- Essa reformulação que vamos fazer no Vasco é em função de que o que vale é o resultado final.
A frase de Eurico Miranda ao confirmar a saída de Jorginho resumiu o sentimento do presidente do Vasco em relação ao trabalho do treinador. O dirigente foi o principal apoiador do técnico em momentos de questionamento e cobrança, cumpriu sua palavra e o manteve até o fim da Série B. Mas era difícil permanecer por mais tempo.
No dia em que definiu sua saída, Jorginho não pôde se despedir dos jogadores. Fez elogios ao grupo na coletiva, mas não os encontrou pessoalmente. Quando chegou ao clube, muitos que faziam exames médicos já haviam ido embora. Outros resolviam trâmites burocráticos para a viagem aos Estados Unidos, onde o Vasco fará pré-temporada em 2017.
O saldo de Jorginho
Nos 15 meses em que ficou no comando da equipe, Jorginho viveu alguns dos momentos mais turbulentos da história do Vasco: a intensa briga contra o terceiro rebaixamento e a agonia de garantir o retorno à Série A. Neste intervalo, montou uma equipe competitiva, foi campeão carioca invicto e ficou 34 jogos sem perder. Mas foi esta a mesma base do time, na qual apostou até o fim, que já não apresentava os mesmos resultados. Afinal, qual foi o saldo de Jorginho?
Números de Jorginho no Vasco:
87 jogos
44 vitórias
24 empates
19 derrotas
O treinador deixa sua marca na história do clube com a série invicta e a conquista do Carioca, sempre importante para Eurico Miranda. Valorizou-se novamente neste período, embora a reta final da Série B tenha diminuído seu cacife no mercado. Ele sai de missão cumprida com o acesso à Primeira Divisão e um título no currículo, mas também é preciso analisar seu legado, algo menos tangível por números.
Ainda na época áurea, em que Martín Silva defendia tudo, Nenê fazia jogadas geniais, e o Vasco não sabia o que era perder, já havia alerta: o time não dava sinais de coesão. Em muitas vezes, dependia de seus craques para resolver partidas. Quando eles passaram a decidir com menor frequência, as fragilidades ficaram expostas: não havia opções.
Uma exceção chamada Douglas
Ainda na luta contra o rebaixamento em 2015, Jorginho achou um time. Com ele, foi campeão carioca. Mas não buscou alternativas. A torcida perdeu a paciência com insistências em Jorge Henrique, Madson, Diguinho, Julio Cesar. O treinador virou "refém" daqueles que o ajudaram em outros momentos. Quando precisou, alternou diversos nomes sem nunca conseguir a resposta de que precisava. O volante William, por exemplo, chegou a ser considerado fora dos planos, mas logo depois engatou sequência como titular.
Por outro lado, Jorginho promoveu promissora leva da base, mas excedeu na cautela com os meninos. A exceção foi Douglas. O volante, que nem era dos mais badalados, aproveitou a oportunidade de cara, como nenhum outro menino fez. E aí, mérito de Jorginho, não saiu mais do time para virar peça-chave. Outros, que não deram resposta tão imediata, careceram de mais chances: Evander, Mateus Pet, Caio Monteiro e Alan Cardoso são os melhores exemplos.
Com a queda de rendimento geral da equipe, Jorginho se viu sem alternativas na reta final. Claramente não tinha tanta confiança em outros nomes do elenco, o que gerou um revezamento no time titular que desagradou jogadores e não deu resultado em campo. Os esquemas variaram, as escolhas também, mas a produção estagnou.
É assim que Jorginho encerra esta passagem pelo Vasco. Para seu sucessor, deixa poucas conclusões. Apostou em Douglas, conquistou o Carioca, mas exauriu um esquema de jogo e não conseguiu achar muitas soluções para 2017. Esta será uma tarefa para o próximo técnico do Vasco.