O Ministro do Esporte, Aldo Rebelo, criticou a violência em estádios de futebol no país nesta terça-feira (10), durante evento em Brasília. Para o ministro, as brigas registradas no domingo (8), durante a última rodada do Brasileirão, entre torcedores do Atlético-PR e do Vasco, foram "tentativa coletiva de homicídio".
Na avaliação do ministro, houve "falta de policiamento ostensivo" nas arquibancadas do estádio em Joinville (SC), onde o jogo foi realizado. Em Brasília, ele participou nesta terça de anúncio para instalar centros para formação de atletas em 263 municípios.
"Houve ali [no jogo] uma tentativa coletiva de homicídio, que poderia resultar em uma prisão ampla dos envolvidos, mas, muitas vezes, os setores de segurança alegam que não há espaço nas delegacias para acomodar tantos presos. Então, daí, talvez a necessidade de uma delegacia especializada, que atue na proximidade do estádio, de um juiz especializado também nesse tema, nesse tipo de crime", afirmou Aldo Rebelo.
Durante partida entre Vasco e Atlético Paranense em Joinville, no norte catarinense, ao menos quatro pessoas ficaram feridas em briga generalizada entre torcidas. Um dos torcedores sofreu fratura no crânio. A briga não chegou a ser impedida pela polícia porque, segundo a Polícia Militar do estado, determinação do Ministério Público de Santa Catarina impede a atuação da corporação dentro da arena. O MP nega a determinação.
Mais cedo, nesta segunda, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que vai se reunir com Aldo Rebelo na próxima quinta (12) para discutir a segurança dentro dos estádios em jogos de campeonatos brasileiros. Segundo o ministro da Justiça, serão debatidas tanto medidas administrativas quanto legislativas em busca de uma solução para evitar conflitos como o de domingo (8).
Aldo Rebelo afirmou ainda que é preciso "prender, indiciar e punir" responsáveis por brigas em estádios de futebol, com base no Estatuto do Torcedor, que prevê sanções àqueles em que há a comprovação da participação em brigas.
"Acho que o centro é prender, indiciar, punir e aplicar a lei que já prevê a punição para esse tipo de crime. (...) A parte da punição já foi toda ela regulamentada, ou seja, são outros aspectos, mais administrativos, que estão sendo regulamentados. Por parte da punição, não precisa de regulamentação e já deve ter aplicação da pena automática desde que o estatuto foi aprovado", disse o ministro.
O ministro do Esporte afirmou ainda que as prisões dos responsáveis por brigas entre torcidas em estádios são "muito abaixo do número de envolvidos".
"Muitas vezes os órgãos de segurança alegam a dificuldade de não ter delegacias onde acomodar todos os presos, daí que as prisões não são efetuadas ou são efetuadas em número muito abaixo do número de envolvidos, como vimos em Santa Catarina, dezenas de envolvidos e apenas três presos", completou.
Copa do Mundo
O secretário-geral da Fifa, Jérome Valcke, disse nesta terça-feira (10) no Marrocos, em evento sobre o Mundial de Clubes, que as mesmas cenas de violência não devem ocorrer durante a Copa do Mundo.
"Na Copa, não dizemos que não pode acontecer 100%, mas 99,99% de certeza que não vai acontecer. De qualquer forma, é muito triste que isso aconteça", afirmou Valcke.
"Acho que foi o tipo de imagem que você não quer ver. Lembra péssimos tempos na Europa. E também na África. Futebol não deveria ser um espaço de briga, de guerra de fãs. É uma questão de segurança, de ter a organização correta para que grupos não briguem. É, definitivamente, uma questão de segurança no estádio. Temos nossos mecanismos", completou.
Durante o evento em Brasília, o ministro Aldo Rebelo não quis comentar as declarações de Valcke, mas criticou a falta de "policiamento ostensivo".
"O que nós vimos no estádio em Santa Catarina é que, naturalmente, a ausência do policiamento ostensivo no estádio estimulou a ação dos vândalos. Mas eu não vou comentar uma declaração que eu não vi", disse Rebelo.
Centros de Iniciação ao Esporte
Nesta terça, Rebelo anunciou os 263 municípios selecionados para receber unidades do Centro de Iniciação ao Esporte (CIE). Foram destinados ao CIE R$ 967 milhões, para a construção de 285 unidades. O objetivo do programa, segundo o Ministério do Esporte, é a formação de atletas visando aos Jogos Olímpicos e Jogos Paraolímpicos Rio 2016.
Cada município terá três opções de centro: uma com ginásio esportivo, outra com ginásio mais quadras externas e outra com ginásio mais área de atletismo. No total, deverão ser disponibilizados 13 esportes olímpicos, seis paraolímpicos e um não-olímpico. O ministro não informou qual o prazo que os municípios terão para construir os centros.