Ídolos dentro de campo, mas desprestigiados fora dele. A atual situação de Roberto Dinamite frente à presidência do Vasco é justamente o ponto crucial de uma relação ídolo e torcida que jamais deveria ter sido posta à prova. Imaginemos: será que o torcedor santista já se imaginou xingando Pelé caso o Rei fosse o treinador do Santos no primeiro turno do Campeonato Brasileiro dessa temporada? E o corintiano, já pensou em Sócrates como o presidente que comandou o clube no rebaixamento? Pois bem, até que o ponto o ídolo é realmente eterno?
É inegável que Roberto Dinamite é o maior jogador na história do Vasco da Gama. Porém, agora, todas as suas glórias vestindo a camisa cruzmaltina podem perder espaço para a possível - quase decretada - queda do clube carioca para a Série B. Dinamite, que até meses atrás estava blindado, vem se tornando cada vez mais o alvo de xingamentos e acusações da torcida vascaína. Graças a que? Graças ao seu sentimento e desejo de ajudar o time de seu coração a se ver longe de Eurico Miranda. O que era para ser salvação está prestes a se tornar pesadelo e o mocinho a um passo de se transformar em vilão.
Infelizmente a grande maioria dos torcedores de futebol se deixa levar pelo momento, ou seja, fecham os olhos para o passado e visam somente o presente. É realmente válido para um ex-atleta que marcou história defendendo determinado clube se arriscar a presidi-lo ou treiná-lo? Ontem, Dinamite era ídolo, hoje, é burro. Pelé, Sócrates, Ademir da Guia, Zico e tantos outros ícones do futebol tupiniquim, será que estes merecem vivenciar esse outro lado da moeda? Pelé, Ademir da Guia e Zico (este, apesar de treinador) rejeitaram essa possibilidade.