Revelado pelo Sport Recife (PE), Juninho Pernambucano, 31 anos, ganhou projeção nacional e internacional vestindo a camisa 8 do Vasco, onde conquistou fama e títulos, como o Brasileiro de 1997 e a Copa Libertadores de 1998, entre outros.
Há quase seis anos, o ex-reizinho de São Januário brilha no Lyon, da França, onde é apontado como o responsável pelo tetracampeonato francês conquistado pelo Lyon nos últimos quatro anos (fato inédito na história do clube).
Mas Juninho quer mais: sonha disputar sua primeira Copa do Mundo, se possível como titular da Seleção Brasileira (briga com Zé Roberto por uma vaga no meio-de-campo), que tentará o hexacampeonato mundial na Alemanha.
Em entrevista ao jornalista Gustavo Loio, do Jornal da Universidade Estácio de Sá (RJ), o jogador falou de sua carreira e da expectativa de defender o país na competição de futebol mais importante do planeta.
JE - Aliás, apesar do sucesso e de todos os títulos já conquistados, você está prestes a disputar apenas a sua primeira Copa do Mundo. Tem alguma mágoa dos ex-treinadores da seleção por isso?
J - Não. O Brasil sempre teve grandes nomes, especialmente na minha posição (meio-campo). Foi uma opção técnica dos treinadores e entendo isso.
JE - Como você avalia o grupo que o técnico Carlos Alberto Parreira tem nas mãos para a Copa?
J - É um dos melhores do mundo, mas terá que provar isso dentro de campo, durante a Copa.
JE - Quais são os favoritos para a Copa do Mundo? Quais seleções podem surpreender?
J - Fazer uma Copa em casa é uma vantagem muito grande. É o caso da Alemanha. A Itália sempre mostra um futebol difícil de ser batido; Portugal, com Felipão; a França, mesmo não tendo ido bem na última Copa, todos merecem atenção especial. Quanto às surpresas, a Costa do Marfim pode ser uma delas.
JE - Ao longo de sua carreira, você acumulou muitos títulos de expressão. Este ano, a coleção poderá aumentar, com a conquista do pentacampeonato francês, pelo Lyon, e do hexacampeonato mundial, pela seleção. Como está sua expectativa com relação a um futuro tão promissor?
J - Será algo maravilhoso e inédito em minha carreira, um sonho para mim. Vou buscar isso com muito trabalho, mas sem ansiedade, pois procuro pensar, sempre, no momento. E no momento ainda não conquistamos nada.
JE - Você ainda pensa em voltar a vestir a camisa do Vasco novamente?
J - Penso, mas só se tiver condições de voltar para jogar em um bom nível, não para encerrar a carreira.
JE - Qual o seu sentimento em relação à torcida vascaína?
J - De amor e carinho. Nos quase seis anos que joguei no Vasco sempre fui muito bem tratado por ela.
JE - Você é embaixador da Fifa na campanha \"6 Aldeias para 2006\". Do que trata esse projeto? Como surgiu o convite para participar dele?
J - Foi em Recife. Pessoas ligadas à Fifa entraram em contato comigo, me mostraram como era o projeto e eu fiquei feliz em participar. Ele visa atender crianças carentes e órfãs da região de Igarassu, no interior de Pernambuco.
JE - Você se transferiu para o Lyon em 2001, pouco depois de conquistar, pelo Vasco, o título da Copa João Havelange, em 2000. Curiosamente, desde então, o futebol carioca não ganhou mais títulos nacionais. A que você atribui a má fase dos clubes do Rio?
J - Falta de estrutura e de organização. Mas torço para que as coisas melhorem logo.
JE - Do que você tem mais saudade do Brasil?
J - Sinto falta dos amigos, das praias de Recife e de poder andar descalço. Mas isso não quer dizer que não goste da França, pelo contrário. Aqui também tenho grandes amigos, curto minha família, sendo que uma das minhas filhas é francesa. Estou
totalmente adaptado.
JE - Romário está com 40 anos e ainda é um exemplo de longevidade no futebol. Você também pretende chegar aos 40 como jogador?
J - Não, sem condições (risos).
JE - Apesar de atuar no meio-campo, em sua carreira você já marcou vários (e belos) gols. Qual você destaca como o mais importante? E o mais bonito?
J - Acho que o gol de falta, contra o River Plate (da Argentina), pela semifinal da Libertadores de 1998, foi o mais bonito e o mais importante, pois classificou o Vasco para a final da competição.
JE - Qual foi o seu jogo inesquecível?
J - Tiveram boas partidas. Vou escolher uma em cada clube. A primeira foi contra o São Paulo, ganhamos de 5 a 2, eu jogava no Sport. A segunda, no Vasco, foi a virada de 4 a 3 contra o Palmeiras, na final da Copa Mercosul. E o meu primeiro título conquistado pelo Lyon aqui. São jogos marcantes. Mas me considero privilegiado.
JE - Até quando você pretende jogar na França?
J - Tenho contrato com o Lyon até 2008 e espero cumpri-lo para, depois disso, decidir se está na hora de voltar ao Brasil ou permanecer na Europa. Ainda tenho um tempinho para pensar com calma sobre esse assunto.