Futebol

Opinião: "Cristóvão e o ovo de Colombo"

Após a desastrosa derrota do último domingo, a torcida vascaína parece ter esquecido um pouco o drama de Ricardo Gomes para ensaiar, já não tão timidamente, uma cobrança quanto à substituição de seu técnico. Contra o Ceará, o time apresentou um padrão de jogo, venceu bem e associou a vitória a um \"apoio moral dedicado a Ricardo Gomes\". Até que veio o último colocado do campeonato, atropelou o Vasco (e por que, quando perdemos, só perdemos feio daquele jeito?) e fez todo mundo perguntar se o \"apoio moral\" esgotou-se em si mesmo.

Cientes de que Ricardo se recupera bem, porém lentamente, sendo praticamente descartada a hipótese de ele reassumir o time este ano (quiçá no próximo), torcedores se perguntam se Cristóvão deve ou não ser efetuado ou mantido. Um receio peculiar, natural, mediante o mau resultado da última rodada.

Analisando friamente os fatos, é bom recordar que a mesma parcela da torcida \"insatisfeita\" com Cristóvão desde o domingo passado é a que o aplaudiu na semana passada, quando venceu bem o Ceará. É a mesma, também, que só passou a admitir as qualidades de Ricardo Gomes depois de vê-lo sob cuidados médicos, porque, antes disso, também o queria longe do comando do clube. Mas tudo bem: torcedor é assim mesmo, ninguém é dono da verdade, nenhum analista tem a palavra derradeira, nenhum torcedor está isento de suas idiossincrasias. E tem mais: se existisse realmente alguma unanimidade no futebol, o treinador da seleção - em tese, o melhor e mais entendido do assunto - nunca seria questionado em suas escolhas. Por aí já se vê que Mãe Dinah só dá certo de vez em quando e ninguém é perfeito em nada.

Muito mais do que imaginar um \"mega-ultra-poli-pluri-treinador\" para comandar o Vasco, é preciso entender a química da atual comissão técnica com o atual elenco. Se há uma integração entre as partes, qualquer mudança radical seria como descolar duas folhas de papel: rasgo inevitável! No caso do Vasco, é notório que o fruto do trabalho de Ricardo foi integrar elenco e comissão, criar uma filosofia já assimilada e já familiarizada (literalmente) pelo grupo. Ricardo descobriu \"o ovo de Colombo\" quando não inventou, não arrojou nem arriscou mais do que o permitido: tão somente injetou confiança e brilhantismo nos jogadores que já estavam e mesclou a eles a maturidade dos que depois chegaram. Cristóvão pode até ter errado nas substituições (e muitos até citaram a frase recente de Luxemburgo, dizendo que não se substitui todos os medalhões de uma time senão o rival perde o respeito), mas é muito, muito cedo para criticá-lo ou apostar em uma substituição nesse comando. A meu ver, isso não faz o menor sentido. É, no mínimo, precipitado. Os mais experientes treinadores também erram; Luxemburgo criou o bordão, mas também erra; Felipão tem errado muito; o craque Falcão amarrotou o terno no comando do colorado gaúcho; \"Papai Joel\" está penando; Tite é todo atrapalhado desde os gramados até as entrevistas; o próprio Ricardo Gomes errava ... e aí?! Cristóvão seria diferente?! \"Não-humano\"?!

Pelo momento emocional do grupo, abalado mas confiante na recuperação de seu líder, não vejo nenhuma opção melhor para o Vasco do que prestigiar o auxiliar Cristóvão na função. Sem fisiologismos nem condolências desnecessárias, mas efetivamente porque o grupo sente em Cristóvão a presença do próprio Ricardo. E Cristovão, por sua vez, parece imbuído dessa necessidade de representar dignamente seu tutor, substituí-lo à altura, corroborado pela unidade do grupo.

Luxemburgo errou, Felipão errou; Joel, Falcão, Tite, Ricardo e Cristóvão erraram. Pode ser que Hélio Ricardo erre também. Mas tem certos tipos de erro que a precipitação e o juízo afobado não evitam. Duas rodadas são muito pouca coisa para se ter tanta certeza de que mudar é o melhor caminho.

O Vasco já tombara feio, em condições semelhantes, para Cruzeiro, Botafogo e Palmeiras. Sem Cristóvão à frente. Ou seja, o problema não é ele.

Até que se prove o contrário, o ovo de Colombo ainda está de pé!

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Fonte: SRZD - Sidney Rezende
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