Depois de uma passagem apagada pelo Vasco, Muriqui retorna ao futebol chinês em 2018 com um desafio que mais parece déjà-vu. Há quase uma década, quando estava no Atlético-MG, o atacante deixou o Brasil para disputar a segunda divisão local pelo Guangzhou Evergrande, um time que, à época, treinava nos fundos de uma empresa farmacêutica. No entanto, pouco tempo depois, se tornou um gigante do futebol chinês, com dois títulos da Liga dos Campeões da Ásia, em 2013 e 2015 – esse sob o comando da estrela Luiz Felipe Scolari.
Agora, Muriqui quer repetir o sucesso no Meizhou Meixian Techand, que também está na segundona e tem planos ousados. O clube contratou o atacante Aloísio, que estava no Hebei Fortune e era cobiçado por times brasileiros.
Em entrevista ao Globoesporte.com, Muriqui concorda que as situações são parecidas, mas ressalta as diferenças em relação ao Guangzhou em 2010.
- Sem dúvida, é muito parecido, a diferença é que o Meixhou já tem uma estrutura. No Guangzhou não tinha CT, vestiário... Treinávamos nos fundos de uma empresa farmacêutica! Hoje mudou muito: os chineses entenderam que não é só jogar futebol e contratar estrelas . (Um time) tem que ter treinador, CT, corpo médico.
A temporada do futebol chinês lembra a brasileira: começa em março e termina no final do ano. Até a bola rolar, Muriqui, Aloisio e cia farão a pré-temporada na Espanha com uma prioridade na cabeça: levar o Meixhian para a primeira divisão.
O desafio não intimida o atacante que já jogou em três países com um mercado do futebol emergente. Depois de se tornar ídolo do Guangzhou Evergrande, Muriqui passou dois anos no Al Sadd, do Catar, e um ano no FC Tokyo, do Japão.
No Oriente Médio, jogou ao lado de Xavi Hernández, por quem o mangaratibense guarda muita admiração e faz um desejo: ver o ídolo do Barcelona treinando uma equipe após se aposentar.
- Ele é muito inteligente, é um cara que sempre se dedicou muito, mesmo no Catar. Eu não sei o que ele pretende fazer, mas como treinador eu penso que ele pode dar um novo conceito ao futebol mundial.
Volta ao Vasco em 2017
Quando estava no FC Tokyo, Muriqui recebeu o convite de voltar ao clube que o projetou para o futebol. Mas o retorno ao Vasco não foi como o atacante desejava. Sentindo dores lombares, o jogador não se sentiu confortável na antiga casa e deixou o clube após 12 jogos em sete meses.
- Está claro que não deu certo. Eu nunca tive oportunidade de falar. Eu cheguei no Vasco com duas lesões, mas não sei porque não estava feliz. O meu corpo não reagia bem. É difícil buscar uma desculpa, mas infelizmente foi uma aposta que não deu certo.
O atacante não esconde o arrependimento que sente ao lembrar que rescindiu o contrato com o FC Tokyo para voltar à São Januário.
- Eu tinha contrato no Japão quando decidi voltar. Quando eu comecei a treinar, senti dores e vi que tinha feito a escolha errada. Parei de sentir dores, mas continuei desconfortável.
Apesar da passagem discreta, Muriqui ainda é muito grato ao cruz-maltino e afirma que acompanha de perto a crise no clube, que vive incertezas políticas desde a eleição, em novembro.
- Eu acompanho pela imprensa. É triste porque é um clube muito grande e uma torcida que tem sofrido bastante. Torço para que o clube consiga se reerguer e tenha um futuro glorioso.