Futebol

Léo Matos não esconde admiração pelo Vasco e revela seu ponto forte

Na sexta-feira, o lateral-direito Léo Matos trocou a estabilidade do PAOK, onde é ídolo e tinha ótimo salário, pelo desafio de vencer no país onde nasceu. Em entrevista ao ge, o atleta de 34 anos garante nem ter piscado quando o Vasco surgiu como opção. Apesar das dificuldades financeiras e esportivas, a camisa pesou.

- Decisão muito fácil de tomar. Quando o Vasco da Gama me procurou e fez uma proposta, nem pensei duas vezes. Existe uma série de razões por eu ter optado por esse desafio, mas a gente está falando de Vasco da Gama, que é um clube enorme do Brasil. Decidir trocar um time pelo Vasco não é difícil, é uma decisão fácil - resumiu Léo, cria de São Gonçalo, município do Rio de Janeiro.

Apesar de jogar na defesa, Léo se destacou pelos muitos gols no Paok - 26 em 165 jogos de acordo com o site "ogol". Ele explica que tomou gosto por marcar na Ucrânia, onde começou como meia-direita no Chornomorets, mas destaca que um hábito carioca o aproximou das redes adversárias: o futevôlei.

- Sempre sobrava uma bola, e eu tenho um ponto forte. Por eu jogar futevôlei desde pequeno, tenho uma facilidade no cabeceio. Fiz muito gol de cabeça. Todo mundo aqui comenta que eu sou o maior artilheiro entre defensores da história do PAOK - afirmou Léo, de 184m.

A "fácil decisão" de defender o Vasco se dá pela envergadura do clube no cenário nacional e no exterior, mas também tem a ver com uma velha paixão de criança: o futebol de Felipe Maestro.

- Eu desde criança falo em Felipe Maestro o tempo todo, meus amigos dizem até que eu sou chato. Foi um cara que me influenciou muito na minha infância. Sempre fui fissurado nele, no estilo de jogo dele e ficava o imitando quando era criança.

- Ele despontou quando eu tinha uns 12 anos. Se meus filhos hoje ficam no Youtube caçando vídeo de Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo, na época eu ficava esperando o Globo Esporte ou algum jogo do Vasco na Globo para ver o Felipe jogar. Para mim, é uma realização jogar no clube que formou o Felipe, que fez tanto sucesso e ganhou tantos títulos.

Léo deixa a Grécia no sábado e chega ao Rio na manhã de domingo. Confira a entrevista na íntegra abaixo:

São 26 gols em 165 jogos pelo PAOK, é bastante para um lateral. Você entra muito na área? Quais as suas características?

- Em relação à quantidade de gols, quando eu fui para a Ucrânia, cheguei com características muito ofensivas, mas lá na Ucrânia os laterais não subiam muito. Então o treinador que tive na época, e eu trabalhei com ele por cinco anos seguidos (no Chornomorets), me colocou para jogar de meia-direita.

- Ele ficava desesperado quando o lateral-esquerdo ou meia-esquerda cruzava, e o meia-direita não estava na área. Se você não entrasse uma ou duas vezes na área, ele te tirava no jogo, inclusive no primeiro tempo. Era como se fosse obrigação, então peguei esse costume.

- Comecei a fazer uns gols na Ucrânia e achei isso legal. Quando era mais novo, não ligava muito para gol. Sempre fui ofensivo, mas o bacana para mim era dar passe. Quando começa a fazer gol, você pega gosto. Voltei a jogar de lateral-direito quando vim para o PAOK, mas a nossa equipe sempre foi muito forte, com jogadores muito bons. A gente sempre teve muito a bola, atuando no campo adversário, então eu jogava espetado, praticamente como um ponta-direita.

- Muitas vezes quando a bola ia para o outro lado, em vez de eu ficar aberto ou só fechar para o meio para um contra-ataque, ia para dentro da área tentar fazer gol. E sempre sobrava uma bola, e eu tenho um ponto forte. Por eu jogar futevôlei desde pequeno, tenho uma facilidade no cabeceio. Fiz muito gol de cabeça. Todo mundo aqui comenta que eu sou o maior artilheiro entre defensores da história do PAOK.

