Sob o comando de Dorival Jr, o Vasco disputou 87 pontos, conquistando apenas 35 deles, o que dá um rendimento de pouco mais de 40%. Se lembrarmos que das nove vitórias conseguidas, três foram pela Copa do Brasil (duas contra o modesto Nacional-AM e uma, inútil, sobre o Goiás), fica impossível defender o desempenho do treinador em sua segunda passagem pelo clube.
Mas a escassez de vitórias não é tudo. Ao longo desses quase três meses e meio, Dorival Jr. também não conseguiu dar um padrão tático definido ao time ou mesmo fazer com que a torcida soubesse qual é o time titular do Vasco. A culpa, claro, não é sua exclusivamente: o elenco está longe de ser uma maravilha, muitas derrotas vieram por falhas individuais inaceitáveis para jogadores profissionais e não faltaram também problemas extracampo (atrasos salariais, contusões, suspensões e perdas de mando de campo, etc). Por isso é preciso relativizar os resultados do seu trabalho.
Mas ainda assim, há o que se questionar. Foram raras as vezes em que o time jogou de forma convincente, seja nas poucas vitórias ou mesmo nos empates e derrotas. Tirando algumas partidas logo após a diretoria acertar os atrasados, Dorival não foi capaz de fazer com que seus comandados fizessem boas apresentações (excessão que podemos considerar a respeito do Pedro Ken, que só passou a ter alguma regularidade com o Dorival). A insistência com certos jogadores que não conseguiam render bem, o limbo em que deixou outros e até problemas básicos com fundamentos, como passes, cruzamentos e finalizações – que não parecem ter sido treinados na quantidade necessária – foram pontos que prejudicaram muito a atuação do time. Nessas questões, não há outro a responsabilizar além do treinador.
A série de insucessos do Dorival tornaram sua permanência no cargo insustentável. Mas se me perguntarem se isso era o ideal a se fazer, continuo achando que não. Quem quer que assuma essa complicada missão terá sete jogos para conhecer o grupo, aplicar sua filosofia de trabalho, motivar os jogadores e tudo isso sem contar com uma margem de erro. Nessas condições, fazer o time não apenas voltar a vencer, mas ter pela primeira vez no campeonato uma série de vitórias, não me parece a missão para um técnico, e sim para um gênio. E talvez um gênio das estratégias não seja o bastante. Melhor encontrar um dentro de uma lâmpada.
Vale lembrar: em 2008 a mudança de técnico foi feita bem antes, agradou a maioria da torcida e não adiantou nada.
Um novo técnico, mesmo sem conseguir mudar muita coisa no curto prazo, já modifica o ambiente de um time. Pelo menos serve como motivação para os jogadores preteridos pelo treinador anterior, que passam a querer mostrar serviço.
Mas como falei acima, o problema é bem mais complexo. E, apesar de ser apenas uma especulação, me pergunto se Adilson Batista é o homem certo para o momento do time.
Update: Adilson Batista foi confirmado. Que ele faça um bom trabalho e tenha sorte. Precisará dela.