Futebol

Lembra dele? Zé Maria, ex-Vasco, sonha em ser técnico

Zé Maria já fez a alegria de algumas das maiores torcidas do futebol brasileiro. Rubro-negros, vascaínos, palmeirenses e, principalmente, torcedores da Portuguesa vibraram com seus cruzamentos perfeitos e chutes venenosos. Piauiense de Oeiras, cidade localizada 310 quilômetros ao Sul da capital Teresina, o ex-lateral-direito, que vestiu a camisa da seleção brasileira em 43 jogos entre 1995 e 2001, segue respirando futebol. Desta vez, porém, aos 39 anos, ele pretende seguir carreira à beira do campo, como treinador de futebol. Para isso, na companhia de astros como Baggio, se submeteu a um dos mais importantes cursos de formação de técnicos do mundo e aguarda oportunidade de mostrar do banco de reservas toda a experiência que adquiriu dentro de campo.

Zé Maria, ex-lateral-direito da Portuguesa, com a esposa em Florença, na Itália (Foto: Arquivo Pessoal)

Piauiense de maior trajetória na seleção brasileira, Zé Maria atualmente mora em Perugia, na Itália, onde alimenta planos de construir nova carreira. Depois que parou, ainda em 2008, o ex-jogador abriu uma lanchonete na cidade de Campinas, interior paulista. A ‘Mister Zio’, no entanto, não durou muito e fechou as portas em 2010.

- Um jogador pega a primeira coisa que aparece depois que termina a carreira e, às vezes, acaba fazendo besteira. Por isso, decidi encerrar logo.

Foi durante essa desventura que Zé Maria retornou à Itália. Lá, o ex-lateral não se desvinculou do futebol. Abriu uma escolinha e iniciou uma nova empreitada: fazer carreira como treinador. Entre 2010 e 2011, treinou alguns clubes de divisões inferiores da Itália e agora se prepara para novos desafios.

- Em 2012 fiz o Curso Masters, considerado um dos melhores do mundo para formar treinadores. Agora estou esperando propostas.

Amigo de astros

Vivendo na Itália com a esposa e os três filhos, Zé Maria lembra de companheiros que marcaram sua carreira.

- Joguei com muito jogador bom: Romário, Ronaldo, Bebeto, Roberto Carlos, Zé Roberto... Na Itália, joguei com Figo, que é uma pessoa fantástica, assim como o Zanetti.

Outro jogador com quem o ex-lateral teve uma boa relação foi Cristóvão, ex-treinador do Vasco.

- Quando eu estava começando na Portuguesa, ele estava encerrando a carreira e era meu companheiro de quarto. É uma pessoa que admiro de coração e torço muito pelo trabalho dele hoje como técnico.

Lusa, Fla e Vasco

A sua história no futebol, no entanto, teve início há mais de 20 anos. Ele começou e encerrou a carreira na Portuguesa, clube pelo qual ganhou o prêmio de melhor lateral-direito do Campeonato Brasileiro de 1995, além do vice-campeonato nacional no ano seguinte, feito histórico para aquele time da Lusa, que contava também com outros importantes nomes, como o goleiro Clemer e o meia Zé Roberto. Ao lado do oeirense, eles levaram o clube paulista à sua melhor campanha em brasileiros de todos os tempos.

Essa época, aliás, é lembrada por Zé Maria como um dos melhores momentos da sua carreira.

- O ano de 1995 foi fantástico. Ganhei prêmio de melhor lateral-direito e cheguei à Seleção - recordou o jogador, que fez parte do grupo que venceu o Torneio Pré-Olímpico e acabou conquistando a medalha de bronze nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996.

Além da Portuguesa, o lateral piauiense passou por grandes clubes do futebol brasileiro. Um deles foi o Flamengo, onde chegou no pacote de reforços contratados pelo Rubro-Negro para o ano do seu centenário. Na Gávea, porém, Zé Maria jogou pouco: foram apenas 16 jogos. Mesmo assim, deixou o time com um título no currículo: o Campeonato Carioca de 1996. Naquele ano, inclusive, fez a assistência para Sávio marcar o segundo gol da vitória por 2 a 0 sobre o Vasco na final da Taça Guanabara, o primeiro turno do Estadual.

Três anos depois, Zé Maria defendeu exatamente o maior rival do Flamengo. Já com passagens pela Seleção e pelo futebol italiano, ele chegou ao Vasco no início de 1999, com a missão de suprir a ausência de Pimentel na lateral direita. Em apenas seis meses - tempo que durou seu contrato com o Gigante da Colina -, o piauiense disputou o Campeonato Carioca, o Torneio Rio-São Paulo e a Copa do Brasil. Seu melhor momento no clube foi o título do Rio-São Paulo, quando foi decisivo ao marcar o primeiro gol da equipe de São Januário na segunda partida da decisão contra o Santos (recorde no vídeo acima).