Você é muito bem remunerado na Grécia e ídolo no PAOK. Por que deixar um lugar onde você é um grande nome para apostar num Vasco que, apesar de gigantesco, passa por dificuldades financeiras e esportivas?

- Existe uma série de razões por eu ter optado por esse desafio, mas a gente tá falando de Vasco da Gama, que é um clube enorme do Brasil. Trocar um time pelo Vasco é uma decisão fácil. Em relação à remuneração, o presidente é russo, investe no clube, e os jogadores são bem pagos. Mas, em certos momentos, a gente não tem que pensar tanto no dinheiro e sim nas realizações profissionais.

- Eu desde criança falo em Felipe Maestro o tempo todo, meus amigos dizem até que eu sou chato. Foi um cara que me influenciou muito na minha infância. Sempre fui fissurado nele, no estilo de jogo dele e ficava imitando o Felipe quando era criança.

- Ele despontou quando eu tinha uns 12 anos. Se meus filhos ficam no Youtube caçando vídeo de Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo, na minha época eu não tinha acesso a essa tecnologia toda, mas ficava esperando o Globo Esporte ou algum jogo do Vasco na Globo para ver o Felipe jogar. Para mim, é uma realização jogar no clube que formou o Felipe, que fez tanto sucesso e ganhou tantos títulos.

- Estou voltando para casa, sou do Rio de Janeiro, nascido e criado em São Gonçalo. Tenho muitos amigos e familiares vascaínos. O prazer que vou ter de jogar para eles é algo que não tem nada que pague. Decisão muito fácil de tomar. Quando o Vasco da Gama me procurou e fez uma proposta, nem pensei duas vezes.

Conhece alguém do elenco atual, diretoria ou comissão? Enfrentou o Sá Pinto na Europa?

- Por mais que esteja há muito tempo fora, sempre acompanhei o futebol brasileiro na Globo Internacional. Conheço muitos que estão no Vasco de ver jogar na TV, mas ninguém pessoalmente. Isso não é um problema, tenho facilidade de me relacionar. Tenho certeza que jogadores e comissão me receberão bem, o que facilitará minha adaptação.

- Nunca trabalhei com o Ricardo, mas ele já me conhecia e já trabalhou junto com o meu treinador atual (Abel Ferreira), que também é português, no Sporting. O Ricardo ligou para o meu treinador para poder pegar referências, e ele deu as melhores. Por mais que não tenho trabalhado com ele, acredito que já me conheça. Eu também já o conheço porque ele estava no Braga, que é uma equipe grande de Portugal. Sempre assistia a alguns jogos.

Quais seus sonhos com a camisa do Vasco? O que acha que é possível ganhar pelo clube? E como o Vasco lhe convenceu a vir?

- Minhas pretensões são as melhores. Nos meus últimos quatro anos, eu conquistei cinco títulos. Logicamente que estou contando um (2017/2018) que a federação nos tirou por conta de um episódio que hoje a gente ri, é engraçado, mas na época foi um desespero. Nosso presidente entrou com uma arma em campo, nós perdemos 12 pontos e o título em função disso (o AEK foi declarado campeão grego). Mas o nosso presidente é espetacular.

- Minhas pretensões são viver o que vivi aqui no PAOK: ganhar títulos. Logicamente que no Brasileiro a gente não está numa situação muito boa, falar em título brasileiro pode parecer estranho, mas com certeza a meta principal é se livrar dessa zona de desconforto e ir para a parte de cima da tabela.

- Indo para a parte de cima da tabela, a gente vê o que acontece. Libertadores ou muita coisa pode acontecer. Terei um ano e meio de contrato, vou disputar campeonatos diferentes. Estadual, Brasileiro e etc. Então o que mais quero é ganhar títulos.

Por que queria tanto voltar ao Brasil? Você era considerado uma grande promessa no Flamengo, foi campeão mundial sub-17 pela Seleção, mas pouca gente o conhece aqui por ter saído cedo. Tem a ver com isso?

