Quando Romulo deixou o Vasco rumo às Olimpíadas de Londres, já tinha passagem comprada para Moscou, onde vai atuar nas próximas cinco temporadas. A torcida, o técnico Cristóvão Borges e até o titular Nilton lamentaram a perda de um dos principais valores do país na posição, vendido por R$ 20 milhões. Mas logo a solução apareceu. Contratado para suprir a lacuna, Wendel tomou a frente de Eduardo Costa e Fellipe Bastos e se firmou. Desde que entrou no time, não perdeu um jogo sequer e não viu a bola entrar em seu gol - em sete chances. Números que impressionam e que ligam o sucesso ao encaixe da nova dupla de volantes.
Mas quais são os segredos por trás desta fase? As respostas são tão simples quanto o estilo de ambos. Como carro-chefe, a experiência. Aos 30 anos, Wendel já viveu de tudo no futebol e, embora poucos lembrem, foi eleito para a seleção do Campeonato Francês, quando defendia o Bordeaux, mais de uma vez, além de ter sido titular no histórico elenco do Cruzeiro, em 2003, que conquistou a Tríplice Coroa - Estadual, Copa do Brasil e Brasileirão.
- Estou satisfeito e contente pela minha trajetória até hoje. Sempre fui abençoado de estar no lugar certo e na hora certa. Acho que aqui no Vasco tem tudo para ser assim. Onde passei fui campeão e ajudei muito os treinadores com a minha vivência. Procuro fazer meu papel dentro de campo sem estrelismo. O reconhecimento pode demorar, mas sempre vem -
argumenta o camisa 77, natural de Mariana-MG, em tom sereno, como se nada o abalasse.
Já Nilton precisou errar um bocado até poder falar em maturidade. Ainda assim, sempre teve espaço por sua força na marcação e potente chute de longa distância. Precisou passar pelo drama de cirurgias nos dois joelhos para, aos 25 anos, viver seu melhor momento. A atenção com o posicionamento, segundo item da lista, em campo foi o diferencial, explica.
- Mudei um pouco as minhas características e até meu nível de atuações, porque eu tinha uma visão diferente da que eu tenho hoje. Era tratado como jogador desleal e que só chegava atrasado. Agora estou mais tranquilo, aprendi muito com as pessoas do futebol, com o Cristóvão e tenho sido melhor também com a bola no pé, vindo de trás, ajudando os meias e atacantes. Tomei três cartões, fiquei suspenso uma vez e ainda posso melhorar. Os elogios são bons. A chegada do Wendel, que é seguro e faz muito essa ligação na saída, foi muito boa. Temos um rodízio na marcação e todos estão sendo solidários - apontou.
A contratação de Wendel, na realidade, foi mesmo precisa, um tiro certo da diretoria. O lado esquerdo ressentia de uma ajuda maior para se equilibrar na marcação desde que Jumar foi para o futebol chinês. Nada agradou mais o volante canhoto, que se deu bem na carreira quando escalado por ali. Os elogios ao companheiro, contudo, não ficam de lado.
- Meu posicionamento durante toda a Tríplice Coroa no Cruzeiro foi ali, com o Vanderlei Luxemburgo. Fui eleito um dos quatro melhores jogadores do Campeonato Francês assim. Diria também que dei sorte de ter encontrado o Nilton, que já conhece o clube, é muito versátil e forte. Ele de certa forma faz uma função parecida com a que o Maldonado fazia (naquele Cruzeiro), e o Juninho completa esse meio, protegendo a defesa e ajudando os atacantes. Não foi só minha entrada, o Vasco já estava no caminho certo - elogiou Wendel.
A dedicação geral para evitar os gols e fazer com que o Gigante da Colina se recuse a ser derrotado também é visto como um detalhe fundalmental. Os jogadores creem que bateram recordes pessoais com os números atingidos na competição. E querem mais.
- Desde 2009, no Vasco, ou mesmo antes nunca aconteceu (marcas tão positivas). Se não fizermos, pelo menos não levamos. Isso dá segurança. A soliedaridade está sendo a marca do Vasco. Ninguém é fominha. Só se é campeão assim - reforçou Nilton.
Como numa assistência, Wendel completa com os exemplos recentes já na ponta da língua.
- A organização do Corinthians, que ganhou a Libertadores, e até da Espanha. Com a qualidade um bom projeto, com um grupo que quer, não é diifícil - analisou.
Tudo isso faz com que Nilton já sonhe até com uma vaguinha na Seleção Brasileira.
- Romulo está sendo feliz pelas atuações dele, deixou uma marca no Vasco e espero manter isso. Todo jogador quer buscar a Seleção e, de repente, com essa campanha, alguém esteja olhando. Quero manter um futebol digno de ser convocado - avisou o camisa 19.