A eleição do Vasco já acabou, o presidente Alexandre Campello e seus vices foram empossados, mas os resquícios da batalha política ainda correm pelos corredores de São Januário. A discussão agora é em torno do HD que contém as informações sobre a admissão dos sócios do clube, apreendido em agosto e que já tinha sido peça importante durante o pleito - em novembro, a perícia foi negada. Numa batalha judicial, o objeto ainda tem destino indefinido.
Os novos capítulos envolvem diretamente Campello e a antiga administração, de Eurico Miranda, que no dia da eleição o apoiou e teve papel decisivo na vitória. Em nome do Vasco, um escritório de advocacia que tinha procuração para representar o clube, segue se movimentando na justiça para que o HD retorne a São Januário.
Advogados do grupo político de Fernando Horta, que participou da eleição, estão acompanhando o caso e pretendem levá-lo até Brasília, na instância superior, já que acreditam que no HD existem provas de fraudes. O objetivo, segundo eles, não é a anulação da eleição, e sim responsabilizar civil ou criminalmente quem eventualmente tiver culpa e tentar excluir do quadro social cruz-maltino.
- A decisão do Desembargador é equivocada. Antes mesmo de esgotados os recursos cabíveis, autorizou a entrega do HD para membros da antiga administração do clube, os quais, hoje, não têm poderes para representar o Vasco perante o Judiciário. É, com certeza, um movimento da antiga administração que, ciente do conteúdo explosivo e das provas comprometedoras contidas no HD, tenta, no apagar das luzes, dar fim ao material apreendido. Mas vamos brigar até o fim para que o conteúdo do HD seja periciado, inclusive com a interposição de recurso contra essa nova decisão do Desembargador - disse Felipe Carregal Sztajnbok, advogado do autor da ação.
Campello afirmou que não pretende tentar travar uma eventual análise, garantiu que só agora conheceu o processo e que "nossos advogados" vão buscar o HD na próxima semana.
- Nós somos a favor da legalidade. E também temos interesse em dar andamento nessa questão do HD. Na segunda-feira, nossos advogados vão buscar esse HD. Importante que as pessoas entendam que estamos tomando ciência desse e de outros processos agora. Vamos fazer o que é de direito do Vasco - afirmou Campello ao GloboEsporte.com.
Porém, não terá tão simples buscar o HD, já que ainda existe a chance de o caso ir para instâncias superiores.
A cronologia do vai-não-vai do HD:
No dia 11 de dezembro, portanto ainda durante o mandato de Eurico Miranda, o Vasco, através do escritório de advocacia "C.Medeiros e Menezes", entrou com um requerimento para que o HD fosse entregue ao advogado do clube.
Na última quinta-feira, dia 25, o desembargador Jaime Dias Pinheiro Filho, da 12ª Câmara Cível, deferiu o pedido e determinou a entrega imediata do objeto ao Vasco. Apesar disso, a juíza Cristina de Araújo Goes Lajchter, da 17ª Câmara Cìvel, não autorizou a saída do objeto, que está em sua posse, lacrado. Ela argumentou que o HD faz parte de investigação criminal conduzida pelo Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos, e ainda determinou que Vasco, diante da mudança de sua diretoria, faça uma procuração atualizada para os advogados.
Diante da recusa, nesta sexta-feira, dia 26, portanto já na administração Alexandre Campello, o mesmo escritório "C.Medeiros e Menezes" fez nova petição em nome do Vasco para a que decisão da 17ª Câmara de entregar o HD fosse cumprida, e que a procuração dos advogados seja validada, visto que "não houve revogação do mandato".
Também nesta sexta, o desembargador Jaime Dias Pinheiro Filho ratificou sua determinação inicial e determinou a entrega imediata do HD ao advogado do clube: "Com urgência".
Os advogados que representam Fernando Horta avisaram que vão tentar a interposição desta nova decisão. E segue a saga do HD de São Januário.