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Novos estádios aumentam público, renda e lucros de clubes no Brasileiro

 Quem acompanha os jogos do Campeonato Brasileiro deve ter percebido que, desde a Copa das Confederações, o público aumentou bastante. O motivo para esse fenômeno é o uso dos novos estádios, construídos, em sua maioria, para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil.

Nas 15 primeiras rodadas da competição, essas novas arenas receberam, em média, mais do que duas vezes o público dos estádios antigos. A média de Arena Pernambuco, Fonte Nova, Mané Garrincha, Maracanã e Mineirão, somando ainda o Estádio Independência e a Arena Grêmio, inaugurados entre 2012 e 2013, mas que não estarão no Mundial, é de 24.448 pessoas. Enquanto isso, todos os outros estádios somados (25 no total) tem média de 10,476 expectadores. Em números absolutos, também existe um abismo. Em 44 jogos, 1,07 milhão de pessoas passaram pelas arquibancadas dos novos estádios. Nos antigos, em 101 jogos, foram 1,05 milhão de expectadores.

Rendas aumentam quase cinco vezes

O número de pessoas nas arquibancadas, porém, não é o principal avanço que o futebol verde-amarelo está vendo. Essas novas arenas são, também, muito mais lucrativas. A renda dos jogos, por exemplo, é 4,7 vezes maior (246 mil contra 1,17 milhão). Isso faz com as 17 maiores rendas do torneio, até agora, venham de novos estádios.

O duelo entre Santos e Flamengo, no dia 26 de maio, marcou a inaugurações oficial do estádio Mané Garrincha, em Brasília, e foi a despedida de Neymar do time paulista. Com público de 63.501 pessoas, rendeu R$ 6,9 milhões em bilheteria, recorde histórico do Campeonato Brasileiro. O segundo da lista é clássico Vasco e Flamengo, também em Brasília, com 61 mil pessoas e renda de R$ 4 milhões.

O Pacaembu, graças ao sucesso do Corinthians em atrair torcedores às arquibancadas, é o único estádio velho na lista das 26 maiores rendas do ano. Ele aparece pela primeira vez no 18º lugar, com o duelo entre Corinthians e Atlético-MG, no dia 14 de julho, com 32 mil pessoas e renda de R$ 1,15 milhão. O próximo estádio velho a aparecer é o Serra Dourada, com público de 31 mil pessoas e renda de R$ 815 mil em Goiás 1 x 1 Corinthians, no dia 29 de maio – o jogo é o 26º da lista.

Lucro com partidas sobe mais de cinco vezes

O item que mais subiu, no entanto, é o lucro que cada partida proporciona. Usando a renda líquida como base de comparação, as partidas nas novas arenas rendem, em média, R$ 693 mil. Nos outros estádios, esse número é mais de cinco vezes menor: R$ 131 mil.

Esse número surpreende, principalmente, porque é muito mais caro realizar uma partida em uma nova arena do que nos velhos estádios. A média de custos básicos dos sete novos estádios é de R$ 485 mil, contra R$ 114 dos antigos. Esses custos básicos envolvem gastos como pagamento de seguros, de pessoal e taxas burocráticas, como arbitragem, Federação e antidoping, além do aluguel do próprio estádio (cobrado na maioria das vezes).

Neste critério, Mané Garrincha é estádio mais lucrativo do país, com média de renda líquida de R$ 1,5 milhão. O Mineirão é o segundo, com R$ 819 mil. O Pacaembu (R$ 617 mil) aparece em quinto lugar, atrás ainda de Arena Grêmio (R$ 759 mil) e Maracanã (R$ 639 mil). O pior desempenho entre as novas arenas é do Independência, com média de renda líquida de R$ 231 mil. O estádio mineiro, porém, é menor do que os outros: tem capacidade de 23 mil lugares, contra 46 da Arena Pernambuco, o menor dos estádios da Copa.

Clubes comemoram aumentos

Entre os clubes, o uso das novas arenas virou motivo de comemoração. O Náutico, por exemplo, teve um aumento de 32% de público ao sair do Aflitos (média de 13.122 torcedores)  e passar a jogar na Arena Pernambuco (17.392). A renda líquida cresceu ainda mais, em quase 100%: passou de R$ 159mil para R$ 317 mil a cada partida.

O motivo para isso, é claro, são as facilidades que uma instalação moderna fornece.  "Nosso público teve um aumento grande. O valor arrecadado com a alimentação, por exemplo, subiu 40%, pois oferecemos muitos mais produtos e de maior qualidade. É uma lanchonete de cinema e temos muito mais pontos de venda. A satisfação do torcedor é muito maior atualmente e isso aumentou o nosso público", disse o diretor de futebol do time pernambucano, Alexandre Melo.

No Cruzeiro, a comemoração também é grande. O motivo é simples: durante a reforma do Mineirão, o time de jogar fora de Belo Horizonte por quase dois anos. Quando o estádio foi reinaugurado, a torcida azul aproveitou: enquanto a média dos quatro primeiro jogos foi de 14 mil pessoas no Independência e na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, no Mineirão o número subiu para 20 mil.