Depois disso, ainda jogou no futebol brasileiro por Palmeiras e Cruzeiro, sem o mesmo brilho e também sem conquistar títulos.

Duro golpe na Seleção

Na seleção brasileira, Zé Maria continuou sendo presença constante nas convocações do Velho Lobo Zagallo. Foi então que a carreira do lateral-direito sofreu um duro golpe. Bem cotado para disputar a Copa do Mundo da França, em 1998, o atleta acabou ficando fora da lista.

- Para mim, era o máximo jogar uma Copa do Mundo defendendo a Seleção, ainda mais brigando por posição com o Cafu. Foi muito triste ver a relação e meu nome não estar lá.

Além de perder a chance de disputar a maior competição do futebol mundial, o motivo do corte preocupava o jogador. Meses antes, Zé Maria começou a sentir dores provocadas por uma lesão na região do púbis que prejudicavam o seu desempenho.

- No último jogo da Copa Ouro de 1998, meses antes da Copa, eu pedi para o Zagallo para não jogar, porque estava com dores. Ele insistiu e eu entrei em campo, mas joguei mal. Ficava com muitas limitações.

Após ficar fora da lista dos jogadores que disputariam a Copa do Mundo, Zé Maria decidiu se concentrar no tratamento e passou quatro meses parado. O problema era grave, e o médico chegou a apontar que ele poderia ter que se aposentar ali, aos 25 anos. No entanto, seguindo o tratamento, Zé Maria voltou a atuar em novembro daquele ano, já pelo Perugia.

A carreira no exterior

A contusão da época da Copa de 1998 foi superada, e Zé Maria conseguiu continuar jogando em alto nível. Em sua carreira pela Europa, passou por times tradicionais, como o Parma (ITA) e o Internazionale (ITA), assim como outros mais modestos, como Levante (ESP) e Sheffield United (ING). E conquistou alguns títulos importantes, casos da Copa da Itália (por Parma e Inter), da Copa da Uefa (pelo Parma) e do Campeonato Italiano (pelo Inter).

De todos esses clubes, o que mais marcou a vida do jogador foi o Perugia.

- Eu me dei muito bem lá. Foi quando voltei para a Seleção, em 2001, num período superlegal. Por quatro anos seguidos estive entre os melhores da minha posição no Campeonato Italiano. Guardo um carinho muito grande por eles.

O carinho pelo clube e pela cidade é tão grande que, após encerrar a carreira e ficar um tempo no Brasil, foi para lá que ele voltou para construir sua vida. Em 2009, o já ex-jogador estava de passagem pela Itália apenas para realizar uma cirurgia no joelho, mas acabou ficando.

- Perugia é uma cidade muito gostosa, muito pequena. O Brasil é o país mais bonito do mundo, mas aqui tem segurança, algo que é difícil por aí. Aqui, posso deixar os meninos saírem tranquilamente. Aqui, eles vão para a escola a pé e brincam na praça.

O começo de tudo

José Marcelo Ferreira nasceu em 23 de julho de 1973, em Oeiras, região sudeste do Piauí. Com apenas cinco anos de idade e já sem pai, falecido anos antes, foi com a mãe e os nove irmãos para São Paulo. Na capital paulista, o garoto cresceu jogando bola na região do Brás, até que, aos 11, se juntou com um grupo de amigos com a ideia de fazer teste em um grande clube.

Os meninos queriam entrar nas categorias de base do Corinthians, mas, como a sede do Timão ficava muito longe, resolveram procurar a Portuguesa. Aí ocorreu um pequeno engano, como conta Zé Maria.

- A gente foi em um sábado, e, em vez de fazer o teste na Portuguesa, fizemos por engano no Serra Morena, um time pequeno que fica bem ao lado. Só na terça-feira seguinte fizemos o teste no clube certo. Passamos todos, mas, com o tempo, só eu fiquei.

Ali, nas categorias de base da Lusa, o garoto começou a se desenvolver como jogador de futebol.

- Eu cresci dentro da Portuguesa. Cheguei com 11 e saí com quase 23. Aprendi a jogar ali - comentou Zé Maria.

Profissionalizado, ele ainda foi emprestado para alguns clubes de menor expressão até estourar em 95.

Vida após o fim da carreira

A trajetória de Zé Maria como jogador profissional se encerrou no mesmo lugar onde começou: a Portuguesa. O lateral voltou para o clube em 2008 para disputar o Campeonato Paulista e o Brasileirão, mas por conta de lesões só atuou no Estadual.

Volta para casa

Após todos esses anos, Zé Maria ainda não realizou o que diz ser um grande desejo seu: voltar ao Piauí e relembrar suas origens.

- Eu ainda vou. Vou matar minha curiosidade de ir, passar uns 15 dias, conhecer tudo, saber de onde eu saí. Quero ver meu povo, minha casa e a praça onde eu jogava bola. Afinal, foi onde tudo começou.

Fonte: ge
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