Sem perder para o Vasco em estaduais desde 2002, o Botafogo entra, mais uma vez, como favorito no primeiro clássico do Campeonato Carioca, hoje, às 18h10m, no Maracanã. Apesar de ter 100% de aproveitamento, com maior número de gols marcados na competição (15), o favoritismo, em vez de ser festejado, é, até certo ponto rejeitado pelos alvinegros. Em especial pelo técnico Cuca, que considera esses elogios uma armadilha. Cuca sabe que o Vasco, com nove pontos e uma derrota na estréia para o Madureira, está em ascensão.
— O Botafogo derrotou o Resende por 2 a 0 e o Mesquita por 6 a 2. Já o Vasco venceu o Mesquita por 3 a 0 e o Resende por 5 a 2. Na soma, os dois times ganharam por 8 a 2. Está tudo igual, né? — afirmou o técnico, ontem, em General Severiano.
<b>Romário e Edmundo enfim se acertam</b>
O jogo deste sábado de carnaval, pela quinta rodada da Taça Guanabara, além de deixar o vencedor em situação confortável na luta por uma vaga na semifinal, completa 85 anos: desde 1923, foram 307 partidas, com 136 vitórias do Vasco, 79 derrotas e 92 empates. No último duelo, vitória do Vasco por 2 a 1, no Brasileiro de 2007, em 14 de outubro, no Maracanã. Nessa época, Alfredo Sampaio nem sonhava dirigir o Vasco. Ou melhor: sonhava, mas sem falsas ilusões. Hoje, em seu primeiro clássico, a esperança do auxiliar técnico, que estará à beira do campo — Romário cumpre suspensão —, é manter seu bom retrospecto diante dos grandes: — Olha, dirigindo América, Bangu e Madureira, sempre tive bons resultados contra Flamengo, Fluminense e Botafogo. Curiosamente, o Vasco foi o time que menos venci.
Alfredo Sampaio sabe que hoje a estratégia tem de ser diferente da que usava quando dirigia times pequenos, quando armava suas equipes para evitar sofrer gols.
— Não é que meus esquemas sejam fechados. Acredito que um time bem distribuído em campo no espaço certo pode levar vantagem diante de outro superior em algum aspecto.
Times técnicos e bem armados como o Botafogo gostam de espaços para tocar a bola e definir a jogada na entrada da área. É só você se preparar.
O Botafogo é um time mais perigoso, mais solto e mais vibrante, mas estamos melhorando — disse Alfredo Sampaio, de 49 anos.
Apesar dos elogios do treinador rival, Cuca considera que o Botafogo ainda tem muito o que melhorar: — A cobrança é constante. Vamos jogar contra um adversário forte.
Mesmo na derrota contra o Madureira, o Vasco mostrou qualidade, com um ótimo primeiro tempo.
Cuca tem feito verdadeira pregação para que o time não se acomode nunca em campo. Chegou a ficar irritado com o segundo tempo da equipe alvinegra contra o Mesquita, apesar da goleada de 6 a 2. O capitão Lúcio Flávio, porém, minimizou a preocupação de seu comandante.
— Contra o Mesquita, o jogo estava resolvido já no primeiro tempo. Mas em clássico há uma eletricidade diferente.
A atenção de todos será redobrada — afirmou, ressaltando que o lado direito do Vasco, com Morais e Wagner Diniz, merece vigilância total.
— Temos que conter suas ações.
Para alguns jogadores, será o primeiro clássico carioca no Maracanã.
No Vasco, o goleiro Tiago, o lateral Calisto e o atacante Alex Teixeira.
No Botafogo, a legião de estreantes é maior: o zagueiro Ferrero, o lateral Triguinho, o meia Zé Carlos, o atacante Wellington Paulista e o goleiro Castillo, que está ansioso para fazer sua primeira partida no Maracanã: — Tenho que estar muito atento, porque há jogadores no Vasco perigosos.
O Tiago (goleiro que fez um gol de pênalti e tem batido faltas no torneio) bate bem na bola.
Em São Januário, após muito disseme-disse, dois veteranos, enfim, se falaram. Romário conversou ontem com Edmundo no vestiário, na frente de todos, acenando com um discurso de pacificação.
Vasco: Tiago, Wagner Diniz, Jorge Luiz, Luizão e Calisto; Jonílson, Leandro Bomfim, Beto e Morais; Alan Kardec e Alex Teixeira. Botafogo: Castillo, Alessandro, Ferrero, Renato Silva e Triguinho; Diguinho, Túlio, Lúcio Flávio e Zé Carlos; Wellington Paulista e Jorge Henrique.
Juiz: Péricles Bassols.