Com a mesma facilidade que chega à linha de fundo, o lateral direito Madson conta boas histórias. Destaque do Vasco no título carioca, o jovem, de 23 anos, costuma ser a atração do grupo em treinos e concentrações, revelando pitorescos causos com seu inconfundível sotaque baiano.
Natural da Ilha de Itaparica (BA), ele já levou o elenco cruzmaltino às gargalhadas algumas vezes com contos da Boa Terra que incluem uma confusão hilária com um corretor de imóveis e até um "misterioso caso" envolvendo "um morto muito louco".
No problema imobiliário, revelado pelo lateral esquerdo Christiano num programa da TV Globo, o próprio Madson foi protagonista. Ainda inexperiente em negociações neste ramo, o jogador passou por uma situação para lá de constrangedora que o fez confundir um cheque-caução com um short do Bahia, clube que defendeu desde a adolescência e onde foi revelado.
"Pois é, rapaz. Os meninos gostam de brincar comigo, me zoar. Aconteceu. Eu tinha 18 para 19 anos. Fui alugar um apartamento, aí o corretor perguntou: 'fiador ou caução?'. Eu não sabia o que era fiador, ele sabia que eu jogava no Bahia, e então eu falei: 'Calção, depois trago o calção aí', pensando que era um short. Mas ainda bem que não cheguei a levar o short do Bahia. Antes de levar, descobri o que era e acabei não fechando o contrato. O rapaz ficou 'P da vida' comigo, mas acontece. É bom que aprendi e não erro mais isso (risos)", se diverte.
Outra história que é garantia de sucesso nas rodas de conversa do Vasco envolve um "misterioso assassinato" em Itacaré, cidade do interior baiano.
"Essa história é de um jogador que tinha lá no Bahia que contava muita mentira. Ele disse que em Itacaré a micareta dá tanta gente, mas tanta gente, que um dia um cara tomou uma facada, morreu, e ficou três dias em pé, se debatendo nos outros, sem cair no chão (risos). Aí eu conto isso para os caras, eles se acabam de rir. Ele é um jogador folclórico e muito engraçado (risos)", diz, se referindo ao atacante que leva o mesmo nome da cidade e que hoje defende o Serrano (BA).
Como um bom baiano, Madson curte axé music, mas apesar de admirar os "pops" Chiclete com Banana, Asa de Águia, Ivete Sangalo e Cláudia Leitte, prefere um ritmo com mais malemolência, tal qual seu futebol.
"Estes são os ícones da Bahia, mas gosto mais do que chamam lá de 'pagodão', que é o Léo Santana, a banda Psirico... Gosto mais deles", ressalta.
Querido pelos companheiros do Cruzmaltino, o lateral direito nem sempre é o protagonista nos momentos de descontração do grupo. Por vezes, se torna vítima, como aconteceu quando ganhou o apelido de "Canelinha", fruto de seu biótipo franzino.
"Futebol é resenha (expressão utilizada pelos boleiros que significa bate-papo ou brincadeiras). Se você ficar chateado com os apelidos, aí que eles te matam na resenha. Então tem que administrar, dar risada, botar apelido no outro e tal, e aí vai administrando", se diverte.
Elogiado pelas boas atuações apresentadas na temporada, Madson se mostra focado e faz questão de ressaltar que quer mais:
"Esta oportunidade de ser contratado por um clube grande acontece na vida uma, duas ou três vezes no máximo. Estou encarando como a oportunidade da minha vida, então estou sempre me dedicando e dando o máximo nos treinos para estar bem e ajudando a equipe. Estou vivendo uma boa fase, mas não quero parar por aqui, quero continuar evoluindo".
Madson tem contrato de três anos com o Vasco. Ele será titular nesta quarta-feira, contra o Cuiabá, às 22h, na Arena Pantanal, pelo primeiro jogo da segunda fase da Copa do Brasil. O atacante Dagoberto será o único titular poupado. O meia Marcinho entra em sua vaga.