Dorival Júnior nem deu atenção às risadas dos goleiros depois que Léo Lima fez uma paradinha e bateu pênalti para fora no treino de finalizações. Preocupado em orientar o atacante reserva Faiolli, quando a noite de ontem já caía, o técnico do Vasco não está para brincadeiras. Apesar de seu time já estar classificado para a semifinal da Taça Rio, quer aproveitar o jogo contra o Macaé, hoje, às 21h45m, no Maracanã, para conservar a regularidade necessária à longa caminhada. Nas ruas, o número de camisas do Vasco é crescente como a confiança dos jogadores, mas no alto do mastro do Vasco-Barra, uma esfarrapada bandeira cruzmaltina indica que a costura de uma nova identidade ainda não está completa.
Em suas palavras e treinos, Dorival é repetitivo. Obcecado pela evolução de um time que precisa atingir o auge ao longo da disputa da Série B, o técnico pensa longe e busca resultados imediatos que confirmem suas escolhas: O que todos buscam é o equilíbrio entre ser competitivo e manter a regularidade.
E temos conseguido isso.
Dentro de campo, Dorival perdeu apenas uma das 14 partidas que disputou, na estréia diante do Americano. Sem a punição de seis pontos pela escalação irregular de Jéfferson, o Vasco teria a melhor campanha nos dois turnos, com 32 pontos, contra 30 do Flamengo, 29 do Fluminense e 26 do Botafogo. O rigor na carga horária e na intensidade dos treinos indica que é só o começo. Após golear o Volta Redonda, fora de casa, por 5 a 3 no sábado à noite, na manhã seguinte o time já treinava. Ontem, em vez das peladas que fazem parte da tradição dos clubes do Rio nas vésperas de jogos, houve duas horas de treino.
Não podemos nos acomodar disse o atacante Élton, referindo-se também à partida de domingo, contra o Bangu, às 16h, em São Januário.
Apesar do respeito pelo trabalho e pelas tradições do clube, o técnico e a maioria de seus jogadores têm origem distante de São Januário. No lugar dos clichês do futebol carioca, e dos profissionais que andam em círculo de um clube para outro da cidade, Dorival apresentou um novo sotaque. Da mesma capacidade de observação, que trouxe jogadores desconhecidos, porém, eficientes, ele vê no rival de hoje um time com meio-campo consistente, marcação forte e apoio muito bom, principalmente com Bill pela esquerda.
Treinado por Dário Lourenço, que, em 2005, sucedeu Joel Santana no comando do Vasco e na vocação de cunhar frases curiosas, o Macaé está em terceiro no Grupo B, com os mesmos dez pontos do Botafogo. Sem Carlos Alberto, machucado; Nilton e Jéfferson, suspensos, o Vasco já se sente vitorioso antes do jogo. Em reunião com os 20 participantes da Série B, a CBF atendeu pleito do clube e confirmou sua disposição de voltar a administrar a competição.
Até agora, tudo está dentro do previsto em São Januário, inclusive as brincadeiras de Léo Lima e o completo desinteresse de Dorival diante delas.
Macaé: Darci, Rodrigão, Otávio e Hélton; Fred, André Gomes, Gedeil, Wallacer, Gláuber e Bill; Kayke. Vasco: Tiago; Paulo Sérgio, Fernando, Titi e Ramon; Amaral, Mateus; Enrico e Alex Teixeira; Rodrigo Pimpão e Élton. Juiz: Marcelo de Lima Henrique.