No Brasil, país que na terça-feira sofreu seu recorde de mortes (600) pela Covid-19, a batalha contra o vírus ainda se mostra árdua e incessante. É difícil tratar de um assunto que não seja o combate à doença dentro de uma Unidade de Terapia Intensiva, onde a todo momento pacientes entram e saem - às vezes sem vida. Foi pensando numa maneira de amenizar a angústia que uma equipe do Rio de Janeiro experimentou inserir o futebol no tratamento aos doentes e deu graça, mesmo o pouco que seja, à rotina de um hospital.
O Dr. Elias Gouvêa e seus colegas, que tratam de pacientes infectados pelo coronavírus no Rios Dor, hospital de Jacarepaguá, colocaram nesta quarta-feira o escudo dos clubes pelos quais torcem sobre a pesada paramentação de trabalho. Por cima de coletes e macacões, e destacando-se tal qual máscaras e toucas de proteção, estavam os escudos de Flamengo, Fluminense, Vasco, Internacional... e até do Volta Redonda.
Dessa forma, os médicos viraram também torcedores.
- A gente tem que encontrar um motivo para alegrar, e o futebol é sempre uma forma para alegrar, sempre alegra- conta o médico Elias Gouvêa.
"O pessoal sempre fica muito triste, com a carga de trabalho redobrada. A rotina de paramentação é pesada, a gente entra no trabalho paramentado e não pode nem beber água, comer. Às vezes fica mais de seis horas assim. Nesse período, a gente atende colegas de trabalho que estão doentes, pacientes graves, dá notícias ruins. E o paciente que está grave não recebe visitas, só uma ligação por dia. Tivemos essa ideia que foi para dar um pouco de descontração no meio do trabalho", completou.
No hospital em que a equipe trabalha, com o objetivo de facilitar o atendimento a pacientes de coronavírus, as UTI's se uniram para que fosse formado um centro único de tratamento. É por isso que o Dr. Elias, que é cardiologista, está na linha de frente no combate à doença que normalmente ataca o pulmão. E também porque cardiopatas estão no grupo de risco e têm grandes chances de sofrer problemas cardiovasculares ao contrair o vírus, por exemplo.
Nota-se que Elias, o primeiro da esquerda para a direita na imagem, é o único que carrega dois escudos: Fluminense e Volta Redonda. Ele é tricolor de coração, mas tem um carinho grande pelo Voltaço, onde seus dois filhos jogam pelas categorias de base.
- O importante é que arrancamos algumas risadas - explica ele, que tem 48 anos e há 13 trabalha no Rios Dor. - O paciente vê, a gente pergunta o time deles, e isso deu um resultado. A equipe tentou trazer um pouquinho de divertimento para um território de tanta dor, de um trabalho pesado. Os pacientes veem que não vamos lá só para abordar a doença, vamos falar de futebol também, qual o clube que ele gosta.
Feliz com a resposta dos pacientes e falando pela equipe inteira, Dr. Elias informou que deve repetir a estratégias outras vezes.