Antônio Lopes começa neste 1º de abril sua sexta passagem pelo Vasco. O treinador, que conquistou o título mais importante da história do clube e também foi o comandante da última vez que o time sagrou-se campeão, em 2003, vai tentar resgatar a confiança da torcida no elenco, que perdeu os três clássicos que disputou no Campeonato Carioca.
Aos 66 anos, Antônio Lopes fez trabalhos de renovação parecidos em outras passagens pelo Vasco. O treinador lembra de como construiu uma história no clube do coração.
- Sou torcedor do Vasco e freqüento São Januário desde quando as cadeiras eram de madeira azul, na década de 50 - disse o treinador em sua apresentação na sala da presidência na última segunda-feira.
Estréia como treinador e primeiro título (1981-1983)
Além de ter a primeira oportunidade como profissional no Vasco em 1974, quando foi auxiliar técnico na conquista do Campeonato Brasileiro, Antônio Lopes também começou a carreira de treinador na Colina. O convite veio de Antônio Soares Calçada, que ainda não era presidente, para substituir Zagallo. O ex-delegado aceitou na hora e estreou em junho de 1981 com uma vitória de 3 a 0 sobre o Fluminense. Mas após vencer o Flamengo nos dois primeiros jogos, o Vasco perdeu o título carioca de 81 no famoso jogo do "ladrilheiro". Mas a primeira passagem de Lopes ficou marcada com o título Carioca de 1982. Contra o então campeão do mundo Flamengo, considerado imbatível, o treinador trocou sete jogadores para a decisão e conquistou o título.
- Foi um título que alavancou a minha carreira, porque eu tive coragem de mudar e derrotamos uma equipe do porte, que mantinha a hegemonia do futebol carioca. Foi um jogo espetacular e sem dúvida alguma o Roberto foi o grande nome da conquista, e principalmente da final - comentou Antônio Lopes em seu site oficial.
Mérito de ter lançado Romário (1985-1986)
Na segunda passagem como treinador do Vasco, Antônio Lopes não conquistou títulos. Mas teve o mérito de ter lançado Romário entre os profissionais do Vasco. O clube não tinha muitos recursos para contratar reforços e Antônio Lopes fez um trabalho de renovação. Um dos segredos do time era a movimentação tática de Roberto Dinamite e Romário.
- Conversei com Romário, expliquei como ele deveria jogar, vindo só até a intermediária e recebendo bolas de Roberto, que sairia um pouco mais da área. O Romário ficou preocupado de não dar certo, só que deu, e muito. Os zagueiros ficavam em dúvida se deveriam acompanhar Roberto quando saía da área,e se fizessem isto, ele botava a bola por cima de todos para a velocidade de Romário. Mas se os zagueiros ficassem junto de Romário, iam perder na velocidade para um baixinho que era infernal. O Romário tem a camisa 11 até hoje por causa desta adaptação e por ter herdado a camisa de Silvinho, um verdadeiro ponta - lembra Antônio Lopes.
O treinador deixou o Vasco irritado com a diretoria por causa do caso das "papeletas amarelas", um esquema denunciado para favorecer o Flamengo na arbitragem do Campeonato Carioca já que o clube não vencia a competição desde 1981.
- Ganhamos a Taça Guanabara de 86 com nosso time barato. No segundo turno aconteceu o negócio das papeletas amarelas e eu avisei ao Eurico que ia ter problema com arbitragem. Cheguei a receber telefonema anônimo avisando da armação. Só que Eurico não levou a sério e perdemos para o Flamengo. Me aborreci e saí do Vasco. Fui para o Fluminense - lembra Lopes em seu site oficial.
Terceira passagem sem brilho (1991)
Antônio Lopes novamente chegou para substituir Zagallo. O Vasco tinha um time muito ruim e o treinador ficou pouco tempo no clube. O desempenho foi ruim e Lopes saiu no fim da temporada. Mas garante ter o mérito de descobrir Edmundo nos juniores.
- A temporada já estava rolando e o time era muito fraquinho. De bom só o fato de colocar Edmundo e Carlos Germano para treinar entre os profissionais. Valdir ficou no banco e Pimentel até jogou comigo. Mas foi uma época complicada - lembra.
- Fui criticado por substituir o Vágner pelo Vítor, que acabou sendo driblado pelo Raul no gol decisivo. Mas poucos sabem até hoje, que o Vágner estava muito gripado e já estava totalmente esgotado fisicamente. Foi brabo, muito triste. É um título que me falta, mas ir a uma final daquelas me encheu de orgulho e o jogo foi equilibrado, tanto é que até poderíamos ter vencido.
- O time foi bem no Estadual de 2003 e a conquista foi fantástica. O Vasco não ganhava um estadual desde 1998, quando também participei da conquista.
Antônio Lopes deixou o clube durante o Brasileiro de 2003 após uma derrota de 2 a 0 para o Paysandu, em São Januário, e muitas críticas da torcida.