Na manhã seguinte ao empate sem gols entre ABC e Vasco, conversei com o técnico vascaíno, Ricardo Gomes, antes de rumarmos para o aeroporto de Natal. Com a experiência de quem atuou por muitos anos na Europa, jogando e treinando equipes de futebol, o ex-zagueiro revelado pelo Fluminense acredita que, em geral, o jogadores em atividade no Brasil precisam amadurecer taticamente.
\"A defesa não sobe quando o time ataca, ficam enormes espaços e os volantes têm que correr mais. Há casos em que existe um esforço além do necessário\", ressalta. É fato. A ausência de um maior agrupamento entre os setores dos times, uma aproximação mais constante entre atletas de diferentes posições, cria situações nas quais volantes precisam correr mais e zagueiro acabam mais expostos.
No jogo da noite de quarta-feira, ficou evidente o afastamento de Bernardo e Diego Souza, os dois integrantes da meia-cancha que deveriam atuar na armação, em relação aos volantes. A dupla estava muito mais próxima dos atacantes Alecsandro e Éder Luís. Então, como fazer para a bola chegar lá na frente? \"Disse isso a eles no intervalo\", conta Ricardo Gomes, que cobrou, sem sucesso, nova postura.
Na partida diante do ABC, o técnico não teve problemas apenas ali. Sem Felipe, ninguém se apresentou para articular, assumir a função do homem que dita o ritmo da equipe e tem o passe especial. O cenário piorou com a saída de Eduardo Costa, antes da primeira meia hora. Criticado por muitos, ele é o volante mais importante no Vasco de hoje. \"Se fosse mais veloz, jogaria pela seleção\", analisa o técnico.
Os laterais titulares também voltaram a desfalcar a equipe. Com o improvisado Allan pela direita e nas esquerda Márcio Careca acuado pelo impetuoso Pio, sempre no seu setor, as jogadas pelos flancos não saiam. \"Vejo times europeus que mantêm a postura tática durante 90 minutos, os jogadores não terminam extenuados, não correm além do necessário\", insiste Ricardo.
Passar isso aos jovens jogadores do Vasco é o seu desafio.