Futebol

Mágoa com Eurico, boleiro... O perfil de Valdir Bigode

Ainda sem contar com Jorginho, anunciado como novo treinador do Vasco no lugar de Zé Ricardo, o Vasco terá à beira do campo, de maneira interina, contra o Cruzeiro, nesta quarta-feira, às 21h45, no Mineirão, o auxiliar Valdir Bigode. "Tapando o buraco" pela terceira vez, o ex-atacante do clube está invicto na função, caracteriza-se pelo estilo "povão" e nutria a esperança de ser efetivado no cargo.

Antes do duelo com os mineiros, o UOL Esporte traçou um perfil deste profissional de 46 anos que, como jogador, tornou-se o décimo maior artilheiro da história do Vasco:

Tinha esperança na efetivação

A contratação de Jorginho pode ser considerada frustrante para Valdir, embora ele tenha uma boa relação com o técnico, com quem trabalhou no Vasco na passagem anterior do treinador. A decepção fica por conta da esperança que ele nutria em ser efetivado no cargo desta vez. Na entrevista coletiva desta terça-feira, antes do anúncio do retorno do treinador, Bigode não ficou em cima do muro ao ser perguntado sobre o assunto. 

"Eu sou um velho do futebol e jovem na função. Mas eu tenho que aproveitar tudo o que der. Essa oportunidade é muito maior do que foi a primeira e a segunda. Se ficar o Valdir aí, será legal. Não sou o bonzão, mas vou fazer o melhor para continuar", disse.

Na saída da sala de imprensa de São Januário após a entrevista coletiva, chegou a brincar com os jornalistas:

"Torçam por mim (risos)".

Linguagem boleira, Fusca e Escort

Valdir sempre carregou consigo o estilo humilde. Ostentando o bigode - sua marca registrada - desde os 17 anos, desfilou com um Fusca 1978 por muito tempo no profissional, que foi trocado por um Escort 2002 após ser roubado. A modernização só veio em 2004 para um Citroen C3.

Seguindo a linha automobilística, ele surpreendeu com a corajosa decisão de escalar o criticado zagueiro Paulão para o duelo com o Cruzeiro pela primeira vez após o defensor retornar do afastamento por conta de postagem polêmica nas redes sociais:

"Você está com seu carro, bateu o carro, vai jogar ele fora? Não. Vai consertar. O Paulão vai jogar. Terminou o ano bem. Já teve uma punição. Pertence ao clube, já conversei com a comissão e vamos tentar recuperar esses caras".

Roupas de marca também não fazem parte do seu vestuário assim como lugares costumeiramente frequentados por "bacanas". O que gosta mesmo é de desfrutar das folgas em Campo Grande, na zona oeste do Rio, onde foi nascido e criado.

Simples no jeito de ser, fala a linguagem dos boleiros, o que o faz se sentir à vontade e gozar da simpatia do atual elenco do Vasco, um ponto positivo a seu favor que poderia ajudar no sonho da efetivação, que acabou não ocorrendo.

"À vontade não precisa perguntar. Estou no Vasco há muitos anos. Busquei uma carreira de jogador, fui feliz, e já estou indo para o quarto ano (como treinador e auxiliar). Mas antes de treinador ou auxiliar, sou funcionário do Vasco. Amanhã eu vou ser o treinador. Depois do jogo é outra história", disse.

Protagonista em quadro da Vasco TV

A facilidade em lidar com os jogadores lhe rendeu recentemente até mesmo um quadro na "Vasco TV". Ele se chama "Desafio do Bigode", onde reúne atletas do atual elenco para gincanas que podem ser através de fundamentos do futebol ou através do formato de quiz sobre a história do clube (veja acima).

Os vídeos têm feito tanto sucesso com os torcedores vascaínos que novas gravações estão sendo agendadas pela produção.

A invencibilidade

Bigode tem apenas dois jogos como técnico-interino. Ele coleciona um empate em 0 a 0 com o Botafogo, pelo Estadual, e uma vitória por 1 a 0 sobre o Fluminense, no Brasileiro, ambos em 2017.

Valoriza a prata-da-casa

Campeão da Copa São Paulo de juniores como jogador em 1992, ele costuma valorizar os atletas da categoria de base. Diante do Alvinegro, apostou em Evander mais avançado no meio após um período como volante com Cristóvão Borges. Já contra o Tricolor, depositou confiança em Mateus Vital, hoje no Corinthians. Agora, frente ao Cruzeiro, deve escalar entre os titulares três atletas da base: Henrique, Andrey e Bruno Cosendey.

Euriquista? Não é bem assim...

Valdir Bigode entrou como auxiliar do Vasco na gestão de Eurico Miranda e o apoiou nas eleições, inclusive com alguns opositores do dirigente alegando que ele angariou votos para o experiente cartola na zona oeste do Rio. Porém, é um engano afirmar que, hoje em dia, o ex-atacante é um fã do ex-presidente. O motivo? Uma dívida que o ex-mandatário prometeu ser paga e não foi resolvida.

Em algumas oportunidades Bigode procurou Eurico para solucionar a questão, mas Miranda teria dado de ombros. Há quem diga que o apoio na última eleição foi apenas por uma questão de sobrevivência no cargo.

Fonte: UOL Esporte
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