984 e 1985. Dom Romero virou ídolo, o que ainda falta muito para Julio alcançar. Pelo menos os currículos podem ficar mais parecidos.
“Demos um grande passo, nada é fácil, tudo é possível”, escreveu após a vitória sobre o Botafogo.