"O time ficou dois anos longe de Belo Horizonte e criou uma demanda reprimida muito forte. Além de o estádio ser uma novidade para todos,  o fato de essa demanda reprimida na cidade ter crescido impulsionou bastante nossas receitas. Isso sem contar a montagem do time, que foi muito boa. Temos um bom grupo de jogadores, que motivou a torcida a ir ao estádio", afirma Marcone Barbosa, diretor de marketing do Cruzeiro.

"Para o Cruzeiro, (a volta do Mineirão) tem sido muito positiva. Aumentamos nosso programa de sócio-torcedor e temos uma expectativa de faturamento na bilheteria de R$ 50 milhões para essa temporada", completa Barbosa. Até agora, o time soma, em oito jogos no Brasileiro, renda de R$ 6,7 milhões. Nas partidas no Mineirão, a média de sócios torcedores nas arquibancadas é de 10 mil, contra 6 mil nos jogos em outros estádios.

  
Arena Grêmio supera desconfiança inicial

No Grêmio, a sensação inicial foi de que seu novo estádio ficava devendo ao atrair público. A torcida chegou a reclamar do preço dos ingressos e, nos últimos jogos, foram feitas promoções para atrair novos torcedores. Os números, porém, mostram que a inauguração da Arena Grêmio está sendo muito benéfica para o clube.

A média de público no ano passado, quando o time ainda usava o Olímpico, era de 18.966. Neste ano, com a Arena, subiu para 22.461. Mesmo excluindo o Gre-Nal, a média ainda é superior (19.965) à de 2012. O problema é a comparação do público médio com a capacidade do estádio, de 60 mil lugares.

A Arena, porém, é lucrativa. A renda líquida é de R$ 759 mil e o custo fixo, um dos mais baixos nas novas arenas (R$ 164 mil). O estádio, porém, tem um dos menores custo/ torcedor do campeonato. A cada pessoa que entra na Arena, o Grêmio paga R$ 7,31 – como comparação, no Mané Garrincha esse índice é de R$ 33,18. Por causa disso, os responsáveis pela administração do local estão satisfeitos com os resultados até agora.

"Ainda não deu para fazer uma análise completa. Temos uma margem pequena de jogos. Mas já percebemos que a receita do clube aumento muito. Em números absolutos, nossa arrecadação é mais de duas vezes a antiga. E estamos apenas no oitavo mês de operação. Isso ainda vai aumentar, com certeza. Estamos aperfeiçoando muitas coisas, como acontece com qualquer empreendimento. Em dois anos vamos oferecer tudo o que podemos", analisa Eduardo Antonini, ex-presidente da Grêmio Empreendimentos, a empresa responsável pela gestão da Arena Grêmio.

No Rio, Maracanã é solução e problema

Nem tudo, porém, é perfeito no universo das novas arenas. E o Maracanã é o melhor exemplo disso. O estádio carioca tem média de quase 30 mil expectadores por jogo (29.595) e grande lucratividade. A empresa que gerencia o local, no entanto, tem custos altos para seu uso. No clássico entre Fluminense e Flamengo, pela 13ª rodada, por exemplo, a renda líquida do jogo foi de R$ 1,4 milhões, mas o Complexo Maracanã ficou com R$ 619 mil desse valor.

No único jogo do Flamengo como mandante no Maracanã, os custos fixos do estádio foram ainda maiores. A renda bruta foi de R$ 3 milhões, mas a líquida, de apenas R$ 1 milhão. Entre as retenções, o aluguel do estádio custou R$ 1 milhão, elevando para R$ 1,9 milhão o custo da partida. Por isso, a diretoria decidiu usar mais vezes o Mané Garrincha, em Brasília.

   
O estádio da capital federal tem as taxas mais caras (a média de custo fixo é de R$ 1,3 milhão), mas compensa no preço dos ingressos. Em média, cada torcedor paga R$ 70 por ingresso em Brasília, contra R$ 40 no Maracanã.

Quem não gosta muito dessa vida itinerante são os jogadores. Nas primeiras rodadas após a parada da Copa das Confederações, por exemplo, o elenco rubro-negro passou 45 dias longe do Rio de Janeiro. "O Maracanã é a casa do Flamengo e é claro que nós sempre queremos estar no Rio. Mas entendemos alguns compromissos e preferências da diretoria", disse o goleiro Felipe, que chegou a reclamar da rotina de viagens.

A situação, no entanto, é bem melhor com o Maracanã do que sem ele. Com o estádio em reforma e o Engenhão interditado, a capital ficou, durante boa parte do torneio, com só um estádio, São Januário, disponível para o torneio. Fluminense e Botafogo optaram por jogar em Volta Redonda e Macaé. E se arrependeram. Os sete jogos (incluindo um do próprio Vasco) realizados no interior deram prejuízo. O Flamengo viajou, jogando em Minas Gerais e Santa Catarina, além do Distrito Federal.

O uso de São Januário também não atenuou muito as coisas. Dos 13 jogos realizados no estado do Rio Janeiro no torneio, dez tiveram renda líquida negativa – três no estádio do Vasco. Nessas partidas, a média de público foi de 6.782 torcedores e a renda líquida de apenas R$ 6 mil.

Fonte: UOL Esporte
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