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Marcos Blanco revela planos de faturamento para a Copa 2014

A uma semana do início da Copa de 2010, o secretário geral da Fifa, Jérôme Valcke, anunciou aumento de 50% das receitas do evento em relação ao Mundial da Alemanha. No último relatório de atividades e finanças da entidade, publicado em junho deste ano, os números vieram a público: com direitos de TV, marketing, hospitalidade e licenciamento de produtos, a Fifa arrecadou US$ 3,65 bilhões com a competição na África do Sul, contra despesas de US$ 1,29 bilhão. Entre elas, US$ 100 milhões foram destinados ao Comitê Organizador Local, que registrou lucro operacional de outros US$ 10 milhões pós-torneio. Com o esperado aquecimento do ambiente econômico do futebol nos próximos anos no Brasil, a previsão é de que esses valores se multipliquem, mas, como já têm destinos bem definidos, os clubes brasileiros precisam se mexer se quiserem surfar a onda de prosperidade que está a caminho.

Os clubes alemães se beneficiaram diretamente da Copa de 2006. Muitos projetaram suas marcas fora da Europa, mas o aumento de receitas é que dá a real dimensão das vantagens da exposição. O Hamburgo é o melhor exemplo. A variação de sua arrecadação anual, entre 2005 e 2007, foi de 61% (de 75 milhões para 120,4 milhões). Em quatro anos, chegou a 93%.

No mesmo período, o Bayern de Munique, principal equipe do país, registrou crescimento de 53%, com orçamento em 2009 de 289,5 milhões, cerca de 15% da receita total movimentada pelo mercado brasileiro de clubes de futebol naquele ano. Na África do Sul, o Bayern não ficou atrás. Foi o segundo clube do mundo que mais recebeu da Fifa por causa da cessão de jogadores às seleções nacionais que participaram do evento. Entraram nos cofres bávaros US$ 778.667. O Barcelona, maior beneficiário, ganhou US$ 866.267. Cruzeiro, Flamengo e Santos, que cederam Gilberto, Kléberson e Robinho tiveram direito a US$ 56 mil cada.

O atual quadro de receitas do futebol brasileiro, em alguns casos, tem padrão europeu. O Corinthians é considerado um \"case\" de destaque. Em 2010, arrecadou cerca de R$ 207 milhões entre transferências de atletas, cotas de TV, patrocínio, publicidade, bilheteria e outras fontes como clube social e esporte amador. O sucesso estrondoso dos clubes alemães, no entanto, está diretamente ligado à infraestrutura de que dispõem, além, é claro, da organização do campeonato e da força da economia local, cuja solidez tem resistido aos efeitos das crises globais.

Para profissionais de marketing que atuam no mercado do futebol, investir em infraestrutura deveria ser o ponto de partida para os clubes que desejam aproveitar ao máximo a Copa do Mundo. Quem já possui centro de treinamento, como Atlético-MG, Cruzeiro, São Paulo e Atlético-PR larga na frente. Além de abrigar seleções durante o Mundial, poderá usar o espaço para realizar ações de marketing, atraindo empresários e a mídia internacional para dentro da própria casa, gerando negócios e, consequentemente, dinheiro. Neste quesito, os quatro grandes do Rio não têm muito o que fazer.

- Os melhores CTs do Rio são os do Tigres e do Nova Iguaçu, mas dificilmente uma seleção ficaria tão longe. A Granja Comary é obsoleta. No Ninho do Urubu, os jogadores almoçam num contêiner e não dá para ficar em General Severiano - diz João Cláudio de Luca, sócio de uma empresa de marketing esportivo.

Internacionalização e fidelização

Diretor da área de esportes da BDO Consultoria, de São Paulo, Amir Somoggi complementa:

- E agora não há tempo para captar recursos e construir.

Somoggi adverte que equipamento esportivo não é tudo. Ter visão mercadológica é fundamental. Fernando Gonçalves, da Traffic, concorda. Mas lembra que, com a Copa, o brasileiro criará novos hábitos de frequentar estádios, o que significará taxas de ocupação média maiores e aumento de bilheteria.

- Palmeiras e Grêmio terão novos estádios, vão arrebentar - aposta. - A perspectiva para venda de material esportivo e ganhos com marketing e direitos de TV é muito boa.

Principal destino turístico do país, sede da final da Copa e do centro de mídia, tudo leva a crer que o Rio será a cidade que mais receberá turistas em 2014. Se souberem trabalhar planos de marketing capazes de fidelizar torcedores, internacionalizar suas marcas, vender produtos e cativar o visitante estrangeiro, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco podem se beneficiar diretamente.

- Com a Copa, o ambiente de consumo se torna favorável. Queremos aproveitar o legado a favor da marca - salienta o diretor de marketing alvinegro, Marcelo Guimarães.

O Vasco, que inaugura uma megaloja em setembro, prevê lucros com a construção do centro de memória.

- A consolidação das leis trabalhistas e o gol mil de Romário aconteceram em São Januário. Vamos explorar essa história do clube - revela Marcos Blanco, do Vasco.

O Fluminense quer estreitar os laços com países onde jogadores do clube atuaram. E também explorar o fato de o primeiro jogo da seleção brasileira ter sido nas Laranjeiras.

- Os patrocinadores oficiais da Copa passarão ser investidores potenciais no mercado do futebol. Os grandes clubes podem abordá-los após o torneio para continuar o trabalho no setor - conclui Marcos Duarte, novo diretor de marketing do Flamengo.

Fonte: Globo Online
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