Abel Braga já teve dias de maior prestígio na carreira de treinador, mas o currículo vitorioso é incontestável. Falta apenas o troféu da Copa do Brasil. Nesta quarta-feira, às 21h30, contra o Altos, em Teresina, ele inicia mais uma caminhada pelo título que lhe falta. Em um cenário dos mais adversos, tenta mostrar que é capaz de tirar um coelho da cartola à frente do Vasco.
Desde que a Copa do Brasil foi criada, em 1989, apenas Tite, técnico da seleção, foi capaz de conquistar ao menos um título das cinco competições mais tradicionais do futebol brasileiro: Estadual, Copa do Brasil, Brasileiro, Libertadores e Mundial. Abel faz parte de um grupo seleto de treinadores que conquistaram quatro das cinco taças, ao lado de Paulo César Carpegiani, Telê Santana, Luiz Felipe Scolari, Paulo Autuori e Antônio Lopes.
Com o Vasco, Abel precisa exorcizar demônios individuais e coletivos para sonhar com o título da competição. Sua reputação foi arranhada pelos últimos trabalhos no Fluminense, Flamengo e Cruzeiro — e o desempenho vascaíno no começo de 2020 ainda não empolga a torcida. O treinador foi recebido com festa pelos piauienses ontem, mas dos cariocas têm ouvido muito mais vaias do que aplausos.
O desempenho não passa apenas pelo trabalho do treinador neste começo de ano. Com um elenco limitado, submetido a salários atrasados há meses, Abel Braga tenta extrair o máximo dentro das circunstâncias para seguir adiante. Nas fases iniciais, é favorito, mas se chegar às oitavas de final, dependendo do adversário, terá de lidar com o status de azarão e se superar.
O histórico de Abel na competição é doloroso, principalmente pela forma como desperdiçou as melhores oportunidades que teve para ser campeão. Ele foi vice duas vezes: em 2004, com o Flamengo, foi derrotado pelo Santo André em pleno Maracanã, em uma das maiores decepções da história do time rubro-negro. No ano seguinte, chegou novamente à decisão, com o Fluminense. A derrota aconteceu de novo para uma zebra. O Paulista de Jundiaí levou a melhor dentro de São Januário e adiou mais uma vez o sonho de Abel.
Hoje, um empate já é suficiente para o Vasco passar de fase e enfrentar o ABC-RN. Uma derrota significa eliminação e um resultado catastrófico ainda em fevereiro, privando o clube da premiação milionária da Copa do Brasil e aumentando consideravelmente a pressão sobre Abel Braga.
Para isso, o técnico deve contar com força máxima. Talles, poupado do jogo do fim de semana, está de volta. Marrony ou Vinícius sairá da equipe titular para a entrada do camisa 11. Fellipe Bastos e Guarín, que se reapresentaram recentemente, só atuarão na Copa do Brasil em caso de classificação para a segunda fase.