Eis que no roteiro escrito em folhas borradas com suor e lágrimas, o Vasco entrega a seus torcedores inesperado protagonismo.
Neste domingo, nenhum outro jogo tem o mesmo apelo e importância do confronto com o Ituano, no Novelli Junior, em Itu, pela última rodada da Série B.
Vitória ou empate vale a volta à divisão de cima.
Derrota, mais um ano entre os de menor expressão.
Como na disputa por pontos corridos quase não há confrontos diretos no jogo derradeiro, a "Batalha de Itu" nos vende a emoção de "finalíssima.
Sei que os vascaínos estão com o coração na boca.
Em parte, porque reconhecem que o time dirigido por Jorginho não tem desempenho para vender confiança.
E também por ser difícil crer no sucesso de um projeto esportivo cheio de falhas desde a concepção.
Mas sob o ponto de vista técnico e tático, o confronto é tão difícil para o Vasco quanto para o Ituano.
A diferença, talvez, esteja na complexidade emocional gerada pela ansiedade que cresce de acordo com o nível das cobranças.
E por isso os cariocas chegaram à cidade quatro dias antes do jogo.
Graças à sua trajetória no turno, o Vasco tem hoje dois pontos a mais do que o bom time treinado por Carlos Pimentel.
O ex-preparador-físico contratado pela empresa que terceiriza o futebol do Ituano em 2019 vinha de passagens pelo Kashiwa Reysol e Vissel Kobe, do Japão.
Em 2021, ele foi promovido a técnico-adjunto de Mazolla Júnior e em agosto assumiu o time.
Rateou nas cinco rodadas finais do turno, mas fez a melhor campanha do returno, com ótimo desempenho em casa: oito vitórias e uma derrota em 12 jogos.
O adversário do Vasco, apesar do melhor momento, não é um time de imposição. O que talvez exigisse de Jorginho a escalação de um time mais maduro.
A presença de três jogadores de 18 anos na formação titular (Andrey, Marlon Gomes e Eguinaldo), ainda que talentosos, traz riscos ao sistema defensivo.
Porque o Ituano não perde como mandante há onze rodadas.
Portanto, quanto mais experiente for "o onze" que estiver em campo, mais chances o Vasco terá de impor o ritmo do jogo.
Desde que, é claro, seja um time competitivo.
Jorginho errou ao mudar a escalação inicial dos dois últimos jogos, ambos em São Januário.
E agora tem a oportunidade de se redimir.
Ao torcedor, sugiro imaginar que se trata de um "mata-mata" final, decisão de título contra o Ituano, em Itu.
E com o Vasco precisando do empate para voltar à Série A.
Ou seja: na cidade famosa por ter diversos objetos de tamanho exagerado, é dia de os vascaínos mostrarem que o clube é "gigante"...