O clássico entre Botafogo e Vasco, amanhã, às 11h (de Brasília), no Nilton Santos, é mais do que um novo encontro entre tradicionais clubes do futebol brasileiro. O jogo expõe um debate que envolve técnicos e tem dominado analistas e torcedores nos últimos tempos. De um lado, o novato Eduardo Barroca. Do outro, o experiente Vanderlei Luxemburgo. Qual será o futuro da profissão no país?
Cada vez mais os profissionais da bola se capacitam através de cursos. A própria CBF (Confederação Brasileira de Futebol) promove aulas e academias para formar novos treinadores. O estudo atraiu até boleiros tradicionais.
Muitos analistas dizem acreditar que o velho jeito de fazer futebol perderá espaço em pouco tempo, ainda que considerem importante a experiência. Barroca, por exemplo, se enquadra na categoria de um novato estudioso.
O Botafogo é apenas o seu primeiro trabalho em um elenco profissional. Aos 37 anos, ele tem atraído olhares pela aplicação tática e pensamento moderno de jogo, mesmo em um Botafogo com limitações no grupo.
Barroca tem uma visão de futebol formada em cursos e a aplicou desde os trabalhos nas categorias de base. Outros profissionais fazem parte dessa escola. Todos mais jovens e com a filosofia de jogo elogiada. Fernando Diniz (Fluminense) e Tiago Nunes (Athletico-PR) são alguns exemplos em evidência no momento.
A própria saída do veterano e experiente técnico Abel Braga do Flamengo se tornou ingrediente do debate recente. Com um elenco milionário em mãos, Abel não conseguiu em nenhum momento fazer o time jogar bem. A torcida não ficou satisfeita apenas com os resultados e pediu a sua saída. Ou seja, se apresentar bem é algo cada vez mais observado por quem acompanha futebol.
No lado do Vasco, Vanderlei Luxemburgo vive situação diferente. Se hoje Barroca é do time que pode promover uma "revolução técnica" no Brasil, Luxa a fez no começo dos anos 1990 e assim estendeu o processo até os anos 2000. Na sua época, foi considerado imbatível, com domínio tático e de vestiário.
Quando foi escolhido para tirar o Vasco da crise, parte dos torcedores e da crítica questionou. Vanderlei estava parado há quase dois anos tem a necessidade de emplacar novamente um bom trabalho. Ele também quer manter viva a chama conduzida por Felipão, por exemplo.
O comandante do Palmeiras viveu processo semelhante no que envolve os questionamentos, mas emplacou o título brasileiro do ano passado, lidera a competição atualmente e contrariou os críticos. O futebol apresentado muitas vezes não é vistoso, mas tem funcionado para o que o Alviverde precisa.
O debate continua a cada rodada de futebol no Brasil. Ainda que a classe seja a mesma, existe um "duelo" sobre o que funciona mais no futebol moderno. O clássico entre Botafogo e Vasco será apenas mais uma amostra de tal discussão.