A Federação Paulista de Futebol acabou de anunciar os locais das finais do Campeonato Paulista. A grande e maior surpresa é a manutenção do Parque Antártica como local do segundo jogo da final, apesar do gás no vestiário tricolor - que a diretoria palmeirense chamou de "factóide" - e da queda de luz em todo o estádio nos minutos finais da partida.
Tutty Vasques, em sua coluna no site do Estadão, brincou com a história toda. Escreveu que Eurico Miranda está arrasado por não ter pensado primeiro em jogar gás no vestiário do adversário. "Teme que o considerem ultrapassado no futebol." Pois bem, e se a coisa toda tivesse acontecido em São Januário, em uma semifinal de Campeonato Carioca, contra o Flamengo? Claro, em uma hipotética situação em que o tradicional palco de tais decisões, o Maracanã, estivesse em uma de suas infindáveis reformas suspeitas.
É fácil prever o barulho que seria feito - e com razão - por toda a imprensa. Mas, por algum motivo, aqui em São Paulo muita gente boa está silenciando para o que se passou no Palestra, algo digno de Euricão em seus piores momentos. Para tornar tudo mais amador, no lugar de apurar tudo de forma exemplar, a diretoria palmeirense lembrou a farsa protagonizada por Bosco ano passado, quando simulou ter sido atingido por um objeto e caiu em campo e afirmou se tratar de mais uma confusão criada pelos tricolores. Luxemburgo chegou a "não-afirmar" que o episódio no vestiário teria sido armado pelos são-paulinos.
Há duas teorias plausíveis para a aquiescência da imprensa. A primeira é uma suposta bronca com o São Paulo, que vem ganhando tudo nos últimos anos. Tradicionalmente arrogante, a imprensa estaria aproveitando para se vingar das bravatas de Marcos Aurélio Cunha e do mau-humor do técnico Muricy fazendo vistas grossas para o que se passou no estádio palmeirense.
Ou esta mesma parcela da imprensa estaria pegando leve com a atual administração palmeirense, supostamente moderna, que tem entre seus membros Gonzaga Belluzzo, visto como um dirigente correto. Dessa forma, o que aconteceu no domigo seria apenas um desvio de rota dessa turma.
Pois é assim que a imprensa esportiva cai em descrédito dia após dia. Faz algum tempo que vários boçais que não entendem patavinas de jornalismo andam repetindo como papagaios que "ser imparcial é impossível". É muito difícil sim ser imparcial e isento. Mas não quer dizer que os jornalistas devam simplesmente desistir de tentar. Apurar todos os lados e apertar a diretoria palmeirense e a federação paulista é obrigação neste momento. Caso contrário o apagão será bem pior que o visto no Palestra. Será um apagão moral, e com o apoio da imprensa.