A Liga de Clubes, se sair do papel, pretende manter 20 participantes nas duas primeiras divisões. Uma das propostas que os cartolas ouviram em apresentação de empresas interessadas em tocar a operação prevê mudanças no formato e no número de rebaixados e promovidos, tema que divide os 40 clubes que assinaram a carta de intenções para tomar da CBF a organização da elite do futebol brasileiro.
Em reunião na segunda-feira (28), em São Paulo, três grupos mostraram seus projetos e num deles, encabeçado pelo advogado Flavio Zveiter e pelo ex-executivo da Coca-Cola Ricardo Fort, seria alterado o formato de acesso e descenso entre as Série A e B — a informação foi publicada inicialmente pelo site Ge.com.
A coluna apurou algumas das opções desse modelo, todas diminuindo de quatro para três os rebaixados:
- três rebaixados e três promovidos de forma direta entre as duas divisões;
- três rebaixados da A para a B, com o primeiro e segundo colocados da B subindo direto e terceiro e quarto (ou até quinto e sexto) jogando confrontos eliminatórios para definir o terceiro promovido;
- dois rebaixados direto da A para a B, com o primeiro e segundo colocados da B subindo direto e o 18º da A e o terceiro da B jogando um confronto eliminatório para definir quem sobe (ou fica) na primeira divisão. Nesse modelo seriam apenas dois rebaixados diretamente.
A promoção entre as divisões será um tema que, pelas primeiras reuniões, dividirá os clubes signatários da Liga. Diminuir o número de rebaixados agrada a alguns, e desagrada a outros, principalmente os menores que costumam se revezar entre as séries. Como a discussão para formação da Liga está em fase embrionária, muitos projetos ainda entrarão em pauta, principalmente os que se referem a calendário e regulamento de competição. Os clubes devem se reunir novamente no fim de julho, em Brasília.
Hoje, o acesso e descenso são feitos de maneira direta: quatro times descem da A e quatro sobem da B anualmente. O formato é replicado para séries inferiores, a C e a D, e como a coluna mostrou essas divisões continuarão organizadas pela CBF, ou seja, precisará haver acordo entre a direção da Liga e a confederação brasileira para os trâmites de promoção e queda entre a segunda e terceira divisões.
O modelo de confrontos eliminatórios para definir acesso é usado, por exemplo, na Inglaterra. Um dos consultores do grupo de Zveiter é Rick Parry, ex-CEO da Premier League e atual presidente da EFL, a liga que organiza as divisões inglesas inferiores. Atualmente, os dois primeiros colocados da EFL Championship (Série B) sobem direto para a Premier League, a elite, mas do 3º ao 6º se enfrentam em confrontos eliminatórios, chamados por lá de playoffs, para decidir o terceiro promovido. O jogo decisivo, um confronto único, é tradicionalmente disputado no estádio de Wembley.
O formato, segundo a proposta, tornaria mais atraente a disputa pelo acesso e dependendo do regulamento abriria possibilidade de mais times brigarem para chegar à elite — se, por exemplo, os confrontos eliminatórios chegarem até o sexto colocado da divisão de acesso, como na Inglaterra.