- Decidi voltar não para passear, mas para mostrar tudo aquilo que as pessoas esperavam de mim quando jovem. Muitos amigos e familiares não tiveram oportunidade de me ver. Viam um jogo ou outro na Liga Europa. Viram quando cheguei à final da Liga Europa com o Dnipro contra o Sevilla. Não ganhamos, mas jogar essa final é muito legal. Quero demonstrar tudo aquilo que as pessoas queriam ver de mim, mas não puderam acompanhar.

- Sempre tive essa vontade de voltar ao Brasil porque saí muito jovem. Fui campeão mundial sub-17, disputei um Torneio de Toulon sub-21 ou sub-23, e o Flamengo me vendeu para o Olympique de Marselha. Eu tinha 18 ou 19 anos.

- Desde então, voltei emprestado e desde 2010 estou de forma contínua aqui fora. Desde 2004 que vinha para fora e voltava emprestado para o Brasil, tive período no Figueirense e no Paraná. Sempre tive essa vontade de voltar ao Brasil, jogar para os meus amigos e para a minha família. Mas que fosse num grande clube.

Volta ao Brasil era sempre cogitada, mas nunca se concretizava

- Praticamente todos os anos eu conversava com clubes, mas nunca dava certo porque meu salário era mais alto, o valor de transferência era alto. Agora vi como momento ideal. Por mais que eu tenha 34 anos, isso para mim é só um número. Se você buscar, eu joguei praticamente todos os jogos como titular nas últimas temporadas.

- Raramente me machuco. Me cuido muito, chego muito cedo ao clube, faço bastante exercício antes e depois dos treinos. Recuperação com água gelada, água quente e tudo que um atleta precisa para evitar ao máximo as lesões. Tudo isso procurei fazer ao longo da minha vida esportiva, cuidando de alimentação e sono.

Em entrevista ao "Atenção, Vascaínos", você tratou o Flamengo como "nosso rival". Já está criando raízes com o Vasco? Tem familiares vascaínos para dar camisas?

- Sim, com certeza rival (risos). É rival, mas sempre com muito respeito. Quando a rivalidade é saudável e fica dentro do âmbito esportivo é o que gera as emoções no futebol. Hoje vou defender a camisa do Vasco com muito orgulho, pretendo dar o meu melhor para representar muito bem.

- Quando começaram a sair as notícias, tive que preparar uma lista para quem ia dar camisa primeiro. Nunca foi diferente quando jogava fora, era uma mala só de material esportivo (risos), e agora no Vasco as coisas vão piorar. É super prazeroso ver a reação dos meus familiares, é o que eu esperava há muitos anos e, graças a Deus, agora vou poder realizar com essa minha ida para o Vasco.

Já conversou com o Sá Pinto depois do acerto?

- Não falei com ele ainda não, nos últimos três dias estava muito concentrado para fazer meu último jogo aqui. Era uma partida importante pela Liga Europa (contra o Omonia), então não tive tempo. Ele também com certeza teve os compromissos com o Vasco, mas isso não é problema. Quando eu chegar vamos ter tempo para poder conversar.

Apelido de "El Loco"

- Foram nos primeiros meses que passei a jogar aqui. Na Ucrânia, o futebol é muito agressivo. Se você não se adaptar, você não joga. Dei uma mudada no meu estilo, comecei a jogar o jogo dos caras. Pauleira e dar porrada, às vezes uma maluquices mesmo. Fiquei sete anos na Ucrânia.

- Aqui na Grécia, o jogo é parecido com o do Brasil, mais técnico e com mais espaço. E eu naquela "vibe" de Ucrânia, jogo agressivo, corpo a corpo. Em bola dividida, era cotovelo em cima. Tomei muito cartão aqui. Na Ucrânia, nem era falta e aqui era cartão (risos). Eram dois dias de comentário na TV.

- Resumindo: nos primeiros meses, falavam: "Esse cara é maluco". E botaram o apelido de "El Loco". O pessoal dá risada, mas eu não adotei e nem fiz muito marketing porque esse apelido não é muito bom com juiz. Teve uma época que juízes me marcaram por isso, mas me adaptei ao jogo grego e parei com o jogo agressivo que trouxe da Ucrânia. Voltei a jogar o futebol normal (risos)

Fonte: ge
  • Terça-feira, 05/11/2024 às 21h30
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Jogos
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Vermelhos 13 (8,18%)
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