As férias antecipadas ao grupo de juniores não estavam nos planos do Vasco. Diferentemente das competições profissionais, a base mantém seu calendário regular durante a Copa do Mundo. Mas em Itaguaí, onde fica o CT alugado para os treinos da garotada, o time de Sorato só aparecerá novamente em julho. Eliminado precocemente do Carioca, o clube colhe os cacos e tenta achar explicações para o fracasso depois do título da Taça BH, em setembro de 2013.
Bastou Jordi, Danilo, Yago e Marquinhos serem promovidos e Guilherme Costa sofrer uma grave lesão para que os resultados voltassem a despencar e a vaga nas semifinais ficasse pelo caminho na Taça Guanabara e na Taça Rio - Nova Iguaçu e Madureira, respectivamente, "tomaram o lugar" do Vasco entre os grandes. Foram sete partidas consecutivas na reta final sem vitória.
Como consequência, as críticas ao trabalho de Sorato tomaram conta do dia a dia. Pais dos atletas relatam que há poucos treinos de fundamentos e, somado a isso, a geração atual também parece deixar a desejar. Um membro da comissão técnica deflagrou o estado de crise ao bradar, após um jogo e para quem quisesse ouvir, que o problema era que a equipe é ruim.
Boa parte dos titulares foi contratada recentemente, em tentativa de captar reforços para minimizar a fase de limitações. Diretor executivo das categorias, Mauro Galvão descarta mudanças imediatas no comando e põe os desfalques como um dos grandes vilões pela dificuldade.
- No momento não existe mudança, só se acontecer um fato novo. Precisamos trabalhar para melhorar no que for preciso, em todos os aspectos. Ficamos enfraquecidos com os jogadores que foram para os profissionais. Mas sempre temos que nos perguntar: estamos aqui para servir ou para ganhar títulos? A prioridade sempre foi o time do Adilson. Se pudéssemos contar com todos eles, ganharíamos de todos os adversários - garante o ex-zagueiro.
Entre os últimos anos com Eurico Miranda na presidência e ao longo das gestões de Roberto Dinamite até 2012, as condições gerais eram precárias e não havia atenção à base. A ponto de o clube, sem dinheiro, não enviar olheiros para fora do estado em busca de acertos como o volante Rômulo, piauiense que estava em Pernambuco até 2009. Esporadicamente, o surgimento de nomes como Philippe Coutinho e Alex Teixeira tapou o cenário sombrio.
Líder no sub-15 e sub-17
Desde que chegou, Mauro Galvão ampliou redes de observação, estabeleceu parcerias e recebeu o investimento no CT, mas admite que está longe do poder dos bicho-papões Fluminense, Inter e São Paulo, por exemplo. Um dos que não para de indicar jogadores é o empresário Pedrinho Vicençote, dono do CT, que trouxe jovens do futebol italiano recentemente.
- Não há linha de privilégio e nem tenho vantagens. O Vasco se interessou e estamos tentando estabelecer um traalho legal para as duas partes. Mas não há parceria, só uma relação de negócio pela locação do CT - esclareceu Vicençote.
A esperança maior, portanto, está nas safras futuras, frutos das peneiras que ainda não vingaram. No entanto, a paciência precisa ser a maior virtude agora.
- Temos feito um trabalho de captação dentro das nossas possibilidades. Alguns resultados são interessantes, mas é claro que não é o que queríamos. Ter a disponibilidade financeira é importante. Estamos dentro de um mínimo possível, respeitando o orçamento do clube. É um trabalho que não é nada fácil e muitas vezes não se colhe frutos com rapidez - explicou.
De fato, no infantil (sub-15) e no juvenil (sub-17) o Vasco lidera o estadual e traz nomes interessantes como os meias Linnick e Bruno Consendey, o volante Andrey e o atacante Caio Monteiro, todos frequentadores das seleções de suas categorias. Nas últimas temporadas, também conquistou títulos.
- As categorias do infantil e juvenil têm tudo para começarem a aparecer bem nos juniores em breve. Com isso, poderemos analisar o ciclo do que foi feito e melhoraremos os resultados gerais - acredita Galvão.
Em menos de dois meses, o clube passará por eleições e alguns dos candidatos prometem uma transformação significativa, o que pode acarretar a saída de parte dos dirigentes e comissão técnica. A indefinição só deve acabar perto do fim da temporada. Até lá, ainda estarão em disputa a Taça BH, o Torneio OPG, a Copa do Brasil-sub-20 e o Campeonato Brasileiro sub-20.