Posição que vem atormentando os últimos técnicos do Vasco, a lateral esquerda foi representada há bem pouco tempo por um jogador que era apontado como uma boa revelação da Colina: Guilherme. Em 2007, o jogador subiu aos profissionais do clube cruzmaltino e rapidamente conquistou a torcida. Mas, com a queda de rendimento da equipe, o jogador passou a ter atuações não tão boas e teve que conviver com as vaias vindas das arquibancadas.
A partir daí, Guilherme foi o para o banco de reservas, sendo substituído por Rubens Junior. Ao final da temporada, o lateral se transferiu para o Almería (da Espanha) onde busca voltar aos tempos em que era ovacionado pela torcida de seu time. Na mala, o jogador levou algumas mágoas, que tenta esconder e esquecer.
- O Vasco foi um clube onde tiveram algumas pessoas que me acolheram bem e outras mal. Todo lugar tem alguma pessoa que quer te ver para baixo. Agradeço a Deus pela força de vontade que me deu. A minha religião (Guilherme é evangélico) não permite que eu guarde mágoas. Tenho uma história no clube e, um dia, ainda pretendo voltar a vestir essa camisa – afirma Guilherme, por telefone, de Almería.
Como bom vascaíno, o lateral continua acompanhando os jogos de seu time, mesmo estando do outro lado do Oceano Atlântico.
- Botei a Globo Internacional aqui em casa e assisto a vários jogos. O Vasco tem uma equipe boa. Tem jogadores que podem desequilibrar. Não era para estar nessa situação na tabela. Tenho certeza que o clube vai se recuperar.
Em Almería, aprendizado e saudades do feijão
Jogador de boa habilidade, Guilherme se destacou no futebol brasileiro por sua capacidade ofensiva. Porém, em seu novo clube, o jogador vem aprendendo a fazer exatamente o contrário.
- Melhorei muito na marcação. Me faltava um pouco disso. Tive que mudar um pouco o estilo, senão não ia jogar. Aqui primeiro tem que marcar, e só depois atacar.
Mas não foi apenas dentro das quatro linhas que o jogador teve que se adaptar. Morando longe da família e do lugar onde nasceu, Guilherme se apoiou nos colegas brasileiros do clube para se safar durante os primeiros dias.
- A principal dificuldade foi a língua. Como eu sou baiano, falo muito rápido e as pessoas tinham dificuldades de me entender. Agora já está um pouco melhor, dá para falar e se desenrascar. Mas sempre tive alguém do meu lado para me socorrer. Moro perto dos outros brasileiros do time, e a gente se encontra muito. Isso ajuda.
Se os problemas com a comunicação já começam a ser resolvidos, o mesmo não se pode dizer das saudades do Brasil.
- Tenho muitas saudades da minha família, dos contatos e do feijão! Mas aqui é muito legal, parece um pouco com o Rio de Janeiro.
Guilherme com sua cadela. Duda faz companhia ao jogador que gosta de ir à Igreja e ao shopping
Apoio em seu cachorro e sonho de jogar nas competições européias
Para superar essas saudades, Guilherme conta com uma ajuda especial: sua cadela Duda. O fato não teria nada de especial se não fosse um detalhe: o jogador tinha medo de cachorro.
- Eu tinha medo. Só comprei a Duda por causa da minha noiva que ficou comigo aqui nos primeiros meses. Quando ela voltou ao Brasil, eu resolvi ficar com a cadela. Hoje ela me faz muita companhia.
Com três rodadas do Campeonato Espanhol, o Almería está entre os líderes do torneio com sete pontos. O sonho do clube é terminar na zona de classificação à Copa da Uefa.
- Temos uma equipe muito boa. É um sonho chegar na Uefa. Se não der, não deu, mas vamos trabalhar muito para isso.