O pior já passou. É assim que a mãe do meia Bernardo, do Vasco, se refere ao suposto sequestro e agressões que seu filho teria sofrido no último domingo, no complexo da Maré, no Rio de Janeiro, por envolvimento com a mulher de um traficante. Calma e serena, Joelma Vieira Souza diz que foi tranquilizada pelo filho por telefone e que ele garantiu não ter sido espancado.
Ela e o pai, o ex-jogador do Palmeiras Hélio Doido, irão ao Rio de Janeiro entre segunda e terça-feira para dar apoio psicológico ao filho e acompanhar a sua cirurgia no joelho marcada para quarta-feira. Mais do que isso: ela disse que viaja para dar uma bronca em Bernardo.
Vou puxar a orelha dele (risos). Fica assustando a gente assim. Brincadeira, mas vou falar para ele tomar cuidado com as companhias e com os lugares que frequenta, pois o Rio está muito perigoso. Não só o Rio, como o Brasil inteiro. Todo dia vemos várias notícias sobre violência. Temos de ficar espertos. Vou fazer meu papel de mãe que é orientar, cuidar e apoiar - disse.
Joelma falou à reportagem do GLOBOESPORTE.COM sobre o susto que levou quando foi comunicada sobre o ocorrido, mas que agora está tranquila e sonhando ver o filho em campo outra vez.
Globoesporte.com: Como você soube da notícia? Qual foi a sua reação?
Joelma: Um amigo muito próximo do Bernardo nos telefonou na quinta à noite. Ele falou para não ficarmos preocupados, mas que talvez no dia seguinte sairia na mídia uma notícia desagradável. Na hora, pegamos o computador e vimos a notícia no Globoesporte.com. Ficamos superpreocupados, mas depois conversamos com o Bernardo e nos acalmamos
O que Bernardo falou para vocês?
Joelma: Ele disse que não sofreu agressão, que houve um mal-entendido. Se ele tivesse se machucado, teria nos ligado no domingo. Preferiu nos poupar disso, mas depois que vazou a história, ele conversou e nos tranquilizou. Ele está bem, tanto que na segunda-feira (seguinte ao ocorrido) ele deu entrevista para o SporTV falando sobre a cirurgia que vai fazer (Bernardo rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo na partida contra o Quissamã, há duas semanas). Se ele tivesse sido espancado e torturado, como estão falando, ele teria sequelas.
Ele disse que foi fazer na Maré?
Joelma: Ele é um menino bom, tem amigos de todas as classes sociais. Ele tem amigos na favela, amigos com dinheiro, enfim. Ano passado mesmo, fez jogos beneficentes no fim do ano lá, também fez aqui em Sorocaba e em outros lugares. Bernardo gosta de ajudar e foi convidado por um grupo de amigos para ir a uma feijoada. E um rapaz foi tirar satisfação com ele por causa de mulher, não sei direito, e houve esse desentendimento. Mas ele está bem e não quer falar agora. Tudo será esclarecido na semana que vem.
Ele não falou mais nada?
Mãe: Foi apenas isso. Ele disse que está bem. Não está na cidade do Rio de Janeiro, mas no começo da semana deve retornar para lá para fazer a operação. Nós estamos conversando com ele e iremos dar o apoio necessário.
Entenda o caso
A polícia do Rio de Janeiro afirmou que, no último domingo, Bernardo foi sequestrado e agredido por traficantes dentro do Complexo da Maré. O atleta teria se envolvido com Dayana Rodrigues, supostamente uma das mulheres do traficante Marcelo Santos das Dores, o Menor P, líder no local.
Bernardo e Dayana teriam sido flagrados por bandidos na Favela Salsa e Merengue, e de lá levados para uma casa na Vila do João, onde teriam sido deixados nus, amarrados com fita crepe, torturados com choques elétricos e espancados.
O jogador comunicou o caso à diretoria do Vasco na quinta-feira. Em nota oficial divulgada nesta sexta, o clube oferece suporte ao meia, além de assessoria jurídica e apoio psicológico.
A nossa prioridade é dar apoio total ao jogador. Claro que o Vasco não quer ver seu nome envolvido em qualquer coisa que não seja da esfera desportiva. Mas entende que o atleta deve receber suporte do clube em qualquer situação, enquanto os procedimentos legais são tomados disse o diretor executivo de futebol do clube, René Simões.