Faz 60 anos a maior goleada do Rio
Roberto Assaf
Completam-se na próxima sexta-feira 60 anos que o Vasco aplicou a maior goleada da história do profissionalismo no futebol do Rio de Janeiro. Foi em 6 de setembro de 1947, em São Januário, numa partida válida pela sexta rodada do Carioca: 14 a 1 no Canto do Rio.
O curioso é que naquela tarde de sábado a torcida ainda estava desconfiada, pois o time havia terminado o campeonato de 1946 em apenas quinto lugar, fora do quadrangular que decidiu o título, ganho pelo Fluminense. Pior: no dia 24 de agosto empatara por 3 a 3 com o Olaria em seu estádio.
O jogo contra a equipe azul e branca de Niterói, no entanto, haveria de reabilitar o Vasco, então conhecido por Expresso da Vitória. O time meteu 5 a 0 no primeiro tempo, marcando Ismael (três), Maneca e Nestor. O placar foi sendo ampliado, com os gols saindo em média a cada cinco minutos. Dimas marcou duas vezes. Heitor descontou.
No desespero, o Canto do Rio pôs o atacante Raimundo na meta, e lançou o goleiro Odair na linha, sacando justamente Heitor, o seu artilheiro solitário. Inútil. Assinalaram, na seqüência, Ismael, Maneca (dois), Chico, Dimas, Maneca e Ismael, estabelecendo o score de bola de meia, como se dizia à época.
E o Vasco, dirigido por Flávio Costa, que deixara o Flamengo a peso de ouro, conquistou o título invicto e com duas rodadas de antecedência, registrando 17 vitórias, três empates, 68 gols a favor e 20 contra.
A segunda goleada do profissionalismo (1933-2007) no Rio também é do Vasco e tem uma história ainda mais curiosa.
Curiosidades
A maior goleada da história do futebol carioca aconteceu em 30 de junho de 1909, em jogo válido pelo campeonato daquele ano, no extinto campo da Rua Voluntários da Pátria: Botafogo 24 x 0 Mangueira.
O Vasco fez 14 a 1 com Barbosa, Augusto e Rafanelli; Eli, Danilo e Jorge; Nestor, Maneca, Dimas, Ismael e Chico.
O Canto do Rio perdeu com Odair (Raimundo), Borracha e Lamparina; Carango, Bonifácio e Canelinha; Heitor (Odair), Valdemar, Raimundo, Didi e Noronha.
Arubinha enterrou sapo. E rogou a praga dos 12 anos
No dia 28 de dezembro de 1937, o Vasco goleou o Andaraí por 12 a 0 nas Laranjeiras. O jogo, na prática, deveria ter sido ganho por WO pelo Andaraí, pois o táxi que levava um grupo de jogadores cruzmaltinos para o campo do Fluminense sofreu um acidente, e o Vasco só teve o time completo mais de uma hora depois do horário marcado para o começo da partida. Pois o Andaraí, demonstrando fair play, preferiu esperar. Reza uma das lendas mais folclóricas da história do futebol que o ponta Arubinha, revoltado com a goleada, entrou escondido em São Januário e enterrou um sapo no gramado do estádio, rogando uma
praga para o Vasco ficar 12 anos, um por cada gol, sem conquistar títulos. O Vasco amargou sete campeonatos em jejum, só voltando a ganhar o Carioca em 1945, quando o Andaraí nem participava mais do Carioca.
(*) Roberto Assaf escreve a coluna Memória do Futebol às terças-feiras no jornal Lance!