Nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, o Brasil tirou um grande peso das costas, ao pôr no peito, pela primeira vez na história, a medalha de ouro no futebol masculino. O feito inédito veio após a seleção brasileira chegar perto duas vezes seguidas: nos jogos de Pequim 2008, quando ficou com a medalha de bronze, e em Londres 2012, quando faturou a prata. Neste sábado, em Yokohama, no Japão, na decisão contra a Espanha, tem a chance de conquistar mais uma medalha dourada. E quem entende muito bem de final olímpica, de seleção brasileira e de futebol espanhol é o paraibano Mazinho, que esteve presente na traumática derrota por 2 a 1 para a União Soviética, na decisão dos Jogos de Seul 88. Nesta sexta-feira, o ex-jogador conversou com o apresentador Bruno Filho, do programa CBN Esporte Clube, da Rádio CBN João Pessoa. Ele falou sobre a sua experiência no maior evento esportivo do mundo e também teceu comentários sobre a final de amanhã, entre brasileiros e espanhóis.
Comandados por Carlos Alberto Silva, capitão do histórico tricampeonato mundial de 1970, o Brasil já moldava, em 1988, os atletas que seis anos mais tarde levariam a seleção brasileira principal a quebrar um jejum de 24 anos sem erguer uma taça de Copa do Mundo. O torcedor brasileiro acompanhou naqueles Jogos Olímpicos de Seul o nascimento do histórico entrosamento entre Bebeto e Romário, assim como o surgimento da lenda Taffarel, que teve papel determinante na semifinal olímpica contra a Alemanha (à época ainda Ocidental), defendendo um pênalti que provavelmente seria fatal para o sonho do ouro e assegurando, assim, o empate por 1 a 1 no tempo regulamentar. A estrela do gaúcho seguiu brilhando intensamente nas penalidades máximas, onde defendeu mais duas cobranças, garantindo o time verde e amarelo na decisão contra os soviéticos. Mazinho, volante daquele time, no auge dos seus 22 anos, relembra com carinho toda essa experiência.
— O que posso falar de uma final olímpica é de que sempre é muito emocionante. É uma convivência maravilhosa que você tem durante esse período com pessoas de todos os lugares do mundo. É fantástico. É um evento maravilhoso. Quando se chega até uma final de Jogos Olímpicos, é sempre algo muito emocionante, e falo disso por experiência própria, por ter sido prata em 88. É um orgulho muito grande para um atleta estar representando o seu país em um evento tão gigantesco — afirmou.
Se o ouro não veio com Mazinho, anos mais tarde viria com seu filho. Na Rio 2016, o então técnico da seleção olímpica, Rogério Micale, convocou Rafinha Alcântara para aquela edição dos Jogos. O meio-campista substituiu Gabriel Jesus na prorrogação da decisão contra a Alemanha e foi um dos jogadores que converteram os pênaltis na disputa que definiu a histórica conquista. Como não podia ser diferente, o pai de Rafinha, atualmente no Paris Saint Germain, e de Thiago, um dos destaques do Liverpool, não escondeu o orgulho de ter visto o filho no lugar mais alto do pódio, patamar que ele, o patriarca da família de boleiros, não conseguiu atingir.
— O Brasil corria atrás dessa medalha de ouro há muito tempo e nunca foi capaz de consegui-la. Sempre chegamos na porta, mas a porta sempre era fechada na nossa cara. Tenho orgulho de ter visto o meu filho fazer parte dessa conquista tão importante para a nossa seleção. Para mim, como pai, foi duplamente emocionante essa experiência — pontuou.
Mazinho possui uma relação estreita com a Espanha. Foi defendendo as cores do Valência e do Celta de Vigo que o então versátil volante ganhou notoriedade e respeito dos torcedores espanhóis. Foi no país europeu, onde mora há 27 anos, que seus filhos, Rafinha e Thiago, deram os primeiros passos no futebol, pelo Barcelona, no início da última década. Dadas as credenciais, conhecimento é o que não falta para o ex-jogador tecer os seus comentários sobre o adversário do Brasil na final deste sábado, em Tóquio.
— A Espanha é uma seleção muito efetiva, goleadora, em que sua grande maioria são atletas que atuam no futebol espanhol e na Europa. Cinquenta por cento da equipe olímpica deles esteve em campo na Eurocopa, é um time que tem um jogo agressivo, com uma linha de ataque mortal, e eu acho que será um belíssima final, já que o Brasil tem um grande elenco, um grande time, que tem ótimos atletas, e estou seguro que quem ganhará esta medalha é o torcedor, que terá a oportunidade de ver um belíssimo futebol de ambos os lados, e espero que a medalha vá para o nosso país mais uma vez — finalizou.
A seleção brasileira masculina de futebol fez nesta sexta-feira o último treino antes da final da Olimpíada contra a Espanha, em Yokohama. A disputa da medalha de ouro acontece neste sábado, às 8h30 (de Brasília). Vale lembrar que o Brasil está invicto nos Jogos, com três vitórias, dois empates, oito gols marcados e três sofridos. A Espanha também chega à decisão sem derrotas, com exatamente os mesmos números.