Dorival Júnior foi mais uma vítima da inoperância de uma diretoria que, a cada dia, parece mais empenhada em afundar o Vasco. É claro que o técnico teve sua parcela de responsabilidade no que vem acontecendo. Como todos os outros, está sujeito a erros e acertos. Quando é obrigado a decidir sob pressão, o risco é muito maior. Mas não dá para acreditar que a substituição, a sete rodadas do fim, era a melhor solução.
É, em primeiro lugar, mais uma demonstração de fraqueza da administração Roberto Dinamite, que, apesar dos vexames no Estadual, não se mexeu para montar uma equipe competitiva para o Brasileiro. Preferiu investir nos gabinetes, contratando Ricardo Gomes, René Simões e Cristiano Kohler. O Vasco das primeiras rodadas do Brasileiro era pior do que o Náutico. Só começou a virar um time com a chegada de jogadores como Juninho, Willie, Fagner, Rafael Vaz, Cris e Guiñazu, entre outros. Alguns deram certo, outros não, outros sequer conseguiram jogar. Mas como conseguir montar um time dentro de um campeonato difícil como o Brasileiro sem ter tempo para treinar? Jogando a cada três dias?
A demissão serve também para aplacar momentaneamente a fúria de torcedores, conselheiros e amigos. E dá aos dirigentes alguns dias um pouco menos turbulentos. O custo da multa rescisória não chega a ser um problema. Se a direção atual não conseguir pagar, rola a dívida para o próximo presidente. O clube que se vire no futuro. E o técnico que se vire para tentar receber.
Mas vejam o tamanho do desafio de Adilson Batista, o novo comandante. Em 31 rodadas neste Brasileiro, o time conquistou 33 pontos, com um aproveitamento de 35%. Para chegar aos 47 pontos, que, segundo os matemáticos, é o porto seguro para quem quer se manter na Série A, a equipe precisará somar 14 pontos em sete jogos. Ou seja: precisa de um aproveitamento de 67% dos pontos daqui para frente. Só o Cruzeiro conseguiu atingir este patamar até agora.
O desafio, portanto, é este: transformar o Vasco no Cruzeiro em sete jogos. Boa sorte, Adilson.