Foi uma noite daquelas para Luan. Ao pisar no gramado do Mineirão, o zagueiro completou 100 jogos pelo Vasco - a contagem do clube, só com partidas oficiais, está em 95 -; foi um dos destaques do time no empate por 2 a 2 com o Cruzeiro; teve o nome gritado pela torcida na arquibancada; e a quarta-feira ainda reservou a ele um reencontro especial com um ídolo e velho amigo: Dedé. O zagueiro de 22 anos recebeu no vestiário cruz-maltino o ex-companheiro, a quem chama de "padrinho" no futebol, e lhe entregou sua camisa da partida de recordação. Mas o maior presente do dia foi o do vascaíno, que deixou o estádio emocionado e só lamentou o fato de não ter coroado a data com a vitória.
- Poderia ter sido um pouco melhor se a gente tivesse saído com a vitória. A gente sai com a consciência bem tranquila de que viemos aqui e fizemos o nosso melhor. Mas é um dia muito especial que vou guardar na minha memória. Hoje ainda encontrei um padrinho meu no futebol que foi o Dedé, me ajudou bastante quando subi (aos profissionais). Estou muito feliz. Ele foi lá no vestiário, é uma pessoa que admiro bastante, uma das que mais me ajudou no futebol, no momento de transição que foi o mais difícil para mim. Só tenho a agradecer, é um amigo que o futebol me deu - contou.
Atualmente no Cruzeiro, Dedé está no departamento médico e por isso ficou fora do jogo. Quando deixou o Vasco em 2013, o defensor não economizou elogios a Luan e passou o bastão para o jovem, na época com só 20 anos, para ser o seu substituto no clube. E o menino, natural de Vitória (ES), cresceu. Desde sua estreia no time principal, no empate por 1 a 1 com o Náutico pelo Brasileirão de 2012, acumula 42 vitórias, 34 empates e 24 derrotas, com cinco gols marcados.
Em sua quarta temporada entre os profissionais, ele alcança a rara marca de 100 jogos com a camisa cruz-maltina - os últimos pratas da casa a atingirem tal feito foram Rômulo e Allan, em 2012, pouco antes de serem vendidos para Spartak Moscou (Rússia) e Udinese (Itália), respectivamente. Motivos de sobra para ganhar o reconhecimento da torcida e escutar seu nome ser gritado a plenos pulmões no Mineirão.
- Ouvi. Fico feliz. A torcida fez uma grande festa mesmo em menor número do que a torcida do Cruzeiro, conseguiram nos incentivar. A gente proporcionou isso, fizemos um bom jogo e vamos fazer um melhor ainda contra o Sport.
Porém, nem só de alegrias foi a noite. O zagueiro explicou que foi traído por um desvio na bola no gol de Alisson, o segundo sofrido pela equipe. Mas admitiu que falhou no lance e tirou como aprendizado.
- Cada um interpreta de uma forma. Eu estava inteiro na bola, quando o Willian desviou eu perdi o tempo. Fui tentar antecipar com o peito, mas só que a bola veio e raspou na minha trava, a chuteira estava molhada... Acontece, os erros são para aprender. Não me eximo da culpa, não. Assumo a responsabilidade. Mas graças a Deus consegui fazer uma grande partida.
Além do centésimo jogo, Luan também já havia obtido outros feitos nesta temporada: faturou seu primeiro título nos profissionais ao ganhar o estadual e conquistou a medalha de bronze como capitão da seleção brasileira nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá.