O ano de 2022 foi da garotada no Vasco. Comandados pelo talento de Andrey Santos, os jovens assumiram precocemente o protagonismo e conduziram o clube de volta à Série A. Três atletas de 18 anos terminaram a campanha com status de titulares, além de outros “veteranos” de vinte e poucos anos formados no clube. Um feito e tanto para quem iniciou a temporada desacreditado.
A base sempre foi um orgulho do Vasco, mas não foi bem no profissional no ano passado. Após o fracasso na Série B, virou senso comum que o elenco precisava ser cascudo, experiente, com alma de Série B em 2022.
Em baixa, jogadores como Ricardo Graça (Júbilo Iwata), Andrey (Coritiba), Lucão (Bragantino), Bruno Gomes (Inter), Galarza (Coritiba), Caio Lopes (Leganés), Tiago Reis (Botafogo-SP), MT (Santa Clara), Cayo Tenório (Azuris), Lucas Santos (Tombense), Vinícius Paiva (Ituano), entre outros menos badalados, deixaram o clube.
Coube a Andrey, Eguinaldo, Marlon Gomes e Figueiredo resgatarem o prestígio da garotada. Assumiram o protagonismo no presente e viraram esperança de um futuro melhor. Com personalidade, lideraram o Vasco rumo ao acesso. Ao lado do "veterano" Gabriel Pec, eles marcaram 18 dos 48 gols do Vasco nesta Série B. Quase 40%, portanto.
O curioso é que, com exceção de Pec, nenhum deles estava no elenco principal no início do ano. Andrey, Marlon e Figueiredo, por exemplo, disputaram a Copa São Paulo de Juniores em janeiro. Eguinaldo fazia parte do time sub-17. Os quatro renovaram seus vínculos com o Vasco neste ano.
Na coletiva de imprensa após a partida, Jorginho comentou sobre a importância da base para a temporada do Vasco.
"Esses jogadores, o que vejo, é que são extremamente profissionais, têm um coração bom, humilde para aprender e têm escutado, especialmente o Nenê, que é um exemplo de atleta", disse o treinador.
- Quando esses garotos olham para o Nenê, veem um grande ídolo que querem imitar. Se mantiverem o coração humilde, simples, tenho certeza a base do Vasco é muito importante. A gente conta muito com esses atletas - acrescentou.
Jogadores da base utilizados pelo Vasco em 2022:
Andrey é a joia da coroa. Assumiu a titularidade no início da Série B, então com 17 anos. A melhora do time foi imediata, e ele não saiu mais. Termina a competição como vice-artilheiro do Vasco, com oito gols e um assédio enorme do futebol europeu.
Eguinaldo e Marlon Gomes surgiram um pouco depois. Pinçados por Maurício Souza em julho, subiram para um período de treinos com os profissionais e não desceram mais. Não tardou para ambos conseguirem a titularidade e se firmarem, com jogos e gols importantes.
Veterano da turma, Figueiredo teve uma reviravolta na carreira, aos 21 anos. Ele teve oportunidades no ano passado, não foi bem e viu em xeque seu futuro no Vasco. Retornou ao sub-20 para disputar a Copinha e deslanchou. Foi artilheiro da competição, subiu para o time profissional e se firmou como titular ao longo da Série B.
Além das patadas de fora da área, que lhe renderam quatro golaços e o apelido de “Canhão da Colina”, tem se mostrado um jogador versátil, que já atuou como ponta, centroavante e até lateral-direito. Terminou a competição com quatro assistências e se tornou crucial na reta final.
- Só vive o propósito quem suporta o processo. Eu não estava bem no ano passado e desci para o sub-20 para jogar a Copinha... Tudo o que a gente viveu valeu apenas. Os momentos de sofrimento, de alegria e dificuldade valeram a pena. A gente que estava aqui no ano passado ganhou casca na Série B. Com certeza sairemos mais fortes para a sequência da nossa carreira - disse Figueiredo.
Gabriel Pec, de 21 anos, foi titular durante o início da campanha, com Zé Ricardo, mas perdeu a posição com as trocas de treinadores. Ainda assim foi importante em momentos decisivos da Série B. Foi fundamental, por exemplo, nas viradas sobre Operário e Criciúma, jogos que garantiram pontos precisos na reta final, além de ser titular no jogo do acesso, neste domingo.
- A gente se motiva juntos. Quando nos juntamos, não tem como não dá risadas. É uma alegria, um zoando o outro. Em campo trabalhamos sério, mas a nossa alegria acaba contagiando. É alegria com compromisso. E graças a Deus os crias foram fundamentais para o acesso - disse Pec.