O movimento Bom Senso FC divulgou no fim da tarde desta quinta-feira uma nota oficial "em defesa do futebol carioca e brasileiro". O comunicado apoia a dupla Fla-Flu, que vem travando uma batalha contra a Federação de Futebol do Rio de Janeiro, e ainda faz questionamentos ao presidente da entidade, Rubens Lopes, e ao mandatário do Vasco, Eurico Miranda.
O Bom Senso abre o texto dizendo apoiar os dois clubes contra "as arbitrariedades cometidas" pela Ferj, que não seriam "condizentes com o papel que as federações deveriam cumprir". A entidade segue dizendo ser à favor da existência das federações e que elas têm grande importância para o desenvolvimento do futebol brasileiro, devendo atuar como uma ramificação da CBF, disseminando e aperfeiçoando uma metodologia "ainda inexistente" da Confederação Brasileira de Futebol.
O documento segue dizendo ser contra o calendário que prevê 19 datas aos estaduais, argumentando que esse período corresponde a 25% da temporada, e "gera apenas entre 6% e 15% da arrecadação dos grandes times".
Na sequência, o Bom Senso se vira para Rubens Lopes, presidente da Ferj, e Eurico Miranda, presidente do Vasco. A entidade contraria o argumento de Rubinho, que alega que o fim do estadual causaria o desemprego de 3 mil famílias, dizendo que ao final dos estaduais, 15 mil famílias ficam desempregadas. E questiona os dirigentes: "O que eles têm a dizer sobre isso?"
A nota termina lembrando as péssimas médias de público dos campeonatos estaduais, inferiores a de países sem expressão no futebol, lembra a reivindicação por um calendário autossustentável, critica o peso de votos das federações na eleição para presidente da CBF e diz que as mesmas falharam nos objetivos de "melhorar a visibilidade e a competitividade do futebol".
Confira a íntegra da nota:
Diante dos episódios recentes do Campeonato Carioca que dominaram os debates do mundo do futebol, o Bom Senso F.C. manifesta sua solidariedade ao Clube de Regatas Flamengo e ao Fluminense Football Club. As arbitrariedades cometidas não são condizentes com o papel que as Federações deveriam cumprir.
Ao contrário do que alguns divulgam, o Bom Senso não é contrário a existência das Federações. Acreditamos que as Federações estaduais têm, teoricamente, um papel fundamental para o desenvolvimento do futebol brasileiro em suas dimensões educacionais e sociais. Para nós, elas deveriam ser a ramificação pela qual a CBF disseminaria e aperfeiçoaria sua metodologia, ainda inexistente, para o fomento e a democratização do esporte, para o desenvolvimento e capacitação dos profissionais da área técnica e de gestão de todo o futebol brasileiro.
Isso não quer dizer que sua participação na organização das competições de atletas profissionais seja preponderante. Está claro que não é por meio dessas competições que essas entidades cumprem sua função primordial, a social. Não concordamos com o modelo atual dos estaduais, com 19 datas. Esse período representa 25% do ano e gera apenas entre 6 e 15% da arrecadação dos grandes times.
Atualmente o Sr. Eurico Miranda e o Sr. Rubem Lopes, críticos circunstanciais, dizem que o fim dos estaduais representa o desemprego de 3 mil famílias. O Bom Senso afirma há 2 anos que a manutenção desse modelo de calendário resulta, ao final dos estaduais, o desemprego de 15 mil famílias por todo o Brasil. O que eles têm a dizer sobre isso?
Também não concordamos que as Federações tenham tanto poder, com a maioria dos votos no Colégio Eleitoral da CBF. Lutamos por mais democracia na eleição da Presidência da CBF - pedra filosofal para a oxigenação do futebol brasileiro e mola propulsora para que as decisões sejam mais técnicas e menos políticas. Defendemos que as entidades de administração desportiva, regionais ou nacionais, sejam mais democráticas e transparentes, com massiva participação dos clubes e dos atletas nos colegiados e conselhos técnicos.
Reivindicamos e propusemos uma fórmula de calendário que ofereça estabilidade de emprego a todos os profissionais do futebol e previsibilidade das datas dos jogos durante o ano todo, para que se permita aos clubes do interior conquistarem sua autossuficiência.
A média de público dos estaduais brasileiros é mais baixa que a de países como Vietnã, Uzbequistão e Israel. Os clubes e as novas arenas acumulam déficits, ao passo que a arrecadação das federações aumentou 25% de 2012 para 2013. Vemos ainda que 1/3 dos seus presidentes estão há mais de 20 anos no poder.
O objetivo de todas as entidades de administração do futebol brasileiro - além das dimensões sociais e educacionais – deve ser melhorar a visibilidade e competitividade do futebol que administram. Infelizmente, em todas esses aspectos as Federações estaduais fracassaram.
Bom Senso FC,
por um futebol melhor para todos.