Mico Freitas sempre foi avesso a exposições. Casado há 13 anos com a cantora Kelly Key, o angolano gerenciava as empresas do pai até o início deste ano, quando criou coragem para ir atrás de um sonho: ser técnico. O primeiro passo foi convencer o pai, que não queria o filho nesse mundo do futebol. O segundo, iniciar cursos.
Dez meses após começar os módulos da capacitação para técnico, Mico treina o sub-11 do Vasco, recebeu uma proposta para assumir um time da Série A sergipana e se prepara para uma meta audaciosa: assumir a seleção de Angola.
— Sempre fui ligado ao futebol. Parei de jogar aos 18 anos e fui estudar. Mas nutria a vontade de ser técnico de Angola, apesar de nunca fazer nada para ir atrás — contou o ex-jogador. — Sei que é ambicioso. Mas só quero assumir quando me sentir capaz. Não quero entrar por indicação. Por isso me preparo.
Formado em Direito por exigência do pai, Mico pediu permissão para se “afastar dos negócios”. O seu primeiro estágio na nova profissão se iniciou no Vasco há três meses. A experiência serviu para ajudá-lo a vivenciar a nova era do futebol e dar os primeiros passos na carreira.
— Durante o curso, conheci colegas que trabalhavam no Vasco, que me convidaram para fazer parte da comissão técnica. Aceitei na hora. Para mim, é muito gostoso. Ensino e aprendo muito. Senti um frio na barriga quando fiquei à beira do campo pela primeira vez — disse o jovem.
O estágio como treinador do sub-11 do Vasco termina no final deste mês, após a disputa da Copa Light. A única certeza de Mico é que ele não deseja treinar mais a base.
— Acho que essa experiência no Vasco foi suficiente. Há muita pressão, mas de outra forma. Mas os garotos são mais inteligentes que os profissionais — opinou.
Apoio da mulher
O primeiro convite para ser técnico profissional surgiu do Amadense, que disputará a Série A do Sergipano 2015 e a Copa do Brasil. Mico Freitas ainda não decidiu se aceitará ou não. O campeonato se inicia no dia 7 de dezembro de 2014.
— O presidente do Amadense me procurou com essa proposta. É tentadora, mas não sei se quero isso agora ou me preparar mais. Eu fiquei de ir lá para conhecer a estrutura. Mas gostei do cara, é um cara sonhador. Ele pegou o time na Série B e montou tudo, categoria de base... Banca tudo sozinho. Eu gosto de pessoas assim, que aceitam desafios — explicou.
O angolano tem total apoio de Kelly Key. Até mesmo se houver a necessidade de mudanças para algum lugar do Brasil ou até mesmo para fora do país.
— Ela me apoiou 100%. Sabe que é minha paixão desde moleque. Caso eu aceite a proposta, vamos ver como vamos fazer, se nos mudamos ou não. Eu sou do lema “deixa a vida me levar”. Então, não tenho como prever algo que não aconteceu ainda. Vamos decidir, analisar quando realmente ocorrer – falou.
Inspiração em Guardiola e Mourinho
No terceiro módulo do curso de técnico e ainda fazendo uma pós-graduação em esporte, Mico quer estudar na Europa. A escola de José Mourinho, em Lisboa, é uma das referências do empresário. Aliás, o treinador português é um dos inspiradores do angolano, assim como Pep Guardiola.
– Me inspiro em quatro grandes técnicos: Mourinho, Guardiola, Ancelotti e Simeone. Sei que todos são diferentes: um é retranqueiro, outro ataca mais. Porém, os admiro como profissionais. O Mourinho, por exemplo, tem o estilo mais marrento, mas acho que é só marketing. O Guardiola é completamente diferente. Mas todos são os mais atualizados – analisou.