Retrato da noite em São Januário: o Vasco teve uma atuação razoável e venceu, o Internacional sentiu demais a ausência de Oscar e perdeu e Juninho Pernambucano mostrou porque é ídolo. Jogou muito e, aos 36 anos, deu uma aula de técnica e profissionalismo dentro de campo. Como segundo volante, marcou (e bem) o tempo inteiro, evitou fazer faltas e levou o torcedor ao delírio ao dar um carrinho na lateral aos 22 minutos do segundo tempo e, mais uma vez na bola, cortar um ataque gaúcho. Como meia de armação, deu passes precisos, orientou os companheiros, pediu calma, gritou por garra e assumiu o controle da partida. E desesperou Muriel na bolas paradas. Enfim, no duelo bem mais ou menos na Colina, o personagem foi Juninho Pernambucano. É bom ter ídolos. E Juninho Pernambucano nasceu para ser ídolo em São Januário.
Juninho Pernambucano merecia mais gente a aplaudi-lo no retorno a São Januário. Pouco mais de 8 mil torcedores na Colina. Esperava 20 mil. Errei por muito. As duas últimas derrotas pesaram no comportamento dos vascaínos. E o início apático assustou. O Internacional, carente sem Oscar, procurava espaços para o contra-ataque com Zé Roberto e Leandro Damião. E até achava. Porém, cometeu pecado básico, que se tornou fatal. Melhor ataque do Brasileiro ao lado do Flamengo (17 gols), o Internacional pouco chutou a gol. E só marca quem chuta.
A partir dos 15 minutos do primeiro tempo, o Vasco assumiu o controle do jogo. Juninho e Felipe passaram a aparecer. O maior volume se transfomou em pressão. E, aos 24 minutos, após escanteio Rômulo deu cabeçada que mais parecia um chute. Muriel espalmou para o lado e, sem ângulo, Éder Luis foi inteligente e fez 1 a 0. O Vasco poderia ter aumentado após espetacular contra-ataque, que começou com JP, passou por Felipe e chegou para Éder Luis bater na trave.
Segundo tempo. Inter na pressão. Vasco recuado demais e esperando por um contra-ataque que não vinha, pois o time estava lento na saída de bola da defesa para o ataque. E o Inter seguia sem chutar, dependente da irregularidade de Dalessandro, do cansaço de Zé Roberto, da carência por bolas na área de Leandro Damião, da obviedade de Nei e Kleber e, principalmente, da ausência de Oscar. O Inter terminou o jogo com mais posse de bola. Mas quem se lembra bem da grande chance de gols dos gaúchos na partida? Pois é. O castigo veio com a enésima perigosa bola parada de Juninho. Muriel se assustou com o efeito e deu um soco para o meio da área. E Dedé, inteligente, fez 2 a 0 de cabeça. Detalhe que Bernardo estava adiantado no momento da cobrança.
Resultado justo para o Vasco que, mesmo sem jogar uma grande partida, teve méritos para vencer. Fez o básico: chutou a gol. E teve o bônus do bônus: Juninho Pernambucano estava em campo.