O descaso com a sede náutica do Vasco tem sido um fator preocupante para sócios, torcedores e para o candidato à presidência do clube, Nelson Rocha. O candidato pela chapa VIRA VASCO esteve esta semana na Lagoa, para acompanhar o funcionamento do remo e discutir propostas, além de ficar ainda mais por dentro dos problemas que cercam o esporte fundador do Gigante da Colina.
Os entraves são grandes e vão desde a formação de atletas até o envelhecimento e desgaste de barcos, passando por problemas na infraestrutura da sede e pela dificuldade de captação de recursos financeiros. Em conversa com membros da diretoria, o diretor do remo, Joaquim Oliveira, afirmou que a crise no futebol tem repercutido, e muito, no esporte olímpico.
"Hoje, o remo perdeu a identidade. Perdemos parceiros, funcionários e até atletas que nós formamos. Por falta de investimento, eles vão embora. De 2009 para cá, perdemos cerca de 40 atletas, seja por falta de estrutura ou por falta de investimento", destacou Joaquim.
As dificuldades vão além de problemas internos do próprio clube. Joaquim ainda afirmou que o remo possui um projeto de captação de recursos no valor de R$ 5 milhões aprovado pelo Ministério do Esporte, mas que não há previsão para entrada de recursos.
"Para fazermos alguma coisa, precisaríamos de 20% desse valor. Com isso, por exemplo, poderíamos comprar novos barcos, melhorar o alojamento, a alimentação, os equipamentos de musculação, além de pagar salários de funcionários e atletas. Sem o dinheiro, tudo fica mais difícil", explicou o diretor.
Nelson Rocha destacou que o Remo, por sua importância histórica e pela dificuldade de obter patrocínio, deve ser tratado de maneira especial pela administração do clube. “Esse é um compromisso de nossa chapa”, enfatizou.
O candidato à Presidência pela chapa VIRA VASCO analisou ainda que a dificuldade de captação dos recursos com incentivos fiscais está ligada à crise geral do clube, que se manifesta no futebol e afeta a imagem e a credibilidade do Gigante da Colina, levando a que as empresas prefiram alocar seus recursos incentivados em outros clubes, outros esportes e outras atividades.
Na opinião do diretor do remo, a criação de um departamento de projetos facilitaria muito a captação de recursos. "Ao invés de criarmos um único projeto, criaríamos vários com menor investimento, destinando o valor correto para o que foi planejado. Para a renovação completa da frota, por exemplo, precisaríamos de aproximadamente R$ 3 milhões", definiu.
Nelson Rocha ainda informou que, no programa de gestão do VIRA VASCO, uma das propostas de modernização da administração é a criação do Escritório de Projetos, onde todos os planos do clube serão padronizados, desde o início até o fim, e acompanhados por uma ferramenta de gestão de projeto, o que atenderia exatamente as necessidades do remo. Além disso, Nelson acrescentou que uma gestão profissional, como a do VIRA VASCO, retornará a credibilidade na marca e facilitará a captação de recursos.
Mesmo ciente de alguns problemas da sede náutica, Nelson ainda se mostrou espantado com as coisas que viu e ouviu: três câmeras de segurança guardadas no armário, por não haver dinheiro ou apoio para instalá-las. Na área de musculação, por exemplo, Nelson foi alertado que os atletas precisavam fazer fila, em dias de chuva, para usar os oito ergômetros existentes (equipamentos que simulam os treinos nos barcos em dias em que não é possível ir para a Lagoa), quando deveria haver 30. Alojamentos precários, parte elétrica degradada em vários pontos, ausência de transporte que garanta o deslocamento dos atletas para o colégio Vasco da Gama. Essa situação contrasta com o belo salão e com a beleza da vista do terraço da sede – ambos subutilizados.
"Contudo, nós corremos atrás, batalhamos, choramos e vamos levando. Aqui um vai dando força pro outro e se você quer saber, mesmo nos momentos mais críticos de atraso de salário, aqui ninguém falta” falou um orgulhoso e emocionado Joaquim. “Para se ter uma ideia, tem gente aqui que nunca participou de uma reunião no clube. Não dá pra continuar assim", desabafou.
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Nas despedidas, o candidato Nelson Rocha enfatizou que fará mudanças na relação com a sede náutica.
"Daremos a atenção necessária à sede da Lagoa, já que os antigos presidentes foram deixando esse patrimônio de lado. Resgataremos a identidade do nosso remo e voltaremos a ser os melhores, os mais temidos. Vamos correr atrás de investimentos para a renovação da frota, melhoria das estruturas e da infraestrutura e para a formação e contratação de atletas. Não podemos e não vamos deixar o remo morrer", finalizou.