Futebol

MT relembra época de Vasco: 'Não queria sair da maneira que saí'

Aos 23 anos, MT acaba de ser campeão na Europa. O jovem de 23 anos, cria do Vasco, foi peça importante na campanha do título do Santa Clara na segunda divisão de Portugal. A partir de julho, o clube vai jogar na elite.

Nascido e criado em Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, MT está de férias na cidade-natal desde o início do mês, mas viaja neste sábado de volta a Portugal para se reapresentar. Ele se prepara para sua terceira temporada consecutiva na Europa.

Recém-adquirido em definitivo pelo Santa Clara (o Vasco manteve um pedaço dos direitos econômicos para transferências futuras), com contrato de quatro anos, MT mira alto.

- Eu estou trabalhando até por coisas maiores, se Deus quiser. Tem que colocar o degrau lá em cima. Sonhar não custa nada (risos) - contou ele em bate-papo com o ge, antes de revelar um dos maiores sonhos:

"Ah, jogar uma Champions League".

Apontado desde a base como um jogador polivalente, MT chegou ao Santa Clara como um camisa 10, atuando na maioria das vezes como um falso 9. Mas foi se firmar mesmo na lateral-esquerda, função que ele já havia feito no Vasco.

Hoje ele se considera um lateral-esquerdo de origem, não mais de improviso. Foi dali que ele deu duas assistências, contra Porto B e Mafra, e foi importante na reta final da campanha do título do Santa Clara.

- Eu estreei lá jogando de 10, joguei uns três jogos. E chegou um certo ponto em que os dois laterais machucaram, não tinha lateral. Vieram conversar comigo: "Lembro de você no Vasco, você já jogou de lateral. Pode fazer para mim?". Eu disse: "Claro, estamos aí". Eu fui gostando do estilo de jogo, me dedicando, trabalhando - explicou ele.

- Eu tinha que abraçar a oportunidade. Pintou a chance de jogar, é o que todo jogador quer. Temos que dar o nosso melhor - completou ele, que atua ao lado de vários brasileiros no Santa Clara, entre eles o goleiro Gabriel Batista, ex-Flamengo.

- Vai da tua força de vontade, de querer se dedicar. Eles depositaram confiança em mim e me ajudaram no extra-campo, o Klauss (Câmara, CEO), o Bruno (Vicintin, dono do clube). Eles conversaram comigo, que estavam confiando em mim. A tática era o que mais me complicava. Jogar por jogar era o de menos, mas a parte tática, a hora de fechar, a hora de ir para frente, isso me pegava. E eles me ajudaram bastante nisso - concluiu.

"Tive que me virar"

MT é cria do futsal e praticamente não atuou no campo enquanto era jogador de base. Ele recebeu a primeira oportunidade no Fluminense, depois foi para o Volta Redonda e chegou ao Vasco na reta final de sua formação. Sempre atuando como meia.

Em 2021, ele fez sua estreia no profissional do Vasco sob o comando de Marcelo Cabo. A princípio, mais avançado no meio, onde sentia-se confortável, mas em seguida foi sendo recuado até parar na lateral esquerda.

- Primeira temporada foi mais um aprendizado, eu jogava no sub-20 de falso 9, quase um atacante, centroavante, e subi para o profissional de lateral. Profissional é muito diferente de sub-20, então foi um aprendizado danado. Tive que me virar. Por um acaso, hoje sou lateral mesmo. Mas ali eu não sabia de nada, nunca tinha jogado, só uma vez ou outra no sub-20 para completar mesmo - disse ele.

"Para mim foi uma loucura", completou.

No início da Série B, ele foi titular e fez o gol de uma vitória sobre o Confiança em São Januário, até hoje o único gol marcado como profissional. Mas a temporada do Vasco em 2021 foi um fracasso, já que o time não conseguiu o acesso na Série B do Brasileirão. Quase ninguém saiu imune das críticas da torcida, mas o episódio em que foi flagrado em uma festa em Cabo Frio sem a permissão do clube contribuiu para o desgaste.

Apesar disso, ele teve seu passe adquirido em definitivo com parte do dinheiro que o clube recebeu pela venda de Talles Magno - até aquele momento, MT estava apenas emprestado.

"Não queria sair da maneira que saí"

Já desgastado com a torcida, MT viveu um episódio que ficou marcado numa partida do Vasco contra o Madureira, no Estádio de Conselheiro Galvão, em fevereiro de 2022: ele foi atingido por um copo de cerveja arremessado pela própria torcida no momento em que caminhava em direção ao vestiário. O jogador sequer foi a campo naquele jogo.

- Eu estava saindo para o vestiário, mas o copo não chega a pegar em mim, não. Ele pega no chão e me molha de cerveja - recordou MT, que estava ao lado de Gabriel Pec no momento.

- No comecinho eu fiquei meio abalado (com as críticas), é complicado. Já é difícil jogar no Vasco. Depois dos problemas que ocorreram, ser alvo das críticas... Claro que para o jogador é normal, mas do jeito que estava sendo me deu uma abalada no começo. Mas eu fui aprendendo a lidar, eu tinha que fazer alguma coisa para mudar, tinha que correr atrás. Isso foi me ajudando, o meu psicológico. As críticas ajudaram a me deixar mais forte - garantiu ele.

Em agosto de 2022, MT foi negociado com o Santa Clara. A princípio, por um empréstimo de um ano, mas o clube português ativou a cláusula e renovou esse empréstimo ao fim do contrato. Sua última partida pelo Vasco foi na vitória por 4 a 0 sobre o CRB, no dia 28 de julho, quando entrou faltando quatro minutos para o fim do jogo.

No fim das contas, MT lamenta as poucas chances recebidas no clube que o lançou e garante que aprendeu com as críticas.

"Eu poderia fazer (alguma coisa diferente), óbvio. Não queria sair da maneira que saí".

- Mas acredito que, na vida, as coisas acontecem às vezes para o bem, às vezes para o mal, mas temos que levar tudo como aprendizado. Se não tivesse acontecido hoje, talvez hoje eu não estaria no Santa Clara, não seria campeão. Às vezes me pego pensando: "e se eu fizesse alguma coisa diferente?". Mas não sei, nunca vamos poder afirmar. Tudo na vida é um aprendizado, tirei muita lição dali para me fazer um jogador melhor, um ser humano melhor - concluiu.

Fonte: ge
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