Há um mês a 777 Partners comunicava a saída de Luiz Mello da SAF do Vasco. No mesmo dia teve início a transição de comando, em reunião no Rio de Janeiro, que teve a confirmação de Lúcio Barbosa como CEO interino. Desde então algumas coisas mudaram.
Com um perfil discreto e apaziguador, Lúcio conseguiu em pouco tempo o que até então parecia distante: a união entre todos os setores do Vasco. A gestão da SAF vive um momento de mais proximidade do clube associativo e do futebol.
O clima nos bastidores mudou. Não é segredo que Luiz Mello tinha desafetos na associação e, até certo ponto, teve seu trabalhado minado internamente no Vasco. Lúcio Barbosa, por outro lado, tem uma boa relação com a direção do clube. O discurso no momento é de união - os bons resultados no futebol, com um princípio de reação no Brasileirão, só contribuem para isso.
Se nos últimos meses houve seguidas cobranças públicas da associação em relação à SAF, nos últimos 30 dias as partes se uniram e trabalharam juntas em algumas questões. Foram os casos da disputa para levar o jogo contra o Atlético-MG para o Maracanã e da estratégia no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) contra a punição do clube. Trabalhos a quatro mãos.
Os departamentos internos também estão mais próximos. Toda a celebração do centenário dos Camisas Negras foi idealizada em conjunto pela SAF e pelo clube.
Há um caso emblemático. Na próxima semana será comemorado em São Januário o dia dos funcionários do Vasco. Até então, SAF e clube fariam eventos diferentes. Após a chegada de Lúcio Barbosa, ficou combinado que ocorrerá uma celebração conjunta para todos. No fim do ano passado, por exemplo, houve confraternizações de fim de ano distintas, o que gerou um mal-estar entre os colaboradores.
Lúcio tem um perfil discreto e falou publicamente em raros momentos durante os 30 dias no comando da SAF. Um deles foi na celebração de 125 anos do Vasco, na sede náutica, na segunda-feira, quando, ao lado da cúpula do clube associativo, pediu união entre os vascaínos.
- A história nos prova que a gente estava do lado certo e vamos continuar. Com muito orgulho a gente toma frente dessa missão. Mas a gente não consegue sozinho. Só consegue se estiver com os vascaínos unidos - disse.
- Tenho certeza que a gente tem os vascaínos unidos e aí sim a gente vai ficar mais forte para vencer o que tem de vencer. A gente pode perder algumas batalhas, mas no final, a guerra que é mais importante, a gente vai vencer. Mas só se estivermos todos juntos - acrescentou.
A relação entre a gestão da SAF e o futebol também deu passos importantes. Mello e Paulo Bracks tinham uma relação cordial, mas nem sempre falavam a mesma língua. Houve desgaste em relação à liberação de recursos para a pasta, assim como a dívida contraída com clubes e empresários na janela passada, que atrapalhou o Vasco recentemente no mercado.
Na reunião que marcou a passagem de bastão no comando da SAF, com as participações de Lúcio e Mello, foram liberados recursos extras para um maior investimento em reforços, o que ajudou nas contratações de Vegetti e Payet, jogadores que desembarcaram em agosto no clube.
O novo CEO é mais próximo ao futebol, costuma acompanhar treinos e é "mais sensível" às demandas da pasta, segundo uma fonte ouvida pelo ge. Desde que sentou na cadeira, ele toma a frente nos jogos e costuma ser um dos primeiros a desembarcar do ônibus de delegação, sempre vestindo uma camisa do Vasco.
- O Lúcio se empenhou muito para viabilizar mais recursos para o futebol. A contratação do Vegetti foi aos 49 minutos do segundo tempo, no último dia da janela.
A ajuda foi citada por Paulo Bracks. Ele falou da importância de Lúcio Barbosa e do departamento jurídico na contratação de Vegetti, durante a apresentação do argentino, e abriu a coletiva de apresentação de Payet falando da união dos departamentos do Vasco.
- Lúcio, o Vasco é um só. E eu vejo nessa sala que o Vasco está unido. E é essa união do Vasco que vai nos fortalecer. Fico muito feliz de poder constatar a união do Vasco dentro desta sala - disse Bracks, em suas primeiras palavras ao abrir a coletiva de apresentação de Payet, semana passada, em São Januário (o presidente Jorge Salgado e o vice-presidente geral Carlos Roberto Osório representaram a associação no evento e sentaram na primeira fileira).
Lúcio Barbosa vem acumulando as funções de CEO e diretor financeiro da SAF. Anunciado em 25 de julho como interino, ele tem o costume de desconversar toda vez que é perguntado sobre a possibilidade de assumir o cargo de maneira definitiva. "Eu só quero é ajudar o Vasco", responde ele, que é torcedor do clube.