Marco Aurélio Ayupe é tratado como ídolo em São João Nepomuceno (MG). Um reconhecimento que nunca teve igual quando foi um esforçado lateral-direito, com passagens por Vasco, Grêmio, Sport e mais 11 times do Brasil. A escolinha de futebol da prefeitura tem 200 alunos e já revelou alguns valores, como Pablo (ex-Vasco e Cruzeiro, hoje no Figueirense), Stefano (lateral do Fluminense) e Iago (que está no juniores do Palmeiras).
Wendel era mais uma promessa, mais um que se destacava na pequena cidade mineira, que tem em Heleno de Freitas o maior expoente, mas também já teve Adil, ex-ponta esquerda do Corinthians. Apesar do trabalho social, como gosta de lembrar Ayupe, já durar 10 anos em São João, a morte do garoto no Rio, em Itaguaí, deixou ele pensativo sobre o futuro. Muita gente na cidade já conta que Wendel foi o último garoto que Ayupe vai levar para outros estados. Ele não quer mais essa responsabilidade sobre seus ombros.
- Eu não tenho força para continuar o trabalho, mas meu telefone toca a toda hora. É pai querendo saber quando volta a escolinha. Agora, se vou continuar levando para os clubes ou não, não sei ainda. Só com o tempo é que vou ver. Estou assustado - disse Ayupe, por telefone. Ele será convocado para depor na 50ª DP, de Itaguaí, sobre a morte do menino.
O ex-lateral-direito morou por oito anos na concentração do Vasco, em São Januário, onde jogou durante 11 anos. Ele sabe o que é viver longe da família.
- No momento, minha preocupação é com os pais dele. Quero estar junto do Carlos, da Rita. Eles moram numa casa simples, é uma família trabalhadora, sempre participaram dos jogos do menino (Wendel), ainda tem a situação do filho estar preso. É barra - lembrou Ayupe, que vê a morte do ex-aluno da escolinha como fatalidade.
- Estamos encarando assim. É uma coisa que deve acontecer uma vez entre um bilhão de chances - lamenta ele, que deve retomar as atividades neste fim de semana, por causa de campeonatos regionais que o time de São João Nepomuceno participa.