Num Vasco com mais momentos difíceis que positivos nos últimos anos, Martín Silva vai cravando seu nome como um dos goleiros mais marcantes da história do clube. Herói da classificação cruzmaltina para a fase de grupos nesta quarta-feira ao defender três cobranças na disputa de pênaltis contra o Jorge Wilstermann, o uruguaio escreveu um novo capítulo na relação que já o alça ao status de ídolo, desta vez como principal líder do reformulado e jovem elenco vascaíno.
A idolatria não é para menos, e vai muito além das boas atuações dentro das quatro linhas. Ela parte desde o início de sua trajetória no clube, quando aceitou defender o time para disputar a Série B mesmo tendo se destacado como vice-campeão da Copa Libertadores de 2014. Enfrentou também problemas de saúde de sua então recém-nascida filha Pilar, salários atrasados, recusou propostas de Boca Juniors (ARG) e São Paulo, foi bicampeão carioca e rebaixado no Brasileiro em 2015.
Na transição de diretoria recente, viu o clube à deriva e, mesmo aconselhado por pessoas próximas a deixar o Vasco, não abandonou o barco e preferiu ficar.
Cogitado para mais uma vez disputar a Copa do Mundo pelo Uruguai, ele já está na quarta temporada pelo cruzmaltino e soma 203 jogos. Introvertido, é de pouca conversa, detesta dar entrevistas mas, quando abre a boca dentro do vestiário, todos param para ouvi-lo.
Com a braçadeira herdada de Nenê, que foi para o São Paulo, e sem contar também com a liderança de Anderson Martins, que seguiu o mesmo caminho, Martín Silva tornou-se a figura central para comandar os garotos que têm uma Libertadores pela frente.
Seu ritual em dias de partida costuma ser o mesmo: chega com seu inseparável chimarrão, ouve música em silêncio total e faz seus procedimentos que antecedem ao jogo. Só pede a palavra minutos antes de o time entrar em campo, quando o elenco se reúne para a tradicional roda. Por lá, costuma ser preciso nas palavras e obtém os olhares fixos dos mais jovens.
Com o mesmo semblante exibido em derrotas, empates ou vitórias simples, ele não se empolgou por ter sido o herói da noite nesta quarta na Bolívia e demonstrou a mesma cobrança de sempre:
"Sofremos demais, estamos muito bravos com nós mesmos. Três gols no início era tudo que não podia, até do jeito que aconteceu, era o jeito deles. Mas nos classificamos, o objetivo é sempre passar. É corrigir muita coisa, mas estamos fazendo um campeonato muito bom. Voltamos ao Brasil com a classificação".
Empresário lembra que quase o tirou do Vasco
Eufórico com o desempenho de seu cliente, o empresário Régis Marques, conhecido por não ter papas na língua em redes sociais, lembrou que quase o tirou do Vasco na única vez em que ele foi vaiado pela torcida, ainda no início de sua trajetória, quando o cruzmaltino sofreu uma goleada por 4 a 1 em São Januário para o Palmeiras e o goleiro falhou e foi substituído no intervalo pelo então técnico Celso Roth.
em pensar que as vaias contra o palmeiras da torcida foi a coisa mais covarde que vi , quase me fez tirar ele do vasco !!!
Só espero que apoiem quando falhar tambem , pois nas boas estao varios com ele , quero ver nas más !!
— regis marques chedid (@regis_marques1) 22 de fevereiro de 2018